Sorriso saudável

O cuidado com a beleza dos dentes é responsável pela atenção à higienização e saúde bucal do brasileiro. Escovação correta previne não só contra doenças na boca, mas em todo o organismo

Os brasileiros costumam escovar os dentes três vezes ao dia, enquanto grande parte do mundo o faz somente duas vezes: ao acordar e antes de dormir. O zelo com o sorriso vem ao encontro de uma característica marcante da população brasileira: o cuidado com a sua estética, que passa, necessariamente, pela beleza dos dentes.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 53% dos brasileiros escovam os dentes com o básico: escova de dente, pasta dental e fio dental. Além disso, 89,1% das pessoas de 18 anos de idade ou mais escovam os dentes ao menos duas vezes por dia.

“Isso demonstra que o brasileiro tem o hábito de cuidar dos dentes, embora ainda precise de orientações constantes dos profissionais dentistas, pois a prevenção é a melhor opção para evitar problemas futuros. Inclusive, segundo a Euromonitor Internacional, temos o maior número de dentistas do mundo, com praticamente 20% da fatia de profissionais do mundo todo”, comenta o diretor da Powerdent, Angelo Lloret.

Sensibilidade extrema

Cerca de 30% dos brasileiros sofrem de sensibilidade dentária, sendo o principal problema de saúde bucal da população. Ele acontece de maneira consciente e inconsciente: inconsciente porque os pacientes não costumam ter conhecimento que aquele incômodo se trata de hipersensiblidade dentária e consciente entre aqueles que correlacionam o incômodo à sensibilidade.

Os sinais de ocorrência de sensibilidade são bastante variados e vão desde sensações de choquinho a fisgadas mais intensas. Ela é provocada por alimentos gelados, ácidos ou até doces.

As mulheres são mais acometidas por terem 21% mais lesões cervicais não cariosas (uma perda irreversível de uma parte da estrutura dentária que surge na cervical do dente) do que os homens. A maior incidência também é causada pela vaidade das mulheres, que costumam fazer mais clareamento dental do que os homens.

Para ajudar os pacientes no alívio dos sintomas, a indústria oferece cremes dentais específicos para dentes sensíveis. Novas tecnologias vêm sendo desenvolvidas, para que os produtos se aproximem, cada vez mais, no que diz respeito à textura e ao sabor, dos tradicionais.

Fonte: dentista especializada em sensibilidade nos dentes da GSK, Dra. Thais Azevedo

A boca é o lugar do corpo que mais entra em contato com todos os tipos de bactérias, ou seja, a higiene bucal é uma questão de saúde e bem-estar que, além de trazer benefícios, pode prevenir o mau hálito, dores, cáries e gengivite. Exatamente por isso, a saúde bucal está relacionada com problemas estéticos e funcionais, que têm impacto emocional e fisiológico sobre um indivíduo.

De maneira geral, cáries e as doenças periodontais são os principais problemas que surgem com a falta de higienização. “Cáries são criadas a partir da presença de uma fina camada de alimentos sobre os dentes, especialmente associada à ingestão de açúcares. Já a doença periodontal é consequência maior do acúmulo desses alimentos e da formação de placas bacterianas mais evidentes ao redor dos dentes”, esclarece o diretor de educação global e pesquisa da Neodent, Dr. Sérgio Bernardes.

A cirurgiã-dentista, Dra. Thaís Canelas, explica que o hábito de escovar os dentes evita a placa (biofilme dental), uma camada pegajosa de bactérias que se forma sobre os dentes, gengiva e restaurações dentárias. Ela é removida com a escovação e o fio dental e, caso não haja a higienização adequada, pode evoluir para o tártaro. Esse conjunto pode levar à doença periodontal, que afeta desde a gengiva até o osso que envolve e suporta o dente. Os três estágios da doença periodontal, que variam do menor ao mais grave, são gengivite, periodontite e periodontite avançada.

A escovação perfeita

Não basta somente escovar os dentes três vezes ao dia, é preciso que a pessoa seja orientada a fazer a higienização de maneira correta. A rotina começa com a escolha assertiva da escova de dente que deve ser, preferencialmente, de cerdas macias.

