Exclusivo: Autocuidado pode economizar até R$ 7,2 bilhões para os sistemas de saúde na América Latina

Saiba mais sobre o evento que discutiu as questões do autocuidado para o sistema de saúde

Aconteceu esta semana, em São Paulo, o 1º Congresso Latino-Americano de Autocuidado, organizado pela Associação Brasileira da Indústria de Produtos para o Autocuidado em Saúde (Acessa), antiga ABIMIP, em parceria com a Associação Latino-Americana de Autocuidado Responsável (ILAR) e a Global Self-Care Federation (GSCF).

A abertura do evento contou com a presença do diretor do departamento de promoção da saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS), Dr. Rüdiger Krech, que ressaltou a relevância do evento para impulsionar o empoderamento das comunidades em autocuidado. “É importante trabalharmos com os pacientes e seus familiares em grupos de apoio. Engajar as comunidades e melhorar a comunicação, assim com educação e suporte contínuos, teremos uma melhoria do letramento em saúde da população”, afirmou Krech.

Estudo sobre autocuidado

Um estudo da International Pharmaceutical Federation (FIP), de 2021, mostrou que a cada 10 latino-americanos, 5 consideram que não possuem um bom conhecimento, nem as ferramentas adequadas, para cuidar da própria saúde. Além disso, 91% dos entrevistados afirmaram que gostariam de receber mais informações sobre sua saúde.

Já de acordo com o estudo Self Care Socioeconomic Research, afirmou que poderiam ser economizados US$ 117 milhões em saúde somente no Brasil, se os Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) fossem utilizados da forma correta.

Um estudo de 2021 feito pela AESGP identificou que a cada US$1 gasto em medicamentos MIP economiza-se US$ 6,70, tanto para o sistema de saúde quanto para as economias de cada país. Além disso, se de 10% à 25% das consultas médicas correntes fossem substituídas por autocuidado, o estudo estima uma potencial economia de US$ 19,4 bilhões ao mesmo tempo que se liberaria 58 mil horas/consulta. Isso significa que estas horas poderiam ser usadas em casos mais complexos, permitindo que indivíduos que hoje não têm acesso ao sistema de saúde possam consultar um médico.

Segundo o Dr. Jarbas Barbosa, Diretor da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS): “Cada passo que damos significa um movimento a mais em direção a uma abordagem mais proativa da população quanto a sua própria saúde. Devemos garantir que informações precisas, confiáveis e acessíveis estejam disponíveis para todos e todas, especialmente para aqueles em condições vulneráveis que podem encontrar obstáculos à obtenção de cuidados de qualidade”, explicou Barbosa.

Importância do letramento em saúde

Os especialistas discutiram, também, como o letramento em saúde é essencial para capacitar as pessoas a tomarem decisões mais conscientes sobre sua saúde e sugeriram recomendações de políticas para melhorar a prática do Autocuidado na América Latina e no mundo. “É necessário considerar as barreiras que temos atualmente e ter vontade de nos conectarmos com as necessidades das comunidades, para trazer inovação e fazer acontecer”, afirmou o médico e membro fundador da Rede Brasileira de Letramento em Saúde (fellow Social Good Brasil), Dr. Rogerio Malveira Barreto.

Já o presidente da Federação Global de Autocuidado e também chefe global de autocuidado e experiência do consumidor em Kenvue, Manoj Raghunandanan, afirmou que o congresso é um passo histórico. “Quando você fornece educação e informação do jeito certo para as pessoas, acontece um impacto massivo no sistema de saúde, e também na qualidade de vida das pessoas. O tempo e dinheiro economizado poderia ser investido para pessoas que de fato precisam. E os farmacêuticos têm um papel fundamental nisso e são uma parte crucial do ecossistema de saúde, podendo levar informações sobre autocuidado para as pessoas que entram nas lojas”, contou Raghunandanan.

A presidente executiva da Acessa, Marli Sileci, também defendeu que é preciso passar a informação do autocuidado nas escolas e nas academias, para que os farmacêuticos também sejam replicadores dessas informações para a população. “Precisamos fazer do autocuidado um movimento de saúde. Nós não conseguimos chegar em todas as pessoas, então o farmacêutico é uma ferramenta para fazer essa informação chegar até uma parte maior da população”, defende a executiva.

O congresso também foi elogiado pelos participantes. “O congresso foi uma iniciativa inédita e absolutamente pertinente. Gerar o fomento para a criação de políticas públicas de autocuidado é fundamental. O desafio será permear o setor privado. Vejo que é importante destacar que as farmácias vêm se capacitando para se transformarem num hub de saúde, o que converge fortemente para a massificação do autocuidado”, explicou o diretor consultivo da ABRADIMEX, Cesar Bentim.

Ao final do dia, os representantes do Ministério da Saúde e de governos, organizações não governamentais, membros da coalizão pelo autocuidado e do setor privado assinaram a São Paulo Declaration, um importante documento que reconhece a importância do autocuidado como pilar fundamental da saúde e do bem-estar e comprometeram-se a promover o autocuidado como parte essencial da Cobertura Universal de Saúde.

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Fonte: Guia da Farmácia

Foto: Divulgação/Acessa

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