48 milhões de crianças não foram vacinadas entre 2019 e 2021, aponta relatório do Unicef

Percepção sobre a importância e a confiança nas vacinas diminuiu em 52 dos 55 países pesquisados pela organização

Vacinas salvam vidas, mas muitas crianças no mundo não foram imunizadas entre 2019 e 2021. O relatório “Situação Mundial da Infância 2023”, lançado pelo Unicef, aponta que 48 milhões de crianças não receberam nenhuma dose da tríplice bacteriana (DTP) nos anos analisados, sendo:

  • Em 2019: 13,3 milhões de crianças
  • Em 2020: 16,5 milhões de crianças
  • Em 2021: 18,2 milhões de crianças

A DTP protege contra três doenças:

  • Difteria: causada por uma bactéria transmitida pela saliva, produz toxinas que podem levar à insuficiência cardíaca e paralisia.
  • Tétano: provoca rigidez muscular progressiva e pode ocasionar insuficiência cardíaca. A transmissão acontece quando um ferimento entra em contato com bactérias presentes na terra, poeira ou fezes.
  • Coqueluche: infecção que atinge o sistema respiratório causada por uma bactéria transmitida por meio da saliva, tosse e espirros.

Para uma criança ser considerada imunizada, ela precisa tomar todas as doses recomendadas de cada vacina e seus reforços, quando indicados. O relatório global usou como a base a DTP, que conta com três doses.

Baixa cobertura

O relatório examina a situação das crianças em todo o mundo e aponta as lacunas que precisam ser preenchidas para garantir o acesso infantil às vacinas.

Segundo o documento, apesar do progresso inegável ao longo das décadas, a cobertura de imunização caiu ou estagnou em muitos lugares.

Os pesquisadores apontam que a Covid-19 colaborou para a queda na cobertura infantil, e esse declínio deve servir como um alerta para que os países voltem a priorizar a vacinação de rotina.

“Devemos tomar medidas para recuperar o atraso nas crianças que não foram vacinadas durante a pandemia, reconstruir os sistemas e preencher as principais lacunas nos sistemas de saúde. Para que a vacinação aconteça, a vontade política deve ser a prioridade número um em todos os países”, alerta o relatório.

Queda na confiança nas vacinas

O documento revela, também, que a percepção sobre a importância e a confiança nas vacinas para crianças diminuiu em 52 dos 55 países pesquisados.

No Brasil, embora os índices continuem altos, houve uma queda de 10 pontos percentuais — antes da pandemia, 99,1% dos brasileiros confiavam nas vacinas infantis, e pós-covid-19 são 88,8%.

Para reverter esse quadro, o Unicef faz algumas recomendações:

  • Identificar e alcançar urgentemente todas as crianças, especialmente àquelas que perderam a vacinação durante a pandemia de covid-19;
  • Fortalecer a demanda por vacinas, inclusive construindo confiança;
  • Priorizar o financiamento de serviços de imunização e atenção primária à saúde;
  • Reforçar os sistemas de saúde, incluindo investimento e valorização de profissionais de saúde, em sua maioria mulheres.

 

Covid-19: Ministério da Saúde orienta reforço da vacina para crianças a partir de 5 anos

Fonte: G1

Foto: Shutterstock

 

Deixe um comentário