Dia do Farmacêutico: CRF/MG mostra as conquistas da entidade em 2020

A presidente do CRF-MG, Júnia Célia de Medeiros, fala, em entrevista exclusiva ao Portal Guia da Farmácia, sobre os desafios que os farmacêutiucos enfrentaram na pandemia

O Dia do Farmacêutico é comemorado no dia 20 de janeiro no Brasil e, para celebrar a data, o portal Guia da Farmácia preparou entrevistas exclusivas com conselhos regionais de farmácia e o Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais (CRF/MG) foi contemplado.

Em entrevista exclusiva, a presidente da entidade, Júnia Célia de Medeiros, aborda os aprendizados da Covid-19 e as expectativas para o ano.

Confira, a seguir, os principais momentos deste bate-papo.

GUIA DA FARMÁCIA –No Dia do Farmacêutico, é natural fazer algumas reflexões sobre o tema e queremos ouvir a opinião do CRF/MG sobre alguns temas. Diante da pandemia pela Covid-19, por exemplo, quais foram os principais desafios que os farmacêuticos tiveram de enfrentar?

JÚNIA CÉLIA DE MEDEIROS – Neste Dia do Farmacêutico, o CRF/MG vê que estes profissionais, assim como outros da área da saúde, tiveram o desafio inicial de entender a doença e adequar os serviços para o novo cenário de pandemia.

Assim, além das ações de promoção da biossegurança do ambiente de trabalho e educação da população, os farmacêuticos tiveram um desafio especial em relação aos diversos medicamentos e terapias ventilados para o tratamento da Covid-19.

Dessa forma, além de diversas frentes como nas análises clínicas laboratoriais, a atuação dos farmacêuticos foi essencial para garantir o abastecimento nos serviços de saúde e para inibir o uso indiscriminado e irracional de medicamentos.

O CRF-MG sempre preocupou-se em ser referência técnica para os farmacêuticos. Para isso, produziu vários materiais técnicos, criou um hotsite específico, além de realizar lives técnicas com temas diversos.

GUIA – A população passa a ter um novo olhar para esses profissionais e para as farmácias, como um estabelecimento de saúde?

JÚNIA – A cada ano, as farmácias se estabelecem mais fortemente aos olhos da população como um estabelecimento de saúde essencial para o atendimento do indivíduo e da comunidade.

Isso porque o papel das farmácias públicas e privadas foi essencial durante a pior faze da pandemia. Por estar sempre acessível, na farmácia, a população buscou apoio e orientação sobre a Covid-19, assim, tendo no farmacêutico o apoio para receber orientação segura sobre a prevenção e tratamento da doença.

GUIA – A pandemia também acelerou a transformação digital, seja entre empresas e consumidores. Como essas mudanças têm impactado e ainda devem impactar a rotina dos profissionais da farmácia?

JÚNIA – Com a pandemia, houve a instituição da telemedicina, que permitiu ao médico atender e prescrever remotamente medicamentos ao paciente.

Assim, por meio de diversas regulamentações sanitárias publicadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as farmácias adequaram-se rapidamente para atender as receitas digitais e promover a dispensação segura dos medicamentos.

Certamente, essa e outras rotinas devem perdurar, sendo assim um desafio para que os serviços possam se adequar e atender as necessidades dos pacientes.

GUIA – De que forma a telemedicina e a prescrição digital se tornaram uma realidade para as farmácias? Quais os benefícios e riscos dessas mudanças?

JÚNIA – O Conselho Federal de Farmácia (CFF), mesmo antes da pandemia, já participava de estudos que pudessem modernizar o atendimento e dispor na farmácia, de forma segura, o atendimento às receitas digitais.

Com a instituição legal do Estado de Pandemia no País, o CFF, em parceria com o Ministério da Saúde, Instituto Nacional de Tecnologia e Informação (ITI) e Conselho Federal de Medicina (CFM), aceleraram o processo para o desenvolvimento de mecanismos seguros para o atendimento e prescrição remotas por parte do médico, com possibilidade de verificação da receita, bem como com orientação ao paciente e dispensação segura de medicamentos por parte do farmacêutico.

Assim, tais ações foram extremamente importantes e benéficas para a população, especialmente para os grupos de risco da Covid-19 que não precisaram sair de casa.

Nesse momento, estamos estudando o aprimoramento das ações relacionadas à telemedicina para garantir cada vez mais a segurança do paciente.

GUIA – Com a esperada atualização da RDC 44/09, quais novas responsabilidades se pode esperar dos profissionais farmacêuticos? Os farmacêuticos estão preparados para elas?

