Queda de cabelo intensa após o parto: o que é o eflúvio telógeno pós-gestacional

Aumento dos hormônios femininos na gestação melhora a qualidade do cabelo, mas no pós-parto acontece uma diminuição acentuada desses hormônios

Depois de experimentarem um cabelo lindo e forte na gravidez, as mulheres, no pós-parto, se perguntam: o que aconteceu com os fios que estavam aqui? Esse problema tem nome e sobrenome: eflúvio telógeno pós-gestacional.

“Trata-se de uma queda aguda intensa dos fios de cabelo telógenos (fios na sua última fase do ciclo capilar. A incidência é alta e ocorre de 40 a 50% das gestações”, explica o Dr. Danilo S. Talarico, médico pós-graduado em Dermatologia Clínica-Cirúrgica, Transplante Capilar e Tricologia Médica e professor nos cursos de Dermatologia, Tricologia, Transplante Capilar (Cirurgia Capilar) e Medicina Estética. Mas atenção, esse é um evento autolimitado e autoresolutivo, segundo o Dr. Danilo e não deve ser confundido com as alopecias: “No eflúvio telógeno, há a retomada do ciclo normal do folículo capilar com a emissão de novas hastes capilares que substituirão as hastes que caíram. Já nas alopecias, principalmente as cicatriciais, não existe essa reposição dos fios, pois os folículos em si sofrem atrofia (morte)”, explica o médico.

O Dr. Danilo S. Talarico destaca que a grande preocupação do eflúvio pós-parto é no caso de mulheres que já têm algum quadro de doença no couro cabeludo, pois terá uma exuberância no aspecto estético após essa fase. “Então o cuidado preventivo das doenças de base do couro cabeludo das mães é fundamental para ter essa passagem muito mais leve e tranquila com essa queda capilar pós-parto”, explica.

O que ocorre

Para entender melhor essa queda, que muitas vezes preocupa, é necessário voltar a atenção ao que ocorre na gravidez. Segundo a Dra. Deborah Beranger, endocrinologista, com pós-graduação em Endocrinologia e Metabologia pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (SCMRJ), os hormônios femininos são relacionados ao crescimento e boa textura do cabelo e é por isso que durante a gravidez, quando eles estão em profusão, os fios tornam-se mais bonitos, brilhantes, densos, fortes e com crescimento acima da média. “Durante a gestação, por conta do estímulo dos hormônios femininos nos cabelos, os fios ficam em fase anágena, de crescimento. Então, no geral, a gestante, a não ser aquelas com deficiência de ferro, anemia ferropriva, deficiência de ácido fólico ou ainda de vitamina D, tem uma qualidade capilar de excelência. No entanto, no período pós-parto há uma grande preocupação com a queda desses fios. Esse fenômeno é chamado de eflúvio telógeno pós-gestacional, com queda intensa dos fios”, explica a Dra. Lilian Brasileiro, médica especialista em Dermatologia.

De acordo com Dra. Lilian, enquanto na gestação o aumento dos hormônios femininos provoca uma vasodilatação para o bulbo capilar trazendo mais oxigênio e nutrientes, mantendo os fios na fase de crescimento por longo período, no pós-parto acontece uma diminuição acentuada dos hormônios femininos, o que favorece a queda. “Este quadro pode começar principalmente nos primeiros quatro a seis meses. Há uma baixa dos hormônios femininos no pós-parto e no pós-cesárea pelo próprio estresse do período pós-cirúrgico e muitas vezes em casos em que a paciente não descansa o suficiente, não se alimenta como deveria, além da questão da amamentação. O quadro de estresse físico e emocional com alteração hormonal pode levar à queda capilar”, explica a médica Dra. Lilian.

“Sempre podemos mitigar esse problema com um acompanhamento nutricional e médico certeiro durante a gestação, ter um plano de ação bem pensado para os primeiros meses pós-parto para cuidar do bebê com o menor comprometimento dos cuidados da saúde da mãe, preservar os horários de sono, alimentação e descanso com a essencial participação do pai no seu papel da paternidade”, defende o Dr. Danilo. “Uma recomendação pode ser a introdução de vitaminas para melhorar a performance e nutrição capilar no último trimestre”, afirma a Dra. Lilian.

Segundo a Dra. Lilian, essa é uma característica importante a ser pensada, observada e prevenida. “Embora o eflúvio telógeno possa ser resolvido sozinho, podemos entrar imediatamente com altas dosagens de vitaminas, checar os níveis férricos e as questões relacionadas aos hormônios femininos e a tireoide, a vitamina D, zinco e o ácido fólico; e fazer o uso de substâncias específicas se elas tiverem carência ou a reposição de um aporte nutricional que seja específico para a parte capilar”, destaca a médica. Com relação à suplementação nutricional para o cabelo, já no terceiro trimestre, a médica explica que podem ser usadas substâncias como biotina, silício, ferro e zinco, além de ácido fólico. Além disso, alguns cuidados tópicos podem ser colocados em prática, como a utilização de loções.

Para tratar, o Dr. Danilo diz que, além da investigação com exames laboratoriais (de sangue) para fazer uma suplementação metabólica assertiva e precisa, é preciso usar diversos protocolos de tratamento para acelerar essa parada da queda e crescimento dos novos fios com as terapias regenerativas, por exemplo o PRP. “E, no consultório, após o nascimento, podem ser usados tratamentos como laser fracionado não ablativo e a técnica de microinfusão de medicamentos, associado também ao HydraFacial Keravive”, diz a médica.

“O procedimento fornece uma limpeza e esfoliação profunda que o paciente não consegue alcançar com lavagens regulares em casa, ao mesmo tempo em que infunde substâncias que nutrem o fio. Keravive também pode contribuir no tratamento de queda capilar, podendo estimular o crescimento dos folículos caso estejam em repouso. De maneira geral, melhorar a saúde do couro cabeludo, com maior aporte nutricional e incremento no processo de microcirculação, pode contribuir no tratamento de variados tipos de queda capilar”, finaliza a especialista Dra. Lilian Brasileiro.

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Fonte e Foto: Dr. Danilo S. Talarico; Dra. Deborah Beranger; Dra. Lilian Brasileiro

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