Intestino preso: descubra como evitar

Entenda as principais causas da constipação e descubra formas de prevenção e tratamento para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

Você já imaginou como seria desconfortável passar dias sem conseguir evacuar? Infelizmente, essa é uma realidade de uma parcela significativa da população brasileira que sofre com a constipação.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), entre 20% e 30% dos brasileiros já enfrentaram esse problema em algum momento da vida. Por isso, é fundamental que os profissionais de saúde estejam bem- -informados sobre o tema, para orientar e tratar os pacientes adequadamente.

MAS O QUE É A CONSTIPAÇÃO?

Imagine uma estrada bloqueada, sem movimento de carros e engarrafamento total. É assim que muitas pessoas se sentem quando enfrentam essa condição intestinal que causa dificuldade para evacuar ou a sensação de evacuação incompleta ou infrequente.

A patologia pode ter origem por diversos fatores. “As mais comuns são a alimentação com baixa ingestão de líquidos e fibras, medicamentos que reduzem o trânsito intestinal, Síndrome do Intestino Irritável (SII), defecação desordenada e abuso de laxantes. Já as causas menos comuns envolvem problemas médicos específicos, como obstrução intestinal, distúrbios metabólicos e neurológicos. Em alguns casos, a causa da constipação é desconhecida”, diz a médica gastroenterologista do Grupo Fleury, Dra. Virginia Maria Figueiredo.

Alguns grupos são mais propensos a sofrer com essa condição. “Estudos mostram que mulheres e pessoas com dificuldade de locomoção devido a doenças ou sequelas neurológicas são mais comumente afetadas. Além disso, crianças em idade escolar apresentam uma incidência de até 25%, enquanto em idosos, a porcentagem é ainda maior, chegando a 30-40%”, aponta o médico cirurgião geral e coloproctologista do Santa Marcelina Saúde, Dr. Isaac José Felippe Corrêa Neto.

Confira outros problemas comuns no sistema digestivo:

Azia (ou pirose): é uma sensação de queimação que se origina no peito e que pode se estender até a garganta, ocorrendo, geralmente, após as refeições ou durante a noite. É causada pelo refluxo do conteúdo do estômago para o esôfago. Ela acomete cerca de 50% a 60% da população adulta.

Má digestão: é uma sensação de desconforto após as refeições, podendo ocorrer náuseas, gases, inchaço e dor abdominal. Pode ser causada por hábitos alimentares inadequados, como refeições em grande quantidade e alimentos gordurosos. Estudo da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG) revela que mais da metade dos brasileiros sofrem com esse problema.

Refluxo gastroesofágico: é uma condição em que o conteúdo do estômago volta para o esôfago, causando sintomas, como azia, regurgitação, tosse e rouquidão. Pode ser causado por hábitos alimentares inadequados, obesidade, tabagismo, entre outros fatores. Segundo pesquisas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), pelo menos 20% dos brasileiros sofrem ou já sofreram com essa doença.

Gastrite: é uma inflamação da mucosa do estômago, que pode ser aguda ou crônica. Os sintomas incluem dor abdominal, náuseas, vômitos e perda de apetite. Pode ser causada por infecção pela bactéria Helicobacter pylori, uso excessivo de álcool e medicamentos anti-inflamatórios. De acordo com a FBG, 70% da população apresenta algum tipo de gastrite.

Síndrome do Intestino Irritável (SII): é uma condição crônica que afeta o trato gastrointestinal, causando dor abdominal, diarreia ou constipação e sensação de inchaço. A causa exata não é conhecida, mas pode estar relacionada ao estresse e a hábitos alimentares inadequados.

Diarreia: é caracterizada por fezes líquidas e frequentes e pode ser causada por infecções virais, bacterianas ou parasitárias, uso de medicamentos, intolerâncias alimentares, entre outras causas.

