Exclusivo: Medicamentos antroposóficos: o que são e quais os benefícios

Os medicamentos antroposóficos são feitos com ingredientes naturais de origem animal, mineral e vegetal

Os primeiros medicamentos antroposóficos datam de 1921 quando foi criado, na Suíça, o primeiro laboratório farmacêutico antroposófico, a Weleda. De lá para cá, o segmento evoluiu e ganhou adeptos mundo afora.

Na medicina antroposófica, todos os medicamentos são obtidos da natureza, a a partir de substâncias minerais, vegetais ou animais. “Não há medicamento antroposófico sintético, embora o médico antroposófico recorra aos chamados medicamentos alopáticos quando necessário. Tampouco se concebe um medicamento antroposófico obtido de uma planta geneticamente modificada, ou que em seu processo de cultivo foram usados agrotóxicos, fertilizantes químicos ou herbicidas sintéticos”, explica o farmacêutico naturopata, Jamar Tejada.  Ele ainda explica que os processos normais ou doentios que ocorrem no organismo humano encontram na natureza algum processo correlato ou oposto. “De acordo com cada caso, a medicina antroposófica indicará um medicamento para estimular no ser humano uma reação que levará à cura ou alívio da enfermidade”, diz.

Os antroposóficos são medicamentos dinamizados e desenvolvidos a partir de um olhar diferenciado e ampliado em relação ao ser humano. “A medicina e a farmácia antroposófica compreendem o ser humano como um ser integral feito de corpo, vitalidade, emoções e individualidade, no qual atuam sistemas que precisam estar em equilíbrio para mantê-lo saudável. A partir desse olhar ampliado e de processos de fabricação únicos, os medicamentos atuam não somente nos sintomas, mas também na causa da doença; e equilibram os processos naturais próprios do organismo”, comenta a head de marketing e farmácias da Weleda, Flávia Fonseca. Ela ainda conta que o medicamento antroposófico se diferencia dos demais naturais pelo método exclusivo e manual de dinamização, e pela qualidade da matéria prima. “Quanto mais puro e rico de nutrientes for o solo, maior a qualidade da planta cultivada, mais rico e potente se tornará o ativo no medicamento. Além das plantas, os medicamentos antroposóficos utilizam ingredientes de origem animal e, também mineral”, diz.

Ação no todo

Os medicamentos antroposóficos atuam tanto nos sintomas da doença, como na causa e equilibram os processos naturais próprios do organismo. No desenvolvimento do medicamento antroposófico, há uma observação científica da planta, do animal e do mineral; de seus processos e de sua função no seu ambiente natural, e se faz um paralelo com o ser humano, seus processos e sua atuação, transformando substâncias em medicamentos, através de processos farmacêuticos exclusivos. “Pela ciência antroposófica, o ser humano, sendo parte da natureza, possui similaridades em seus processos com os processos que ocorrem na natureza, por isso é possível tratá-lo a partir dos elementos da natureza e de seus processos”, comenta Flávia.

Ou seja, a medicina antroposófica indicará um medicamento para estimular no ser humano uma reação que levará à cura ou alívio da enfermidade. “O fundamental no medicamento antroposófico é que ele estimula as forças auto-curativas do organismo.  Um medicamento antroposófico pode agir, de acordo com sua composição, de três maneiras: 1) estimulando um processo contrário à doença: esta é a maneira alopática de ação, por exemplo, para uma inflamação pode-se usar uma planta que estimule no organismo suas atividades antiinflamatórias; 2) agindo de modo igual à doença e provocando uma reação contrária maior do organismo no sentido da cura: este é um princípio homeopático de ação: aquilo que provoca também pode curar; 3)  proporcionando um modelo orientador para o órgão ou sistema doente, levando à sua atividade sadia: este princípio é exclusivo dos medicamentos antroposóficos”, esclarece Tejada.

Indicações de uso

A medicina antroposófica oferece uma proposta de abordagem para todos os problemas de saúde, ainda que seja tomada apenas como terapia complementar, aliada a outros métodos terapêuticos. “Na verdade, não é preciso estar doente para procurar um médico antroposófico. Ele fornece orientações e medicamentos que também auxiliam na prevenção de muitas doenças”, afirma Tejada.  Ele ainda diz que é importante reforçar que os antroposóficos não descartam o tratamento convencional. “Pelo contrário, em determinados casos, recomenda-se o uso da antroposofia juntamente com medicamentos convencionais, tendo em vista que essa combinação pode ser uma excelente alternativa para o tratamento de inúmeras patologias”, completa.

Para doenças com rápida evolução, distúrbios graves ou lesões irreversíveis nos órgãos – a exemplo da pneumonia, do câncer e da cirrose, respectivamente –, os medicamentos convencionais ainda são os mais indicados e a antroposofia assim como a homeopatia entra com a missão de melhorar a qualidade de vida do paciente. “Porém, em muitos outros, é possível observar uma melhora substancial  por sua característica de tratar o indivíduo, não apenas a doença, e da ausência de efeitos adversos. Mas atenção, a antroposofia é uma terapêutica como outra qualquer e deve ser prescrita com o devido cuidado e acompanhamento”, alerta Tejada.

