“Mas entre os problemas da radiação padrão está o fato de serem dependentes do oxigênio, criando radicais livres que destroem, muitas vezes, apenas uma das fitas de DNA da célula cancerosa, e infelizmente, isso significa que a outra pode se reparar e, portanto, não necessariamente matará todo o tumor.”
A DaRT, explica o professor, só consegue viajar alguns milímetros, mas é muito eficaz na forma como ataca diretamente o tumor.
“Essa radioterapia tem o poder de ‘matar’ ambas as fitas de DNA e portanto, as células não conseguem se regenerar. É uma terapia nova porque ao longo dos anos, apesar de sabermos que as partículas alfa têm características específicas que a tornam muito eficaz para a radiação, simplesmente não sabíamos como usá-la.”
O processo de criação da nova radioterapia
Há quinze anos, os professores Yona Keisari e Itzhak Kelson, da Universidade de Tel Aviv, descobriram uma maneira de usar a radiação alfa para destruir tumores.
Antes disso, como citado pelo professor Popovtzer, sabia-se do potencial da radiação alfa, mas ela não podia alcançar mais do que cerca de 50 mícrons (1/20 de milímetro) dentro do tecido humano.
O tratamento de um tumor de, digamos, 5 centímetros exigiria centenas de milhares de fontes emissoras de alfa de curto alcance – o que seria teoricamente impossível.
Mas os cientistas descobriram que, quando entregue através de um isótopo (átomo) específico do elemento rádio, a radiação alfa poderia viajar até 3 mm – o suficiente para alcançar tumores sólidos – liberando átomos que se difundem dentro de um tumor e então emitem suas próprias partículas alfa.
Quais são os resultados obtidos até agora?
“Nossos estudos iniciais foram feitos em camundongos e mostraram que a DaRT tinha um poder maior de destruição de tumores quando comparada a radiação padrão”, aponta, então, Popovtzer.
“E isso nos levou ao nosso primeiro estudo e seres humanos, a publicação de 2018 no International Journal of Radiation Oncology.”
Desde então, outras três publicações clínicas, descrevendo bons resultados em erradicar tumores e proteger tecidos saudáveis, foram completadas.
“Mais recentemente temos usado uma nova tecnologia que é baseada em software de computador para garantir que cobrimos todo o tecido que precisamos”, complementa Popovtzer.
Como a radioterapia DaRT é usada atualmente
“O que você faz para usar essa tecnologia é colocar ‘sementes’ intersticiais [dentro da pele]no corpo, o que é feito com anestesia local.”
“A vantagem, em relação à braquiterapia [radioterapia interna usada em alguma parte específica do corpo], é que as sementes são muito finas e, portanto, é muito fácil fazer isso. E a DaRT tem uma tendência especial de entrar apenas em áreas com ele passa por vasos sanguíneos deficientes, uma característica presente nos tumores”, diz o professor.
Agora, a equipe de cientistas está fazendo estudos simultâneos para ver como a DaRT funciona em tipos de cânceres distintos e com populações de diferentes países.
“Por enquanto os pacientes beneficiados são apenas aqueles que fazem parte dos estudos. O objetivo é conseguir a aprovação do FDA (Food and Drug Administration) [a agência reguladora de saúde dos Estados Unidos], a qual as decisões o governo de Israel tende a abraçar, para podermos instituir a tecnologia em hospitais diversos, e com o passar do tempo, esperançosamente, barateá-la, já que o custo ainda é alto.”
Fonte: G1
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