Bolsonaro decide demitir Mandetta, mas volta atrás

Ex-ministro da Cidadania Osmar Terra era o mais cotado para assumir o cargo

O presidente Jair Bolsonaro ameaçou demitir ainda nesta segunda-feira (06/04) o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em meio à crise do novo coronavírus. Contudo, no final do dia o presidente voltou atrás e desistiu da ideia.

O deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), ex-ministro da Cidadania, era o mais cotado para substituí-lo. Ele almoçou com Bolsonaro e os quatro ministros que despacham do Palácio do Planalto nesta segunda, Walter Braga Netto (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Jorge Oliveira (Secretaria-Geral) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).

Bolsonaro ameaça demitir Mandetta

O diagnóstico entre auxiliares do presidente era que a permanência de Mandetta no cargo se tornou insustentável. Isso após uma série de críticas do presidente à sua atuação no enfrentamento à Covid-19. Ele foi acusado por Bolsonaro de falta de humildade, em entrevista na última quinta-feira, e contrariou o presidente ao defender o isolamento e o distanciamento social para combater a disseminação da Covid-19.

No domingo, Bolsonaro havia dito, sem citar nomes, que “algumas pessoas” do seu governo “de repente viraram estrelas e falam pelos cotovelos” e que ele não teria medo nem “pavor” de usar a caneta contra eles.

Mandetta vem negando que pediria demissão e disse que só sairia do governo por decisão do presidente. Na sexta-feira, após as críticas de Bolsonaro, afirmou que não iria “abandonar o paciente”.

Terra, que é médico, manteve sua posição de apoio ao governo e pela flexibilização do isolamento, o que agradou Bolsonaro.

Na última quarta-feira, o presidente teve três audiências com a participação de Terra no Palácio do Planalto. A primeira foi com o ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, e as outras duas com dez médicos. A audiências foram para discutir o uso da hidroxicloriquina no tratamento de infectados com a Covid-19. Mandetta, por sua vez, não foi convidado para as reuniões com os médicos.

Também na semana passada, o ministro da Saúde chamou Terra de “Osmar Trevas” em um grupo de WhatsApp do DEM, seu partido, após o compartilhamento de uma notícia sobre a reunião com os médicos. Foi a única vez que ele se pronunciou no grupo da sigla em toda a crise.

Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
Fonte: O Globo/Guia da Farmácia

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