Doença inflamatória intestinal: é um conjunto de doenças crônicas que afetam o intestino, como a doença de Crohn e a colite ulcerativa. Os sintomas incluem diarreia, dor abdominal, perda de peso e fadiga. A causa exata não é conhecida, mas pode estar relacionada a fatores genéticos e ambientais.

Cânceres do trato digestivo: são tumores malignos que afetam diferentes partes do sistema digestivo, como o esôfago, estômago, pâncreas, fígado, cólon e reto. Os sintomas incluem dor abdominal, perda de peso, náuseas e vômitos. Os fatores de risco incluem hábitos alimentares inadequados, tabagismo, consumo excessivo de álcool, entre outros.

Incontinência fecal: é a perda involuntária de fezes ou gases e pode ser causada por doenças neurológicas, lesões musculares e outros fatores.

Patologias orificiais (hemorroidas, fístulas e fissuras anais): são condições que afetam a região anal, causando dor, desconforto e sangramento.

Fonte: médico cirurgião geral e coloproctologista do Santa Marcelina Saúde, Dr. Isaac José Felippe Corrêa Neto

CAMINHOS PARA O ALÍVIO

A prevenção da constipação inclui medidas como evitar medicamentos que possam contribuir para o problema, como analgésicos opioides e aqueles que contenham cálcio, de acordo com o médico do Santa Marcelina Saúde.

Além disso, o gastroenterologista no Hospital Dia Campo Limpo, gerenciado pelo CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisa “João Amorim” em parceria com Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, Dr. Antônio Guilherme Monteiro, enfatiza a importância de ingerir líquidos em quantidade suficiente para evitar o ressecamento das fezes e, consequentemente, dificuldades na evacuação. Ele recomenda o consumo diário de um a dois litros e meio de água e a ingestão de fibras encontradas em frutas e vegetais como medidas preventivas e terapêuticas para a constipação.

Os tratamentos para o intestino preso incluem mudanças no estilo de vida, como a prática de exercícios físicos e a dieta rica em fibras, além do uso de medicamentos quando necessário. Em casos mais graves, pode ser necessário recorrer à cirurgia.

“O pilar da manutenção do tratamento e da prevenção da constipação é a educação do paciente em relação à manutenção das medidas dietéticas, da prática regular de atividade física e do uso de medicamentos quando necessário”, reforça a médica gastroenterologista do Centro Especializado em Aparelho Digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dra. Ana Cristina de Sá Teixeira.

Dicas do Gui: fibras e probióticos no tratamento da constipação.

Papel das fibras: ajudar no aumento do volume fecal e a diminuir a consistência das fezes, facilitando a evacuação. Além disso, elas são fermentadas pelas bactérias presentes no intestino, o que estimula o movimento do cólon e promove a proliferação de bactérias benéficas para a saúde intestinal.

Opções disponíveis: as insolúveis e as solúveis são as mais conhecidas. As fibras insolúveis são encontradas em alimentos, como cereais integrais, sementes e leguminosas, enquanto as fibras solúveis estão em alimentos, como frutas, verduras e aveia. Para suplementação, podem ser utilizadas fibras sintéticas, como metilcelulose, psyllium e agar-agar.

Papel dos probióticos: são microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde intestinal. Estudos comprovam que o uso de probióticos, como Bifidobacterium bifidum e Lactobacillus, pode melhorar os sintomas da constipação, como dor abdominal, flatulência e irregularidade no trânsito intestinal.

Opções disponíveis: é importante escolher um produto de qualidade e que contenha cepas com evidências científicas comprovadas para o tratamento da constipação. O tratamento deve ser individualizado e orientado por um profissional de saúde capacitado. Mudanças na dieta, prática regular de atividade física e uso de medicamentos quando necessário são também medidas importantes para prevenir e tratar a constipação intestinal.

Fonte: médica gastroenterologista do Grupo Fleury, Dra. Virginia Maria Figueiredo

 

Fonte: Guia da Farmácia

Foto: Shutterstock

 

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