Com investimento em tecnologia a Elfa Medicamentos quer usar os recursos do IPO para expandir seu negócio e a base de clientes
Com trinta anos de atuação no mercado da saúde, a Elfa Medicamentos planeja fazer sua estreia na bolsa ainda neste ano.
A empresa é responsável pela distribuição de medicamentos, produtos médicos e hospitalares de alta complexidade produzidos por mais de 400 fabricantes.
Com investimento em tecnologia e um grande apetite por comprar concorrentes e outras empresas do setor de saúde, a Elfa quer usar os recursos do IPO para expandir seu negócio e a base de clientes.
Parte dos recursos levantados serão, no entanto, destinados aos acionistas, entre eles, o fundo de private equity Pátria.
A tese da empresa é de que esse crescimento virá, principalmente, do envelhecimento da população brasileira.
A estimativa é de que nas próximas três décadas, cerca de 20% da população estará com mais de 65 anos de idade.
Assim, a longo prazo, as estratégias da Elfa contemplam atender, cada vez mais, essa fatia do mercado.
Aquisições e incorporações
A Elfa entrou, assim, nos últimos anos num ritmo de crescimento via aquisições. Foram sete ao todo.
“Nossa estratégia de expansão incluiu e continuará a incluir a aquisição de outros participantes do mercado”, assim, afirmou a companhia no prospecto preliminar da oferta.
Em 2016, a Elfa comprou a Jaw, uma empresa focada no mercado de distribuição de medicamentos e materiais hospitalares localizada nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Em 2017, foi a vez da Cristal Pharma e Ciência Medicamentos serem incorporadas.
A empresa originária de Belo Horizonte, especializada em comércio e distribuição de medicamentos genéricos para Minas e Bahia fortaleceu, então, a marca e aumentou o mix de produtos.
Em 2018 ocorreu a aquisição da Majela Medicamentos, uma das mais importantes distribuidoras de medicamentos do Nordeste do Brasil.
E, em 2019, foram duas novas as aquisições: a Ágilfarma, farmácia especializada em medicamentos especiais como fertilidade, oncologia e hormônios de crescimento, que atua nas cidades de Porto Alegre, Florianópolis e Curitiba.
E o Grupo CDM, distribuidora especializada em medicamentos genéricos com Operação Logística de Distribuição Seletiva.
Contudo, as compras não pararam.
Só neste ano, a Elfa adquiriu Salus Latam Holding, a Comercial Mostaert, bem como a Fenergy Comércio de Produtos Médico Hospitalares e a Surya Dental Comércio de Produtos Odontológicos e Farmacêuticos.
Com base de clientes sendo hospitais e clínicas, hoje a Elfa tem 11,4% do market share.
Estratégia de negócios
Hoje, o grupo tem um total de cinco marcas: Elfa, Majela Medicamentos, Cristal Pharma, Prescrita Medicamentos, Afilfarma, Grupo CDM, Medcom e Jaw.
São seis unidades de negócio e 20 centros de distribuição espalhados por sete estados.
“Nosso posicionamento estratégico com alcance e escala em todo o território nacional nos capacita a oferecer soluções completas e ágeis aos nossos clientes, assim, realizando entregas de emergência em poucas horas nos locais em que temos centros de distribuição e entregas convencionais em até 24 horas”, explica a empresa no prospecto preliminar.
A atuação da Elfa é dividia em três áreas:
Medicamentos: o grupo vende e distribui medicamentos éticos e genéricos dos maiores laboratórios do mundo, contando com 120 parceiros comerciais que atende mais de 3200 clientes em todo o País.
São mais de 1500 itens distribuídos;
Materiais: comercialização e distribuição de grandes marcas de materiais médicos hospitalares e uma vasta linha de produtos descartáveis;
Serviços: serviços personalizados de logística hospitalar. A Elfa faz o gerenciamento completo de todo o estoque dos clientes para que eles possam ter mais tempo para focar no core business do seu negócio.
Além disso, o Grupo Elfa também tem investido, também, em inovação para atender às demandas da indústria 4.0.
Um exemplo foi a primeira entrega de medicamentos feita por meio de um drone, em 2019.
Agora o grupo estuda os tipos de medicamentos que poderão ser transportados por drones.
A expectativa é que o modal esteja em operação em até três anos, fazendo entregas em clínicas e hospitais.
Alguns números da empresa
A Elfa reportou, no entanto, um lucro líquido de R$ 39,5 milhões em 2019, ante R$ 60,5 milhões em 2018.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado totalizou R$ 104,7 milhões em 2019, valor maior do que os R$ 78,5 milhões de 2018 e os R$ 54,4 milhões de 2017.
A margem Ebitda foi de 5,7% no ano passado, contra 5% em 2018.
A receita líquida foi de R$ 1,8 bilhão em 2019.
Ou seja, houve um aumento em relação aos outros anos: R$ 1,5 bilhão (2018) e R$ 1,07 bilhão (2017).
A empresa encerrou 2019, portanto, com uma dívida líquida de R$ 199,3 milhões.
O IPO da Elfa
O pedido de IPO da Elfa foi protocolado no dia 13 de agosto.
Todavia, a empresa quer participar do Novo Mercado da B3.
Mas ainda não há detalhes sobre prazos e valores do IPO.
Portanto, a oferta será primária (recursos para o caixa da empresa) e secundária (quando os acionistas vendem parte das participações).
Os coordenadores são o Banco Santander, o Itaú BBA , o BTG Pactual, a XP Investimentos e o Morgan Stanley.
Dessa forma, o público alvo da oferta são investidores não institucionais e institucionais, nacionais e internacionais.
O capital social da empresa é de R$ 834,5 milhões, dividido em 465.694.714 ações ordinárias.
Os principais acionistas são os fundos geridos pelo Pátria, com 86,33%; JMV, com 4,29%; acionistas da Medcom, com 6,2%; e os fundadores da Elfa, com 3,16%.
De acordo com a Elfa Medicamentos, os recursos levantados por meio do IPO serão direcionados para aquisições de empresas do seu setor de atuação; reforço de estrutura de capital e liquidez.
Fonte: Fusões e Aquisições
Foto: Shutterstock