Em tempos de notícias falsas e influencers sem formação acadêmica na área, o exercício da profissão vai para além do consultório
De acordo com pesquisa realizada pela Comscore em parceria com a NewsGuard, a publicidade digital perde US$ 2,6 bilhões em fake news ao ano. E quando a gente analisa o impacto na área de saúde o dano é bem maior: a audiência paga com a vida, como o que aconteceu com milhares de pessoas ao redor do mundo durante a covid-19. Por isso, a presença de profissionais de saúde no digital é muito mais que uma estratégia de prospecção de clientes: é uma ferramenta de prevenção de saúde.
O grande desafio dos médicos, psicólogos, fisioterapeutas e nutricionistas para se destacar no digital é a criação de conteúdo, que precisa ser de fácil compreensão para seus pacientes-seguidores. Mas, fazer isso sem ser raso e ao mesmo tempo combater a desinformação na internet? “Um exercício que eu sugiro para meus clientes é pensar em como ele conversa com os amigos não-técnicos, como esclarece as dúvidas que eles trazem. É esse o formato do conteúdo”, orienta Luana Clara, que é professora de comunicação estratégica, mentora para startups e sócia da LaPresse Comunicação, uma empresa especializada em comunicação estratégica e relacionamento com a imprensa.
E para que esse conteúdo seja um viral ou desperte o interesse das pessoas seguirem um profissional ou indicar para amigos, Luana orienta que seja um assunto aplicável no dia a dia. “No início do BBB 23, quando o participante Cara de Sapato revelou aos companheiros de programa que tinha síndrome de Tourette o assunto entrou no trends topics das redes sociais e como termo de busca no Google. Esse foi um momento ideal para psicólogos, neurologistas e psiquiatras, profissionais que cuidam desse transtorno, falarem sobre o assunto, como funciona o tratamento e tirar dúvidas via live ou concedendo uma entrevista”, exemplifica.
Construção de credibilidade e autoridade na área de saúde
Para os profissionais de saúde que desejam se tornar uma referência em sua especialidade, Luana Clara sugere que levem em consideração dois pontos: seu tempo de atuação e o público que deseja atingir. “O relacionamento com a imprensa é primordial, independente do tempo de mercado já que o Brasil ocupa a sétima posição no rankingo dos países que mais confiam na mídia, segundo o ‘Digital News Report’, uma pesquisa realizada pelo Instituto Reuters de Estudos de Jornalismo da Universidade de Oxford em 46 países. Outro ponto que este estudo também aponta é que somos os mais preocupados com a desinformação, sendo um ponto respondido por 82% dos brasileiros, o que mostra que há um interesse da população em fontes seguras de informação”, aponta.
Tipo de conteúdo
A imprensa ainda tem um peso muito grande na formação da opinião pública do país e somado a isso, assuntos sobre saúde e bem-estar se tornaram extremamente relevantes pós-pandemia. Por isso, é importante construir um relacionamento próximo com os jornalistas, para que possam apontar medidas preventivas e esclarecer dúvidas dessa audiência, aumentando a confiança e credibilidade nesse profissional, que se tornará uma referência. “Um exemplo disso é o Dr Drauzio Varella, que, por conta de todas as entrevistas que concedeu para a imprensa se tornou uma referência em medicina para a população”, explica Luana Clara.
A especialista em comunicação também destaca que é preciso estar atento ao tipo de conteúdo que irá compartilhar, pois cada canal de comunicação tem um formato que performa melhor. “As pessoas no WhatsApp evitam clicar em links, com medo de ser golpe, então, elas priorizam áudios, textos curtos e imagens para não lotar a memória. Já no TikTok, os vídeos com mais de 1min estão dando excelente alcance, e no Instagram carrossel de imagens e vídeos bem curtinhos”, afirma.
Repensar a comunicação
Luana Clara finaliza reforçando sobre a importância de médicos, psicólogos, fisioterapeutas e nutricionistas construírem sua presença digital e na mídia: “a construção da credibilidade e autoridade dos profissionais vai além de atrair e reter clientes, é uma ferramenta de educação essencial para a sociedade”, finaliza.
3 benefícios da transformação digital no setor de varejo
Fonte e Foto: Luana Clara, mentora de comunicação para startups
