Apneia prejudica o sono e afeta qualidade de vida a longo prazo

A apneia noturna faz o paciente ter interrupções na respiração enquanto dorme. Diagnóstico pode ser feito com polissonografia via app

Pesquisadores da Universidade de Flinders desenvolveram um novo spray nasal que combate a apneia do sono. O spray promete aumentar o tônus da musculatura da garganta, impedindo que ela se feche durante a noite, principal causa da doença.

Mas o que é apneia noturna e quais são os possíveis tratamentos?

“No caso da apneia obstrutiva do sono, o que acontece é que a garganta do ser humano é estreita. Quando o paciente dorme, relaxa a musculatura, e aí tem-se então uma apneia obstrutiva, porque existe uma obstrução da garganta. A pessoa tenta respirar e não consegue”, diz Geraldo Lorenzi Filho, professor de Pneumologia da Faculdade de Medicina da USP e diretor do Laboratório do Sono do Instituto do Coração.

Segundo ele, a doença é caracterizada por um quadro recorrente: cada vez que o paciente dorme, a garganta fecha e ocorre um microdespertar. “Então, o paciente acorda, volta a respirar e volta a dormir até ter novamente a apneia”.

A doença também está relacionada com o ronco. Contudo, apenas o roncar não causa apneia; os roncos devem ser irregulares e causar interrupções periódicas do fluxo respiratório.

Como é feito o diagnóstico?

Despertares recorrentes durante a noite,  a sensação de “já acordar cansado” e sonolência durante o dia são os sinais mais comums do quadro. Diante disso,  e vale a pena buscar um diagnóstico.

“O diagnóstico clássico é feito com exame no laboratório do sono, a polissonografia, que é o registro de vários canais durante a noite, com uso de eletrodos. No entanto, temos formas simplificadas de diagnóstico que podem ser feitas inclusive em casa”, diz  Lorenzi Filho.

Uma delas é o exame Biologix, que o especialista ajudou a desenvolver. “Você baixa o aplicativo no celular, leva um equipamento para casa e tem um exame de alta acurácia para diagnóstico de apneia do sono”.

Tratamentos diversos

Há vários tratamentos disponíveis para o problema. Para impedir o fechamento da garganta, o paciente pode usar uma placa de avanço mandibular, feito por um dentista, além de remédios que aumentam o tônus muscular, como é o caso do novo spray australiano.

Outra opção é usar um marca-passo na língua, nos casos em que é ela que obstrui a garganta, e até mesmo dormir de lado pode reduzir a apneia.

Nos casos mais graves, o paciente precisa dormir com uma máscara de pressão de ar positiva para conseguir respirar.

Mas, muitas vezes, o tratamento é simples, envolvendo exercícios de fonoaudiologia para aumentar o tônus da musculatura dilatadora da garganta.

“A perda de peso também pode ajudar: cada 10% do peso que a gente perde melhora a apneia em 30% por causa da deposição de gordura no pescoço e na garganta,” completa Lorenzi Filho.

Consequências

É importante buscar o diagnóstico e o tratamento adequados, pois noites maldormidas trazem malefícios para a saúde física e psicológica.

Álvaro Cabral Araújo, doutor em Neurociências e comportamento pela USP,  cita algumas consequências nesse sentido.  “Existem estudos mostrando que a falta de sono pode progredir para uma certa disfunção cognitiva. Pode-se observar um aumento de risco de acidentes, por exemplo, a pessoa que está um pouco mais sonolenta está mais sujeita a sofrer acidentes com veículos motorizados”.

Fonte: Jornal da USP

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