O que pode aumentar ou diminuir a resposta imune de idosos a vacinas?

A resposta imune de idosos a vacinas tende a ser mais fraca por causa do envelhecimento do sistema imunológico, fenômeno chamado de "imunossenescência"

A idade avançada faz dos idosos o principal grupo de risco da Covid-19 e, por si só, já é um fator que interfere na reação imune dos idosos a qualquer vacina. Por isso, a notícia de que o imunizante desenvolvido pela Universidade de Oxford em parceria com a empresa AstraZeneca gera uma resposta forte nessa faixa etária é animadora, mas deve ser encarada com cautela.

Isso é o oposto do que aconteceu com a Coronavac, que produziu uma resposta imune menor na população mais velha se comparada com os mais jovens.

De acordo com a pediatra e presidente da Regional do Rio de Janeiro da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) , Flávia Bravouma, sobre as hipóteses para explicar essa diferença é a tecnologia por cada imunizante.

Contudo, a médica frisa que mais estudos são necessários para tirar conclusões.

Por que a proteção de idosos é mais fraca

A resposta imune de idosos a vacinas tende a ser mais fraca por causa do envelhecimento do sistema imunológico, fenômeno chamado de “imunossenescência”.

“O envelhecimento do organismo é global, portanto, inclui o sistema imune. Alguns atores [de defesa]são piores do que o de pessoas jovens. Então, a expectativa é sempre de uma resposta pior em idosos”, afirma Flávia.

O alergologista, imunologista e coordenador do Departamento Científico de Imunodeficiências da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai) , Gesmar Segundo, acrescenta que ao longo da vida ocorre a morte de células e os idosos têm mais dificuldade para fazer a reposição dessas perdas. “Eles têm menos linfócitos B [células que produzem anticorpos]”, observa.

A existência de doenças crônicas é outro aspecto que contribui para debilitar o mecanismo de defesa do corpo humano.

Elas acometem 70% da população idosa do Brasil, de acordo com uma pesquisa divulgada há dois anos pelo Ministério da Saúde.

“O nosso corpo é todo interligado. A doença crônica crônica vai fazer com que todas as outras células não funcionem bem, inclusive as do sistema imune. Então, quanto mais comorbidade o idoso tiver, menos resposta imune ele vai ter”, explica Gesmar.

Vacinas podem ser potencializadas

Todavia, há diversas formas de minimizar esses problemas, de acordo com Flávia.

Uma delas é, por exemplo, o uso de adjuvantes, substância que é adicionada a uma vacina com o objetivo de potencializar sua capacidade de gerar uma resposta imune do organismo.

A especialista observa que no exterior existe uma vacina contra a gripe exclusiva para idosos que possui uma dose maior de antígenos, elementos estranhos ao corpo humano que estimulam a produção de anticorpos.

De acordo com a Sanofi Pasteur, farmacêutica que produz o imunizante, ele é 24,2% mais eficaz que a vacina contra influenza trivalente usada no Brasil.

O imunizante mais potente obteve aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa ) em 2018, mas ainda não está disponível para a população.

“Mas com o coronavírus não dá para saber se poderemos fazer isso, Temos pouca informação ainda, tudo depende de testes e cada vacina tem uma característica própria”, destaca Flávia.

Gesmar, por sua vez, pede cautela. “Esses dados divulgados se referem à produção de anticorpos, mas é preciso saber se eles funcionam. Então, isso não significa que a vacina é eficiente. Precisamos esperar os resultados da fase três de testes“, enfatiza.

 

Fonte: R7

Foto: Shutterstock

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