Os medicamentos antroposóficos são biocompatíveis, ou seja, são facilmente assimilados pelo corpo por serem feitos com substâncias 100% naturais trabalhadas por um método científico. “Eles não causam dependência, nem interação medicamentosa. Os estudos de caso, conduzidos com universidades brasileiras e europeias, mostram que os medicamentos antroposóficos são alternativas para quem busca um tratamento natural eficaz para diversas doenças, já que além dos OTCs (medicamentos livres de prescrição) disponíveis em várias farmácias e drogarias, também existem os medicamentos manipulados que são prescritos pelos médicos antroposóficos”, comenta Flávia.

Ainda de acordo com ela, os medicamentos antroposóficos atendem às necessidades do ser humano em todos os seus momentos de vida, desde a gestação até às demais idades, e tratam um amplo rol de doenças. “Interessante ressaltar que os produtos podem ser usados em diferentes situações, momentos de vida e se complementam entre si”, fala.

O portfólio de OTCs (medicamentos livres de prescrição) contempla medicamentos para a saúde mental, dores, gripes, resfriados, alergias e imunidade. “Os medicamentos manipulados atendem a inúmeras doenças, pois são formulados para a individualidade de cada paciente. Os cosméticos também têm foco na saúde, uma vez que partem do olhar da pele como um importante órgão do ser humano. A linha infantil é feita especialmente para as necessidades da delicada pele do bebê; e os cosméticos de cuidados pessoais diários são um complemento às práticas de bem-estar”, comenta Flávia.

Vale dizer ainda que os medicamentos antroposóficos assim como os homeopáticos são feitos em doses chamadas “infinitesimais”, ou seja, sem a presença da substância bruta.

No entanto, Tejada explica que eles atuam no sistema psico-neuro-imuno-endócrino, através de mecanismos ainda não elucidados totalmente, e estimulam a reação vital do organismo. “Desta forma, podem inicialmente acentuar alguns sintomas, como por exemplo estes mencionados, ansiedade e hiperatividade. De qualquer forma, é necessário reavaliar a criança o quanto antes para se fazer ajustes ou orientações necessárias. Muitas vezes, a melhora não vem instantaneamente, mas ocorre na evolução do tratamento”, esclarece.

Antroposóficos X Homeopáticos X Chás medicinais: entenda as diferenças

Antroposóficos

A medicina antroposófica enxerga o paciente através de um olhar ampliado do corpo físico, da vitalidade, das emoções e da individualidade; para equilíbrio da pessoa na expressão do pensar, do sentir e do agir. Ao observar o paciente sob esse ponto de vista integral, o medicamento antroposófico atua em cada frente que precisa para regular e resgatar o equilíbrio natural do organismo, necessário para a saúde. Utiliza apenas elementos da natureza para compor o medicamento, de origem vegetal, animal e mineral.

Homeopáticos

A homeopatia se baseia no princípio da cura pelo semelhante em doses infinitesimais: uma substância que causa certos sintomas no indivíduo saudável é capaz de tratar os mesmos sintomas no indivíduo doente. Um exemplo é o café: na forma de bebida tem ação estimulante, mas na forma de medicamento homeopático, é usado no tratamento de insônia. É uma abordagem diferente, mas que também visa o estímulo das defesas do corpo.

A maneira como os medicamentos são diluídos e dinamizados é distinta também: enquanto na antroposofia a diluição é 1/10, na homeopatia é 1/100 em grande parte dos casos. Além disso, as matérias primas são produzidas a partir de processos orgânicos e biodinâmicos, na maioria das vezes utilizando a planta fresca, que conserva maior vitalidade, potencializando o efeito da substância. Vale ressaltar que tratamentos antroposóficos não excluem o uso de medicamentos alopáticos, homeopáticos ou fitoterápicos.

Para que não haja nenhuma confusão, a ANVISA classifica o medicamento antroposófico como uma classe de medicamentos dinamizados, juntamente com os homeopáticos, porém sinaliza na embalagem a expressão “medicamento antroposófico”.

Fitoterápicos

Os medicamentos fitoterápicos, são desenvolvidos a partir de matérias primas vegetais, e sem a utilização de substâncias ativas isoladas.

Com finalidade profilática, curativa ou para fins de diagnóstico, com benefício para o usuário. O fitoterápico se caracteriza pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de qualidade. É o produto final acabado, embalado e rotulado. Sua segurança e eficácia são baseados em evidências clínicas e que sejam caracterizados pela constância de sua qualidade.

Os fitoterápicos podem ser encontrados em cápsulas, comprimidos, cremes, pomadas, xaropes, e também são medicamentos alopáticos, mas sem ser sintético.

Chás medicinais

Os chás medicinais são preparações feitas com ervas e plantas medicinais. A planta medicinal é aquela selecionada, silvestre ou cultivada, utilizada popularmente para o tratamento de doenças. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é toda e qualquer planta contendo substâncias que possam ser usadas para prevenir, aliviar, curar ou modificar um processo fisiológico normal ou patológico e que possa servir como fonte de fitofármacos e de seus precursores para síntese químico-farmacêutica.

Um chá medicinal não é um fitoterápico.

Ao se comparar os efeitos de um chá de (infusão) de valeriana e um comprimido de valeriana, que atua nos distúrbios do sono e controle da ansiedade, por exemplo, o chá teria uma menor eficácia comparada ao uso do extrato da valeriana em cápsulas que têm uma maior ação terapêutica, ou seja, o efeito acontece nos dois, mas o extrato é bem mais eficaz porque possui ativos fitoquímicos padronizados, diferente do chá que não há padronização.

Fontes: farmacêutico naturopata Jamar Tejada e head de marketing e farmácias da Weleda, Flávia Fonseca.

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