Mulheres têm até 75% mais risco de reações adversas a remédios

De acordo com as pesquisas, as diferenças de sexo devem ser levadas em consideração para a dosagem de medicamentos

As mulheres têm até 75% mais chances de sofrer reações adversas a medicamentos prescritos do que os homens, devido a uma série de diferenças nas características entre os sexos, de acordo com um novo estudo da Universidade Nacional da Austrália, publicado esta semana na revista científica Nature Communications.

Os pesquisadores acreditam que isso deve ser levado em consideração no memento de prescrever os remédios para o tratamento de doenças.

De acordo com a principal autora do estudo, Laura Wilson, essas reações adversas eram anteriormente atribuídas a diferenças no peso corporal, mas a realidade não é tão simples.

“Muitas vezes, as mulheres recebem medicamentos na mesma dose que os homens, apesar de terem, em média, um peso corporal menor, o que significa que muitas vezes recebem uma dose relativa mais alta”, diz Wilson, em comunicado.

No trabalho, os pesquisadores australianos utilizaram um método da biologia evolutiva chamada de alometria, com a qual a relação entre uma característica de interesse e o tamanho do corpo é examinada em uma escala logarítmica.

Os cientistas aplicaram análises de alometria a 363 características pré-clínicas em camundongos machos e fêmeas.

Eles questionaram, contudo, se as diferenças de gordura, glicose, colesterol LDL poderiam ser explicadas apenas pelo peso corporal diferente.

As análises apontaram que existem diferenças que não podem ser explicadas pelo peso corporal desigual.

Portanto, são resultado das diferenças sexuais.

Alguns exemplos são características fisiológicas, como níveis de ferro e temperatura corporal, características morfológicas, como massa magra e gordura, e características do funcionamento do coração, como variabilidade da frequência cardíaca.

Os pesquisadores descobriram que a relação entre uma característica e o peso corporal variou consideravelmente em todas as examinadas, o que significa que as diferenças entre machos e fêmeas não podem ser generalizadas.

Em suma, as fêmeas não são simplesmente versões menores dos machos. E as diferenças de sexo devem ser levadas em consideração para a dosagem de medicamentos.

Diferenças biológicas

De acordo com os pesquisadores, sabemos muito menos sobre como as mulheres vivenciam as doenças.

“A maioria das pesquisas biomédicas foi realizada em células masculinas ou animais machos. Supõe-se que quaisquer resultados também se apliquem às fêmea”, explica Wilson.

“Mas sabemos que homens e mulheres experimentam doenças de maneira diferente, incluindo como as doenças se desenvolvem, a duração e a gravidade dos sintomas e a eficácia das opções de tratamento”.

E, geralmente, as mulheres se dão pior. Por exemplo, uma dor forte no peito é frequentemente citada como um sintoma primário de ataque cardíaco.
Embora isso possa ser comum para os homens, é um sintoma muito menos comum para as mulheres. As mulheres são mais propensas a sentir náuseas intensas.
No entanto, este sintoma não está como um dos principais, as mulheres tendem a demorar a receber atendimento médico, aumentando risco de complicações e desfechos negativos.
Fonte: O Globo
Foto: Shutterstock

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