A escovação pode ser feita com movimentos vibratórios circulares com uma inclinação de 45º em relação à superfície dos dentes. Esses pequenos movimentos devem ser executados por pelo menos dez vezes em cada face do dente (parte de fora e de dentro).

“A gengiva ‘obedece’ às pressões que incidem sobre ela, por isso, a escovação com força ou com cerdas muito firmes poderá, em algum momento, causar alguma problemática na área, além de correr o risco de desgastar o esmalte dental. É importante saber que a pressão adequada sobre os dentes deve ser a mesma de quando a higienização é feita segurando a escova com apenas três dedos. É necessário que o movimento seja suave não só por conta da gengiva, mas, também, porque as cerdas limpam de forma eficaz quando vão ao encontro do dente na posição correta”, explica a dentista especializada em sensibilidade nos dentes da GSK, Dra. Thais Azevedo.

Deve-se usar o fio dental enrolando aproximadamente 40 centímetros do fio ao redor de cada dedo médio, deixando cerca de dez centímetros entre os dedos. Para facilitar o uso do fio, a cirurgiã-dentista dá algumas dicas que podem ser repassadas aos clientes da farmácia:

  • Segurando o fio dental entre o polegar e indicador das duas mãos, deslizar levemente para cima e para baixo entre os dentes;
  • Nunca forçar o fio contra a gengiva, pois ele pode cortar ou machucar o tecido gengival;
  • Utilizar uma parte nova do pedaço de fio dental para cada dente que será limpo;
  • Para remover o fio, usar movimentos de trás para frente, retirando-o do meio dos dentes.

“Ou seja, os cuidados necessários para uma boa higiene bucal, além de consultas periódicas ao dentista, envolvem usar corretamente o fio dental, escovar os dentes com a escova correta e limpar a língua. Pessoas que usam próteses fixas ou móveis devem tomar os mesmos cuidados”, frisa o diretor da Powerdent.

A pessoa deve, ainda, escovar diariamente a sua língua para remover a saburra lingual, podendo usar um higienizador lingual plástico e finalizar com enxaguante bucal, que ajuda na sensação de frescor e hálito agradável.

Além da boca

A saúde bucal é importante não somente para que os dentes e gengivas estejam saudáveis, mas para todo o funcionamento do corpo. Segundo o diretor da Neodent, como a digestão de alimentos começa na cavidade oral, a ausência dos dentes ou problemas dentários resultam na deglutição indevida da comida e, consequentemente, na má digestão dos mesmos, sobrecarregando outros órgãos.

“Problemas dentais também podem resultar em um desequilíbrio da posição da mandíbula em relação à face, o que sobrecarrega alguns feixes musculares, gerando consequências dolorosas e estéticas. Além disso, focos infecciosos dentários podem se disseminar na corrente sanguínea e colonizar outras partes do corpo, resultando em problemas de saúde geral”, resume ele.

A Dra. Thaís Canelas atenta ao fato de que doenças ainda mais sérias podem começar na boca. É o caso da endocardite, uma patologia que afeta as válvulas cardíacas do coração e uma de suas causas está relacionada às bactérias e aos fungos formados no órgão oral, que passam a se multiplicar em grande quantidade em outros órgãos.

“Por isso, pregamos fortemente que a higiene bucal deve começar desde bebê, pois assim criam-se hábitos saudáveis para toda a vida. Assim, uma boca saudável não apresenta mau hálito constantemente, não sangra ou dói durante a escovação e tem dentes limpos e livres de resíduos”, comenta Lloret, da Powerdent.

Além disso, é necessário que os pacientes busquem ajuda ao ter um problema. Para a dentista da GSK, um dos problemas de saúde é que as pessoas tendem a procurar ajuda médica somente quando julgam que uma dor é “merecedora” de atendimento, ou seja, quando é de alta intensidade. “A complicação disso é que, na verdade, já ocorreu um agravamento dentário que pode significar um tratamento menos conservador e mais caro”, finaliza ela.

Foto: Shutterstock

Estrelas do mês

Edição 302 - 2018-01-01 Estrelas do mês

Essa matéria faz parte da Edição 302 da Revista Guia da Farmácia.