O aumento da prescrição de medicamentos Genéricos

Seja pela classe médica, pelos padrões de qualidade ou pela rigorosidade dos testes, é fato que os genéricos crescem em confiança. Entretanto, ainda há muito potencial para que esses medicamentos ganhem cada vez mais relevância no País. Qual sua opinião sobre o assunto?

Os medicamentos genéricos estão conquistando a preferência dos médicos brasileiros, segundo aponta um estudo realizado pela Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (Pró Genéricos) com base nos dados do Close-Up, que analisa o receituário de medicamentos apresentados nos balcões das farmácias no País.

O levantamento mostra que os genéricos constituíram o segmento que mais cresceu nas prescrições médicas nos últimos cinco anos. De um total de 439,6 milhões de receitas auditadas, os genéricos registram avanço de 116,58% desde 2013 até 2016.

No mesmo período, a prescrição dos similares cresceu 84,4% e o receituário com medicamentos de referência avançou 48,29%. Em 2013, os genéricos representavam 27,5% das receitas apresentadas nas farmácias brasileiras; número que saltou para 31,8% em 2016.

No acumulado dos últimos 12 meses encerrados em julho 2017, os genéricos responderam por 33,38% dos receituários. A presidente da Pró Genéricos, Telma Salles, mostra números ainda mais recentes que comprovam essa tendência.

“Entre fevereiro de 2015 e fevereiro de 2018, as prescrições de genéricos avançaram 62,27%. Os genéricos foram os campeões de crescimento em receituário. Hoje 1/3 das receitas emitidas no País têm o genérico como primeira indicação”, sinaliza.

Outros dados, fornecidos pela Neo Química, mostram que em torno de 98% dos médicos já recomendam genéricos em classes terapêuticas relevantes, como antibióticos ou analgésicos.

Porém, além do médico, o farmacêutico também desempenha um papel importante para indústria e o avanço do setor. “Muitas vezes, é esse profissional que esclarece o consumidor sobre as opções existentes nos mercados de genéricos e similares, e que podem substituir os medicamentos de referência”, comenta a diretora de marketing de Neo Química, Jurema Aguiar.

Acompanhe, a seguir, os principais elementos que comprovam a credibilidade dos genéricos no mercado.

APROVAÇÃO DA CLASSE MÉDICA: a classe médica tem sido, de fato, grande impulsionadora dos medicamentos genéricos. “Os profissionais de saúde sabem que os genéricos são seguros e confiáveis e têm ampliado a prescrição. Os médicos entenderam que, ao receitar um genérico, estão indicando uma alternativa segura para que os pacientes possam seguir com seus tratamentos, mesmo em cenários de maior dificuldade econômica”, conclui Telma.

PADRÕES DE QUALIDADE GLOBAIS: a executiva da Pró Genéricos reforça, ainda, que o Brasil tem uma das melhores legislações do mundo na área de genéricos. Portanto, entre os médicos que não prescrevem genéricos, ou entre os consumidores, não há o que temer.

“Usamos os mesmos padrões adotados em mercados como Estados Unidos e Europa. Os controles adotados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) são rigorosos. Não há fundamento para desconfianças”, frisa, complementando, inclusive, que os genéricos produzidos no Brasil são exportados, incluindo para os chamados “grandes mercados”, e que muitos dos fabricantes de medicamentos de referência também atuam no mercado de genéricos.

EFICÁCIA ATESTADA NO MUNDO: segundo lembra o diretor de marketing e Inteligência de Mercado da Sandoz, Guilherme Barsaglini, a confiança nos genéricos pode ser atestada pela alta aceitação de mercados internacionais de países desenvolvidos.

Na Europa, por exemplo, eles respondem por 70% do mercado farmacêutico; nos Estados Unidos, 75%; e, no Canadá, 90%. Já no Brasil, a compra de medicamentos genéricos corresponde a 30%. “Esses dados demonstram a grande oportunidade de crescimento do segmento no País”, pondera.

TESTES RIGOROSOS: os medicamentos genéricos passam pelos mesmos testes de controle de qualidade que os de referência, garantindo que o paciente não tem nada a perder, conforme afirma o gerente de marketing da Prati-Donaduzzi, Lucas Angnes. “Quanto mais a população tiver conhecimento sobre essa informação, maior será a adesão aos genéricos”, destaca.

O executivo da Sandoz comenta que, de acordo com as exigências regulatórias, a companhia realiza, para produtos genéricos, os testes de equivalência farmacêutica, que comprovam a quantidade correta de princípio ativo no medicamento; de perfil de dissolução, que simula a disponibilização do fármaco no organismo; e o teste de bioequivalência, que atesta a biodisponibilidade comparativa entre dois ou mais medicamentos.

“A Sandoz assegura a mais alta qualidade dos medicamentos produzidos pela empresa, que segue o mesmo nível de qualidade dos produtos comercializados na Europa, nos Estados Unidos e no Canadá”, garante.

CRESCENTE USO EM DOENÇAS CRÔNICAS: outra prova da eficácia dos genéricos é que a maior parte das vendas está centrada em medicamentos para tratamentos de doenças crônicas. “Nenhum consumidor continuaria tomando um medicamento que não faz efeito. Esta é a evidência mais importante que devemos observar”, constata Telma.

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