Quando a vacina contra a varíola dos macacos deve estar disponível no Brasil?

Decreto de emergência de saúde pública feito pela OMS pode acelerar processos e garantir uma proteção mais rápida a alguns públicos específicos

A vacinação contra o vírus monkeypox, o causador da doença conhecida popularmente como varíola dos macacos, já está acontecendo em alguns países do Hemisfério Norte, como Reino Unido e Espanha e a aquisição da vacina está sendo muito discutida.

Por ora, não existe nenhuma previsão certeira de quando as primeiras doses devem chegar ao Brasil.

No entanto, o Ministério da Saúde (MS) diz que mantém conversas com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), entidade ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), para, então, adquirir o imunizante.

No entanto, existe uma expectativa de que o decreto de emergência de saúde pública de importância internacional, feito pela OMS em 23 de julho, possa, então, agilizar as negociações ou os processos regulatórios e garantir a proteção a alguns grupos específicos.

Que vacina é essa?

Há cerca de uma década, a farmacêutica dinamarquesa Bavarian Nordic desenvolveu um imunizante a partir do vírus Vaccinia, que pertence à mesma família do smallpox (o causador da varíola humana) e do monkeypox.

Nos Estados Unidos, ela é conhecida como Jynneos. Já na Europa, o nome deste produto é Imvanex.

A virologista da da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Clarissa Damaso, explica que os patógenos deste grupo (os orthopoxvirus) costumam conferir uma espécie de “proteção cruzada”.

Ou seja, se você se infecta com um deles, o sistema imune gera uma resposta capaz de bloquear a invasão dos demais.

Portanto, o imunizante da Bavarian Nordic, que começou a ser utilizado há pouco para conter o monkeypox em algumas partes do mundo, se vale justamente dessa estratégia: ela traz o vírus Vaccinia atenuado (mais “fraquinho”), que vai promover justamente essa imunidade cruzada.

“Trata-se de um vírus tão atenuado que ele nem consegue se replicar nas células humanas. Mesmo assim, ele gera uma resposta imune que protege contra o monkeypox”, explica Damaso.

Doses

A Jynneos/Imvanex é aplicada num esquema de duas doses, com um intervalo de quatro semanas entre a primeira e a segunda.

Algumas autoridades locais estão optando por dar apenas uma dose por pessoa, dada a escassez desse imunizante no momento atual.

A própria Bavarian Nordic está, então, ampliando sua capacidade produtiva e, dessa maneira, está considerando iniciar uma operação emergencial, mantendo a fabricação por 24 horas ao dia, para atender o aumento da demanda por doses.

Além desta vacina, os Estados Unidos possuem uma segunda opção disponível, conhecida como ACAM2000. Ela, porém, não pode ser utilizada em alguns grupos com problemas no sistema imunológico.

Além desses dois recursos, há estudos demonstrando que pessoas vacinadas contra a varíola humana, causada pelo vírus smallpox, também estão mais protegidas do monkeypox.

Como o smallpox foi erradicado e não circula mais pelo mundo, a produção desses imunizantes em específico foi completamente paralisada e a campanha de vacinação não acontece desde o início dos anos 1980.

E o Brasil? Quando terá a vacina contra a varíola dos macacos?

Por ora, não existe nenhuma previsão de quando as vacinas contra o monkeypox ficarão, então, disponíveis no país.

Todavia, o MS diz que “tem articulado com a Organização Pan-Americana de Saúde as tratativas para aquisição da vacina, de forma que o Programa Nacional de Imunizações possa definir a estratégia de vacinação”.

O médico e secretário de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento do Estado de São Paulo, David Uip, estimou, então, que o imunizante deve demorar até nove meses para chegar aos brasileiros.

O especialista também acredita que o decreto de emergência em saúde pública feito pela OMS permitirá, então, o aparecimento de “soluções, inclusive a readequação e a distribuição de vacinas, recursos e a compatibilidade de programas públicos entre os países”.

Já o  Instituto Butantan, também na capital paulista, criou um comitê para estudar a possibilidade de produzir vacinas contra o monkeypox em território nacional.

“Mesmo assim, o processo não é tão simples assim. É preciso ter fábrica e cumprir uma série de exigências regulatórias para garantir as condições de fabricar as doses”, pontua Ballalai.

“Precisamos ter em mente que, se vier a vacina, ela não será para todo mundo. Precisamos, conudo, proteger os grupos de maior risco primeiro“, complementa a médica.

Exame

Caso esses sinais apareçam, vale procurar um médico para fazer o diagnóstico.

Se os exames confirmarem a presença do monkeypox, a principal orientação, então, é ficar em isolamento.

E também ter o mínimo de contato com outras pessoas, até que as feridas sumam completamente.

Isso diminui, então, a circulação do vírus e evita, então, a criação de novas cadeias de transmissão na comunidade.

De acordo com a plataforma o portal Our World In Data, da Universidade de Oxford (Inglaterra), até o momento o mundo registra 18,8 mil casos de monkeypox em 78 países.

Desses, 813 foram diagnosticados no Brasil.

Fonte: G1

Foto: Shutterstock

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