Prevenção à trombose: 5 pontos para entender o problema

Coágulo que se desenvolve no interior das células pode até levar à morte

Você com certeza já ouviu falar em trombose e sobre a sua prevenção?  A doença que assombra pessoas que trabalham sentadas e viajantes de longas distâncias ocorre quando um coágulo sanguíneo se desenvolve no interior das veias das pernas devido à circulação inadequada, impedindo assim a passagem do sangue.

“A trombose geralmente se manifesta como um quadro de dor na perna, principalmente na panturrilha, associado a inchaço persistente, calor, sensibilidade e vermelhidão o que vai levar quase sempre à procura de ajuda médica. Em casos mais raros, o coágulo pode ainda se desprender da parede da veia e correr pela circulação até chegar ao pulmão, causando uma embolia pulmonar que pode resultar até mesmo em morte súbita”, explica a cirurgiã vascular e membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), Dra. Aline Lamaita.

No entanto, apesar de já ser consideravelmente conhecida, a doença continua sendo constantemente estudada e relacionada a alguns hábitos de vida. Abaixo, entenda melhor como ocorre a trombose:

Assistir televisão em excesso é um fator de risco?

Um estudo de 2018 publicado no Journal of Thrombosis and Thrombolysis mostrou que o hábito diário de assistir, por muito tempo, televisão está associado ao surgimento de coágulos sanguíneos, pois permanecer longos períodos sentado pode diminuir o fluxo de sangue para as pernas e pés.

“Mesmo quem pratica atividades físicas regularmente possui mais chances de desenvolver trombose caso passe muito tempo sentado em frente à televisão, de acordo com o estudo”, destaca a Dra. Aline. O mais correto seria, em vez de ‘maratonar’ diariamente séries e filmes sem pausa, intercalar com alguma atividade que movimente as pernas.

Trabalhar sentado pode favorecer?

É super comum na rotina de escritório passar várias horas seguidas sentados na mesma posição e no home office isso só tende a piorar, já que estamos na nossa casa, em teoria mais confortáveis. “Temos o hábito de deixar tudo por perto, ao alcance das mãos, o lanchinho, o café, a água, o celular e às vezes até a televisão. Mas precisamos lembrar que se já sofríamos com a falta de mobilidade quando tínhamos a rotina do escritório, o home office só veio a piorar, em uma rotina no qual estamos confinados a poucos metros quadrados, num ambiente do nosso controle. Nossa mobilidade reduziu muito, e com isso um aumento de retenção de líquidos, dor nas pernas e até um aumento na incidência de trombose”, explica a médica.

“Para isso evitar problemas circulatórios, existem algumas dicas, como: a cada hora de trabalho, levante, ande por 5 minutos, movimente as pernas, se espreguice; invista em uma meia elástica de compressão (consulte seu médico para saber o modelo ideal); e beba água, o que ajuda no funcionamento do organismo e na fluidez do sangue. Deixe a água um pouco distante, o suficiente para te fazer levantar da cadeira para pegar”, explica a Dra. Aline.

Exercício físico previne a trombose?

De acordo com a Dra. Aline, um dos maiores fatores de risco para trombose é a imobilização, sendo assim, a prática de atividade física se torna uma arma poderosa para sua prevenção, já que aumenta a velocidade do fluxo sanguíneo dentro dos vasos, melhorando a circulação e dificultando a formação de coágulos.

“Qualquer exercício que trabalhe a panturrilha, a batata da perna, vai ajudar, sendo assim, apenas o ato de flexionar e esticar o tornozelo já será significativo. Pode ajudar usar uma faixa para ser colocada na ponta dos pés como resistência e fazer força para esticar os pés. Movimentos circulares com o tornozelo, abraçar e esticar as pernas e movimentos como o de bicicleta podem ajudar caso a pessoa tenha a capacidade de realizá-los sem dor ou incômodo, diariamente”, explica a médica.

“Para quem não tem o hábito de realizar atividade física, o ideal é começar com pouco tempo, 15 a 20 minutos, mas diários, e ir aumentando. Tente realizar a atividade de preferência sempre na mesma hora: não espere a inspiração bater, levante e faça, por rotina. Pense que é pouco tempo: só 15 minutos”, explica. Qual atividade? Vale tudo: agachamento, subir as escadas do prédio, caminhada na rua, o que não vale é ficar parado.

Gestação e parto cesárea aumentam o risco?

“O risco de mulheres desenvolverem trombose aumenta substancialmente durante a gravidez e novamente durante a recuperação pós-parto. Isso porque, além da questão hormonal, o fluxo sanguíneo tende a ser mais lento devido à inatividade ou à pressão nos vasos sanguíneos causada pelo útero em expansão, o que torna o sangue mais propenso a coagular”, alerta a Dra. Aline.

De acordo com dados de uma revisão da University of Texas Health Medical School at Houston publicada em 2019, o risco de acidente tromboembólico durante as 6 semanas pós-parto é 22 vezes mais elevado do que quando já se passou um ano do nascimento da criança.

Como a cesárea é uma cirurgia que exige recuperação, também há risco de trombose.

O uso de pílula anticoncepcional é relacionado com a trombose?

De acordo com a Dra. Aline, o uso de pílulas anticoncepcionais combinadas pode aumentar a incidência de trombose de 3 a 5 vezes a depender do tipo de pílula e forma de administração.

“Isso ocorre porque a quantidade de hormônios presentes nas pílulas anticoncepcionais é capaz de alterar a circulação, aumentando o risco de formação de coágulos nas veias profundas. Por isso, o uso desse método não é recomendado por mulheres que já possuem predisposição ao problema”, explica, então, a médica.

“Pílulas com altas doses de estrogênio também possuem maiores chances de provocar hipertensão arterial, principalmente em mulheres que fumam, tem mais de 35 anos ou já sofrem de hipertensão”, acrescenta. O ideal é sempre consultar um médico. “Apenas o ginecologista poderá realizar uma avaliação levando em conta fatores como histórico médico e familiar para então recomendar o método contraceptivo mais adequado para você, seja ele hormonal ou de barreira”, finaliza.

Trombose Venosa Profunda: o que é, diagnóstico e como tratar 

Fonte: Cirurgiã vascular e membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), Dra. Aline Lamaita

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