Brasil está “pronto para decidir” na adoção da medicina personalizada

Levantamento do The Economist aponta a evolução do País na estrutura necessária para a personalização

Relatório da The Economist Intelligence Unit divulgado no dia 15 de outubro aponta o Brasil como um dos cinco países da América Latina “prontos para decidir” rumo a uma abordagem integral para avançar na chamada medicina personalizada.

Patrocinado pela Roche Foundation Medicine, o levantamento mostra que, ao lado de Argentina, Colômbia, Costa Rica e Uruguai, o nosso País tem um amadurecimento considerável em quatro áreas determinantes para a consolidação de políticas públicas que contemplem a personalização.

São elas: governança; conscientização e atitudes; infraestrutura; e administração financeira.

A transição de poucas soluções aplicadas para muitas pessoas (“one-size fits all”) para os cuidados personalizados está apenas começando, mesmo nos países mais adiantados da América Latina.

Mas já existem avanços importantes que pressagiam a magnitude da mudança que é possível.

De acordo com a análise do The Economist, iniciativas pontuais sobre elementos dessa estrutura são comuns nos países.

Muitas delas relevantes para promover o atendimento personalizado, que pode ser, então, resumido como o diagnóstico e o tratamento adequados para o paciente certo no momento oportuno.

Mundialmente, o maior progresso da medicina personalizada até agora está na oncologia e no campo das doenças raras.

A percepção dos especialistas ouvidos para o relatório é que hoje é possível oferecer um cuidado mais assertivo ao personalizar o atendimento do paciente conforme as características moleculares.

Outra visão

No entanto, o The Economist indica que uma visão holística ainda é necessária.

Por exemplo, enquanto os rígidos processos regulatórios do Brasil têm evoluído em agilidade nos últimos anos, um dos grandes desafios para as autoridades será lidar, cada vez mais, com novos tipos de evidências.

Como por exemplo, aquelas provenientes de estudos clínicos do tipo “basket” ou adaptativos, além do uso de novas fontes de dados, como evidência de mundo real.

“Dados de mundo real obtidos de várias fontes como prontuários médicos eletrônicos, solicitações a planos de saúde, registros diagnósticos e de tratamento, além de outros dispositivos portáteis, podem ser analisados para gerar evidências a serem utilizadas em ensaios clínicos e estudos observacionais”, diz o head de Medicina Personalizada da Roche Brasil, Marcelo Oliveira.

“A profundidade dessas análises e a agilidade para se obter respostas e caminhos são algo revolucionário e que pode desenvolver soluções mais eficientes e sustentáveis para os sistemas de saúde”, acrescenta.

Os conjuntos de dados genômicos, coletados em registros de pacientes, exemplifica o The Economist, fornecem evidências que não apenas apoiam a aprovação de novos medicamentos, mas também restringem as aprovações existentes àqueles pacientes que certamente serão beneficiados, o que é importante para controlar o custo total dos tratamentos e evitar efeitos colaterais de drogas desnecessárias naquele contexto.

Avanços do Brasil na medicina personalizada

No Brasil, em particular, são necessários avanços em registros eletrônicos, compilação de dados e acesso aos exames de perfil molecular de pacientes já diagnosticados.

Segundo o levantamento do The Economist, os especialistas apontam que o uso de biomarcadores para determinar as opções de terapia é uma prática mais comum no setor privado, mas esta não é a realidade do Sistema Único de Saúde (SUS).

Embora alguns centros públicos de referência tenham seus próprios orçamentos para testes e equipamentos especializados.

Por outro lado, o Brasil é a principal referência na América Latina em avaliação de tecnologias em saúde (ATS), que é considerada uma ferramenta essencial para a capacidade dos sistemas de saúde de selecionar racionalmente quais intervenções personalizadas é possível oferecer para toda a população de forma sustentada.

O The Economist ressalta, contudo, que a incorporação de novas tecnologias no país em média triplicou durante os cinco anos seguintes à criação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias em Saúde do Brasil (Conitec), em comparação com os cinco anos anteriores.

O relatório do The Economist externa, ainda, que o financiamento continuará sendo um desafio até que a medicina personalizada seja considerada um investimento e não um custo.

Contudo, o estudo pondera que os sistemas de saúde não podem adiar indefinidamente a medicina personalizada, seja pela demanda crescente dos próprios pacientes ou pelo aumento exponencial dos custos coletivos de abordagens pouco assertivas que negligenciam o uso de tecnologias mais avançadas e seus melhores desfechos.

 

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Fonte: Roche

Foto: Shuttestock

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