Os Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) constituem uma categoria mais do que consolidada no Brasil. Os analgésicos, antitérmicos, antigripais, antialérgicos estão entre os mais procurados e consumidos no País, seja para fazer parte da farmacinha caseira ou para uma necessidade imediata.
Hoje em dia, o que se defende é a automedicação responsável com foco no autocuidado e no tratamento de males menores. Segundo o vice-presidente de Mercado do Laboratório Cristália, Vlademir Carvalho, ao olhar as top 10 marcas em faturamento no mercado brasileiro de MIPs, seis delas estão ligadas à categoria de dor e gripe.
“Essas categorias tendem a se manter entre as mais demandadas, mas não tenho dúvida de que teremos outras que vão ganhar destaque nos próximos anos. Daria destaque a produtos para a população acima de 65 anos idade, com medicamentos voltados para mobilidade e cognição”, comenta.
Ele destaca que, cada vez mais, a regulação dos MIPs vem sendo tratada de forma mais robusta e criteriosa pela agência regulatória.
Por outro lado, a indústria também vem investindo de maneira contínua para colocar no mercado produtos com uma eficácia consistente. E, por fim, há também um consumidor cada vez mais conectado e informado sobre a eficácia das soluções disponíveis no mercado. “A combinação desses três fatores faz com que aconteça uma evolução importante desse segmento”, diz.
Vale destacar que o mercado brasileiro de MIPs está crescendo consistentemente. “Nos últimos quatro anos, houve uma evolução acima de dois dígitos e, particularmente em 2022, um desempenho ainda mais expressivo, superior a 18%, na comparação com 2021, principalmente nos maiores segmentos, que são vitaminas, gripes, resfriados e alergia”, diz a diretora comercial e de marketing da unidade de negócios de Marcas da EMS – responsável pela estrutura da área de Over The Counter (OTC), Cinthia Ribeiro.
Ela conta que o Brasil está entre os países com maior mercado consumidor de MIPs. “Os brasileiros incorporaram esses produtos à sua rotina, especialmente após o período da pandemia. Alguns dos motivos que explicam este hábito estão ligados ao fato de o consumidor estar mais atento e preocupado com a própria saúde e focado no autocuidado e ao fortalecimento das farmácias como hubs de solução de atenção primária”, afirma.
Cinthia destaca que os MIPs são todos aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e, junto com as regulamentações impostas, existe também o papel e a responsabilidade da própria indústria farmacêutica.
“Nesse segmento de autocuidado, cabe a ela educar o consumidor sobre doenças, sobre os produtos que fabrica e sobre quais os seus benefícios, além de informar como devem ser utilizados, visando prestar o melhor serviço possível. O autocuidado responsável é benéfico à população, amplia o acesso à informação e colabora para tratamentos eficientes”, comenta.
Tendências e investimentos
O mercado de MIPs vem apresentando uma tendência – global e local – de se voltar para produtos mais focados em prevenção, devido às mudanças no comportamento e hábitos adquiridos pela população durante a pandemia e que devem permanecer pós-Covid.
“A preocupação dos consumidores em aumentar a imunidade, em estarem mais protegidos contra as doenças e cuidarem mais de perto da própria saúde está sendo cada vez mais incorporada. Formatar esse novo mercado será um desafio ao setor de saúde como um todo e pode representar um grande ganho de qualidade de vida aos consumidores brasileiros”, avalia Cinthia.
Ela destaca que, atualmente, os investimentos em MIPs estão concentrados nas principais categorias de produtos, como os analgésicos, antigripais e resfriados, e também vitaminas. “Em termos de marketing, os aportes estão, em grande parte, destinados à mídia de massa, mas também vemos muitas indústrias farmacêuticas migrando seus investimentos para os meios digitais, tentando desenvolver uma forma cada vez mais eficiente e direta de falar com o consumidor”, diz.
O autocuidado pode melhorar o bem-estar, prevenir e reduzir doenças, além de restaurar a saúde. “Acreditamos que capacitar os indivíduos, a comunidade e os profissionais de saúde para promoverem e praticarem o autocuidado levará as pessoas de todo o mundo a serem mais saudáveis. Isso, por sua vez, contribuirá significativamente para sistemas de saúde mais sustentáveis”, diz o diretor comercial de Consumer Healthcare na Sanofi, Sílvio Silva.
Ele considera que a educação e disseminação de informações são fundamentais nesse processo, empoderando os consumidores e pacientes na compreensão de benefícios do autocuidado e na capacidade de exercê-lo.