A depressão no Brasil tem se tornado um problema de saúde pública. O país é o quinto com maior incidência da doença no mundo, apresentando um número de casos superior ao de diabetes, de acordo com a Pesquisa Vigitel 2021, do Ministério da Saúde (MS).
De acordo com o estudo recente publicado na revista The Lancet[i], até 80% das pessoas afetadas pela doença no mundo sequer sabem de seu diagnóstico.
Já o levantamento realizado pelo Instituto Ipsos a pedido da Janssen, empresa farmacêutica da Johnson & Johnson, que ouviu 800 pessoas com ou sem relação com a depressão de 11 estados brasileiros, revela que entre os diagnosticados entrevistados, o tempo médio para procurar ajuda foi de 39 meses (três anos e três meses).
A demora ocorreu, principalmente, por falta de consciência de se tratar de uma doença (18%), resistência (13%) e medo do julgamento, reação dos outros ou vergonha (13%).
A importância do Setembro Amarelo
“A demora por buscar tratamento para a depressão pode trazer consequências devastadoras, como a cronificação da doença, agravamento dos sintomas, diminuição da eficácia dos tratamentos, perda de anos produtivos, impacto econômico e severa diminuição da produtividade, e todo um prejuízo em seu convívio familiar e social. A depressão precisa ser levada à sério”, comenta a professora de psiquiatria da Faculdade de Medicina do ABC e integrante da Comissão de Emergenciais Psiquiátricas da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Dra. Cintia de Azevedo Marques Périco,
Dados da pesquisa demonstram que ainda há falta de entendimento sobre sua gravidade e seu impacto na vida do paciente e de todos ao seu redor: apenas 10% acreditam que a depressão é uma doença com base biológica (e repercussões físicas no corpo).
Outros 35% não acham que pode ser tratada com medicamento e 36% acreditam que para superar a doença é preciso força de vontade.
O número de suicídios e de casos de depressão resistente ao tratamento somados a falta de entendimento sobre a doença e a demora em buscar ajuda evidenciam a gravidade do cenário da depressão no Brasil.
No entanto, esse panorama pode mudar com o avanço de políticas de atenção à doença.
Como, por exemplo, a criação de uma metodologia de práticas clínicas que seja padrão ao atendimento a depressão e que seja reaplicável nas unidades básicas de saúde, o desenvolvimento de mais pesquisas na área da saúde mental e o oferecimento de novos tratamentos para a doença.
A pesquisa
O Instituto Ipsos realizou a pesquisa para entender como a população geral percebe a depressão e a relação da doença com os casos de suicídio.
Entre junho e julho de 2020, por meio de questionário aplicado online, foram entrevistadas 800 pessoas, representando 11 estados brasileiros (Bahia, Pernambuco, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Goiás).
A margem de erro considerada foi de 3,5 pontos percentuais.
Referência:
[i] https://www.thelancet.com/
Fonte: Janssen
Foto: Divulgação