JÚNIA – O texto proposto para alteração da RDC 44/2009, por meio da Consulta Pública 911, apesar de precisar ser revisto em alguns pontos, normatiza a ampliação dos serviços farmacêuticos, baseados no cuidado farmacêutico, que já são uma realidade em diversos estabelecimentos no País.

Na última década, houve um grande salto regulatório na profissão farmacêutica, especialmente voltado para a farmácia clínica.

Assim, exigindo cada vez mais preparo e atualização do profissional. Dessa forma, estamos no CRF/MG investindo fortemente em capacitação técnica de qualidade, para que nossos colegas estejam preparados para os novos desafios.

GUIA – Qual a importância da atualização, capacitação e treinamentos constantes desses profissionais?

JÚNIA – Há mais de 10 anos, o CRF/MG possui o Capacifar, um programa que oferece cursos de capacitação gratuitos aos farmacêuticos do Estado.

Em 2020, criamos o Capacifar Online, que conta com plataforma EaD, videoaulas, tutoriais, fóruns, bem como videoconferências e estudos dirigidos remotos.

A proposta é formatada em um projeto educacional robusto, capaz de transpor a distância e oferecer uma qualificação que realmente capacite o profissional.

Desde julho, quando o programa foi lançado, já oferecemos mais de 2 mil vagas gratuitas para farmacêuticos e estudantes de Minas Gerais. Isso porque sabemos que a capacitação é a ferramenta mais importante para o enfrentamento da crise e crescimento dos profissionais. A qualidade dos cursos Capacifar Online foi extremamente elogiada por todos que participaram e, certamente, permaneceremos com o programa após a pandemia.

GUIA – Qual a importância que os farmacêuticos ganharam no incentivo para a continuidade de um tratamento ou mesmo no autocuidado dos consumidores?

JÚNIA – Os farmacêuticos são os profissionais da saúde mais próximos e disponíveis ao paciente.

O cuidado farmacêutico nas farmácias comunitárias foi essencial para o enfrentamento da pandemia e, certamente, reforça cada vez mais a importância do profissional farmacêutico para o cuidado e educação em saúde da população.

GUIA – Na sua visão, qual o perfil que os profissionais que atuam hoje no varejo farmacêutico precisam ter?

JÚNIA – O farmacêutico, independente da área e setor de trabalho, será sempre uma referência. Uma vez que é sua atribuição instituir as ações de controle e promoção do uso racional de medicamentos.

Assim, consideramos essencial que, além das competências técnicas, os profissionais estejam qualificados para a gestão.

Recentemente, efetuamos uma parceria com o Sebrae que disponibilizou gratuitamente aos farmacêuticos do Estado de Minas Gerais acesso a diversos materiais técnicos voltados para gestão e empreendedorismo.

Atualmente, estamos desenvolvendo um novo programa de treinamento e esperamos disponibilizá-lo por meio do Capacifar Online em 2021.

GUIA – Quais foram as principais conquistas do CRF-MG em 2020?

JÚNIA – Entendemos que as conquistas são de todos os farmacêuticos de Minas Gerais. Apesar dos desafios deste ano, trabalhamos focados em humanizar, bem como modernizar e melhorar as ações e serviços do CRF/MG.

Entre as muitas conquistas, destacamos:

  • Instituição da Fiscalização humanizada, focada no apoio ao profissional e não na punição.
  • Criação do Capacifar Online.
  • Criação do Clube de Vantagens – que oferece descontos em várias lojas e serviços.
  • Modernização e informatização dos processos de atendimento e registro.
  • Criação do programa Atitude Farmacêutica – direcionado a responsabilidade social e ambiental.
  • Permissão do registro de consultório farmacêutico para profissionais autônomos.
  • Mudança para a nova sede do CRF/MG.
  • Ganho judicial do processo que proibiu técnicos de farmácia assumirem RT de drogarias.

GUIA – Quais devem ser as maiores lutas e desafios da entidade para 2021?

JÚNIA – Queremos que o CRF/MG deixe de ser um órgão punitivo e seja visto como um parceiro do profissional farmacêutico, assim, oferecendo benefícios cujo valor vai muito além da anuidade.

Além disso, esperamos que em 2021 possamos ampliar e consolidar nossos projetos e estar mais próximos dos farmacêuticos do Estado, realizando diversas ações e eventos, como o 15º Congresso de Farmácia e Bioquímica de Minas Gerais.

Fonte: Guia da Farmácia

Foto: Divulgação – CRF/MG

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