Mounjaro: por que remédio é chamado de ‘Ozempic dos ricos’ e quanto custará no Brasil

Entenda mais sobre valores do Mounjaro no Brasil

Tem sido comum ouvir relatos de celebridades que recorreram a medicamentos para alcançar uma perda de peso significativa. Geralmente, a opção utilizada é o Ozempic, da farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk, que, embora tenha o uso aprovado para diabetes tipo 2, é muito usada de forma off-label (finalidade diferente da bula) para o emagrecimento.

Porém, um novo remédio tem repercutido no noticiário e ganhando o apelido de “Ozempic dos ricos”, o Mounjaro, do laboratório americano Eli Lilly. O medicamento, que tem ação semelhante, tem sido apontado como uma alternativa utilizada principalmente por aqueles com maior poder aquisitivo devido ao seu preço ainda mais elevado (pode custar até R$ 3.782,17) e por não estar disponível ainda no mercado brasileiro.

Abaixo, entenda o que é o Mounjaro, por que ele recebeu esse apelido, quais as diferenças na perda de peso entre ele e o Ozempic e por quais valores ele será comercializado no Brasil.

O que é o Mounjaro?

O Mounjaro é um medicamento aprovado pela Anvisa em setembro do ano passado para diabetes tipo 2. No entanto, assim como o Ozempic, é amplamente utilizado de forma off-label para perda de peso.

Nos Estados Unidos, ele já foi aprovado inclusive para o tratamento da obesidade, com o nome comercial de Zepbound.

Qual a diferença do Mounjaro para o Ozempic?

A tirzepatida (princípio ativo do Mounjaro) e a semaglutida (princípio ativo do Ozempic) pertencem à mesma classe de medicamentos: os análogos de GLP-1. Eles recebem esse nome porque simulam um hormônio chamado GLP-1, associado à sensação de saciedade e à redução da velocidade da digestão da comida.

Porém, enquanto a substância do Ozempic reproduz apenas a ação do GLP-1, a do Mounjaro é um duplo agonista — simula o GLP-1 e um outro semelhante, o GIP. Por isso, a tirzepatida é considerada uma nova geração dos medicamentos.

Como o Mounjaro funciona?

O Mounjaro simula a ação dos hormônios GLP-1 e GIP. Eles, por sua vez, são associados à ativação da sensação de saciedade no cérebro e à redução da velocidade da digestão da comida. Com isso, o indivíduo sente menos fome, consome menos calorias e, consequentemente, perde peso.

No pâncreas, essa atuação também estimula a produção de insulina, motivo pelo qual os remédios são utilizados no tratamento da diabetes tipo 2.

Por que o Mounjaro é conhecido como ‘Ozempic dos ricos’?

O Mounjaro é conhecido como “Ozempic dos ricos” pelo preço ainda mais elevado que o da semaglutida e por estar disponível apenas no exterior.

Quanto custa o Mounjaro no Brasil?

Segundo a última atualização da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), órgão responsável pela definição dos valores de medicamentos no Brasil, o Preço Máximo ao Consumidor (PMC) do Ozempic varia entre R$ 1.143,82 e R$ 1.289,75, a depender da alíquota do ICMS em cada estado.

O preço é da caixa que dura, em média, um mês, mas isso vai depender da dosagem do medicamento. A aplicação é disponível em 0,25 mg, 0,5 mg e 1 mg, com as quantidades mais baixas usadas no início para evitar efeitos colaterais. O Ozempic é uma injeção semanal.

Já o preço máximo do Mounjaro varia de R$ 1.677,10 a R$ 3.782,17, a depender da alíquota do ICMS em cada estado e da dose. Ele é disponível nas versões de 2,5 mg, 5 mg, 7,5 mg, 10 mg, 12,5 mg e 15 mg, com as dosagens mais baixas também sendo usadas no início para evitar efeitos adversos. Assim como o Ozempic, é uma injeção semanal, e o rendimento da caixa vai depender da fase do tratamento.

No entanto, embora o Mounjaro tenha sido aprovado pela Anvisa no ano passado, ele ainda não está disponível no mercado brasileiro. Por isso, quem o utiliza precisa trazê-lo do exterior, o que eleva ainda mais os custos.

Nos EUA, por exemplo, o tratamento de um mês custa por volta de 1.060 dólares, o equivalente a mais de R$ 5,3 mil na cotação atual, além dos custos de importação.

Qual a diferença na perda de peso do Mounjaro para o Ozempic?

As substâncias do Ozempic e do Mounjaro têm revolucionado o tratamento da obesidade por levar a perdas de peso muito acima dos 6% a 8% observados nos fármacos antigos.

Em estudo clínico publicado na revista científica JAMA, a semaglutida, do Ozempic, proporcionou uma redução de 17,4% do peso corporal após um período de 68 semanas, cerca de 15 meses e meio.

Já um trabalho com a tirzepatida, do Mounjaro, mostrou uma perda de 25,3% do peso após 88 semanas, cerca de 20 meses. O acompanhamento também foi publicado na JAMA.

Há, porém, dois pontos importantes a serem ressaltados. O primeiro é que, embora o emagrecimento com a tirzepatida tenha sido maior, a duração do tratamento no estudo também foi superior.

Ainda assim, uma análise de pesquisadores ligados à Truveta, uma empresa de dados operada por um coletivo de 30 sistemas de saúde dos EUA, mostrou que, após um mesmo período de ambos os remédios (um ano), o Mounjaro levou a uma perda 7,2% maior do peso que o Ozempic.

O segundo ponto a ser destacado é que a versão da semaglutida estudada para perda de peso é a de 2.4 mg. A dosagem é a presente no Wegovy, nome comercial da semaglutida que recebeu o aval, no Brasil e nos EUA, para obesidade. Já o Ozempic vai somente até 1 mg.

Quais os efeitos colaterais do Mounjaro?

Os efeitos colaterais costumam ser gastrointestinais e envolver náuseas, vômitos e diarreias. No entanto, ocorrem de forma leve a moderada e geralmente são transitórios.

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Fonte: O Globo

Foto: Shutterstock

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