Crianças de 5 anos são as que mais morrem por Covid-19 no Brasil entre faixa etária de vacinação infantil

Dados compilados do Portal da Transparência de Registro Civil mostram que, desde o início da pandemia no país, houve 324 óbitos pela doença entre idades de 5 a 11 anos

As crianças de 5 anos foram as que mais morreram no Brasil em decorrência da Covid-19 desde o início da pandemia no país entre a faixa etária apta à vacinação infantil, de acordo com dados contabilizados pelos Cartórios de Registro Civil.

Entre março de 2020 e janeiro deste ano, foram notificados 65 óbitos por coronavírus nesta idade, de um total de 324 vítimas da enfermidade na faixa etária de 5 a 11 anos, que será contemplada pelo plano nacional de imunização previsto para começar a partir da próxima sexta-feira.

A vacinação infantil foi autorizada em dezembro pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no entanto, a decisão enfrentou resistência do governo.

Então, após consulta pública, o Ministério da Saúde (MS) definiu, então, que não vai exigir receita médica para a imunização das crianças entre 5 e 11 anos, conforme, então, pretentido inicialmente.

A autorização dos pais também será apenas uma recomendação, e não obrigatória como havia sido anunciado.

Dados compilados do Portal de Transparência de Registro Civil mostram que as crianças de 6 anos foram o segundo grupo mais afetado entre a faixa etária infantil, com 47 mortes por Covid-19. Em seguida, vêm as que possuem 7 e 11 anos, ambas com 46 óbitos cada. Houve ainda 43 vítimas com 10 anos, 40 com 9 anos, e 37 com 8 anos.

Segundo o pediatra e infectologista Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), apesar dos números, não há, portanto, muita diferença em relação a formas graves da Covid-19 nessa faixa etária entre 5 a 11 anos.

Crianças menores de 2 anos, ao contrário, estariam mais vulneráveis em razão da imunidade ainda imatura.

“Dentro da pediatria, os extremos são os que têm formas mais graves. Os menores de 2 anos e os maiores de 11 anos, já dentro da adolescência. Entre os de 2 anos e 10 anos, praticamente não há muita diferença. O risco dobra entre menores de 2 anos e maiores de 11 quando se compara com os de 2 a 10 anos. Mas não há muita diferença entre 5, 7 ou 9. É mais ou menos muito semelhante. Em geral, é isso que a gente vê nas curvas de distribuição de faixa etária de formas graves”, afirma.

Pesquisa sobre a Covid-19 em crianças 

Entre os estados brasileiros, São Paulo, o mais populoso do país, respondeu percentualmente por 22,8% dos óbitos de crianças nesta faixa etária, seguido por Bahia (9,3%), Ceará (6,8%), Minas Gerais (6,5%), Paraná (6,2%), Rio de Janeiro (5,9%) e Rio Grande do Sul (4%).

Já Amapá, Mato Grosso e Tocantins foram as unidades que registraram o menor número de óbitos na faixa etária.

De acordo com dados do governo, 301 crianças morreram em decorrência da Covid-19 doença desde a chegada do coronavírus até o dia 6 de dezembro, o que, em 21 meses de pandemia, significa 14,3 mortes por mês ou uma a cada dois dias.

Ao todo, são cerca de 20 milhões de crianças com idade entre 5 e 11 anos no Brasil. Isso significa que para a imunização completa, com duas doses, são necessárias 40 milhões de vacinas.

Chegada da vacina

A previsão é que cerca de 3,7 milhões de doses pediátricas cheguem ao país em janeiro. O montante deve alcançar 20 milhões até o fim do primeiro trimestre.

Se essa previsão se mantiver, irá demorar ao menos três meses para imunizar todas as crianças com ao menos uma dose.

O intervalo entre as doses será de oito semanas — prazo maior que o de três semanas aprovado na bula da Anvisa.

Covid-19: 84% das famílias de São Paulo pretendem vacinar crianças 

Fonte: O Globo

Foto: Shutterstock

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