Risco de câncer de pele sobe 74% quando parentes de primeiro grau tiveram melanoma

Nem sempre o diagnóstico de um melanoma em um familiar incentiva outros membros da família a usar fotoprotetor. Saiba como proteger a pele

Melanoma é o tipo de câncer de pele com o pior prognóstico e o mais alto índice de mortalidade, e a genética é realmente a principal causa da doença. De acordo com pesquisas, pacientes com histórico familiar de melanoma apresentavam risco significativamente maior de desenvolver melanoma e outros cânceres de pele, especialmente no tronco e extremidades. Na pesquisa de 2019 da Universidade de Harvard e de Indiana, os cientistas descobriram, por exemplo, que pacientes brancos com histórico familiar de melanoma em um parente de primeiro grau tiveram risco 74% maior de desenvolver melanoma em comparação com aqueles que não relataram histórico familiar. “Este estudo nos diz que qualquer pessoa com um membro da família de primeiro grau com melanoma está em risco aumentado para todos os cânceres de pele”, explica a dermatologista Dra. Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD).

De acordo com a pesquisa, o risco aumentado foi observado para lesões de melanoma que ocorrem no tronco e extremidades. Além disso, o risco de carcinoma espinocelular (CEC) também foi 22% maior em pacientes com história familiar de melanoma e, da mesma forma, pacientes com história familiar de melanoma tiveram um risco 27% maior de desenvolver carcinoma basocelular (CBC) em comparação àqueles sem história familiar de melanoma. “Embora a principal causa do melanoma seja genética, a exposição solar também influencia no aparecimento da doença. O papel de pesquisas como essa é alertar que indivíduos com histórico familiar de melanomas devem ter comportamentos de segurança solar, além de fazer exames de rotina de pele”, afirma a médica.

Para o estudo, o grupo de pesquisadores examinou dados de 216.115 participantes de três estudos anteriores, que foram acompanhados prospectivamente por mais de 20 anos para estimar a associação entre história familiar e história pessoal de melanoma e outros canceres da pele. Os participantes foram solicitados a fornecer informações sobre a história de melanoma e câncer de pele de parentes de primeiro grau, ou seja, pais e irmãos, em intervalos repetidos ao longo do tempo.

Os pesquisadores também observaram que, enquanto a associação entre melanoma troncular e histórico familiar de melanoma foi observada em homens e mulheres, os melanomas dos membros superiores e inferiores tiveram uma forte associação familiar nas mulheres. Os resultados estão de acordo com o fato de que, na população em geral, os melanomas são mais comumente encontrados no tronco para homens e extremidades inferiores em mulheres, e sugerem um componente ambiental significativo para o desenvolvimento do melanoma.

Apesar dos riscos, nem sempre o diagnóstico com melanoma de um familiar próximo encoraja outros membros da família a prestar atenção especial aos comportamentos de proteção solar. “O estudo descobriu que apenas um terço dos pacientes com história familiar de melanoma realmente evitou o sol como recomendado”, afirma a médica.

Dados – Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), apesar de não ser o mais frequente câncer de pele, no ano de 2018 são estimados 2.920 casos novos em homens e 3.340 casos novos em mulheres. Com relação ao câncer de pele não-melanoma, estimam-se 85.170 casos novos de câncer de pele entre homens e 80.410 nas mulheres para o ano de 2018. É por isso que você deve ficar atento aos sinais que aparecem no seu corpo e realizar exames periódicos com o dermatologista.

De acordo com a dermatologista Dra. Paola Pomerantzeff, evitar a exposição direta ao sol por períodos prolongados e o uso do filtro solar são as principais formas de proteger a pele contra a radiação. “O fotoprotetor deve ser usado diariamente independentemente da estação do ano e se está num dia nublado, chuvoso ou encoberto; as nuvens absorvem por volta de 10% da radiação ultravioleta, ou seja, apesar do dia não estar ensolarado, ele tem praticamente a mesma intensidade de radiação ultravioleta que um dia megaensolarado”, alerta a dermatologista. Esta fotoexposição, ao longo dos anos, pode gerar lesões novas ou modificar aquelas que já existiam previamente na pele de qualquer pessoa. Com uma exposição solar frequente, seja por lazer ou ocupacional, muitas vezes, as pessoas não percebem a medida da exposição ao sol silencioso no trabalho de campo, ao dirigir ou andar na rua. “Em todo caso, sempre procure um dermatologista ao notar sinais como pintas novas ou antigas que mudem suas características, ou qualquer lesão que coce, doa ou sangre e que aumente de tamanho com rapidez ou apresente sensibilidade”, finaliza a médica.

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Foto e Fonte: Dra. Paola Pomerantzeff

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