Olhar para si, observar e escolher ações em prol de sua saúde e bem-estar. Eis o princípio fundamental do autocuidado: a pessoa como centro de qualquer mudança em sua vida e na sua saúde.
A definição do conceito de autocuidado vem de 1983, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) atualizou-a no Dia Mundial da Saúde, em 2013, como a capacidade de indivíduos, famílias e comunidades para promover a saúde, prevenir as doenças, manter-se saudável e cooperar com a doença e incapacidades com ou sem o apoio do prestador de cuidados de saúde.
A velhice é uma condição inevitável, a qual todos estão sujeitos e, apesar de ser um processo de maturação biológica e natural no curso de vida, há muitos preconceitos em como lidar com tal condição. A crença de que envelhecer, ou viver a velhice possui relação direta com o adoecimento estimula os sentimentos de medo, bem como práticas que podem antecipar a vivência de perdas, já que sem necessidade, familiares e cuidadores em geral podem interferir na autonomia do idoso, o que consequentemente desencadeará um processo de dependência da pessoa idosa.
O autocuidado na velhice
Há muitas variáveis que atuam e interferem no processo de envelhecimento e em como viver a velhice, mas em todas elas há um denominador comum: o cuidado das pessoas com o idoso e o autocuidado, que é a forma como ele cuida de si próprio.
Na medicina preventiva, o termo autocuidado, também conhecido em inglês como “self-care”, busca tornar o paciente consciente e mais participativo na gestão de sua saúde, ou seja, mais atuante e responsável por si mesmo. Vale lembrar que não significa estar sempre bem, mas sim estar pronto a entender a si mesmo e buscar soluções, quando elas se fizerem necessárias.
Inicialmente, é preciso compreender que autocuidado e autoestima são termos inseparáveis, que andam lado a lado, pois o autocuidado ajuda a melhorar a autoestima. E quando seu foco é direcionado à saúde, ajuda a estar atento e não ignorar sinais de que algo pode estar errado, adotando meios de prevenção de patologias.
Por onde começar
Uma forma de autocuidado é a revisão de estilo de vida. Por exemplo, se a prática de exercícios físicos é sempre procrastinada, é preciso dar o chamado “pontapé inicial” e mudar a postura. Antes de mais nada, o acompanhamento de um médico com orientações indicadas para suas necessidades é de grande valia.
“Quando descuidamos de nós mesmos, os reflexos aparecem em algum momento e eles podem ser os mais diversos e nem sempre tão claros que permitam uma associação imediata”, explica a psicóloga capacitadora do Projeto Cuidados Solidários do Governo do Estado de São Paulo, Alessandra Martins.
O fisioterapeuta e autor do trabalho “Autocuidado: Teorias e Práticas do Bom Envelhecer”, que conquistou o 1º lugar no Prêmio de Inovação na Gestão Pública do Estado do Espírito Santo (INOVES), Fernando Márcio Araújo Dutra, explica o autocuidado como o recurso que a pessoa utiliza para atender às próprias necessidades. “Desde tomar banho sozinho, vestir-se, alimentar-se, tomar seus remédios, administrar suas economias, se locomover, se comunicar, se divertir, praticar atividades físicas, entre outras atividades comuns da sua vida diária”, diz.
Ele defende que a melhor forma de conscientização quanto à importância do autocuidado ainda é a informação. “Essa é a melhor terapia que existe”, brinca. É preciso que o idoso tenha o entendimento das fases do corpo e suas alterações fisiológicas decorrentes do envelhecer e a capacidade de ter atitudes curativas e preventivas para o bem viver.
O paradoxo da Medicina atual
Para o especialista, vivemos um momento que podemos chamar de: “O paradoxo da Medicina atual’’, pois observa-se um enorme avanço da medicina no mundo, porém, as pessoas continuam a adoecer. “Acredito que isto ainda se dá por conta do modelo assistencial e curativo da medicina convencional que ainda vivenciamos na prática. Precisamos de um modelo inovador que venha focar na prevenção, na promoção da saúde e na mudança do estilo de vida por meio da informação, a fim de empoderar a pessoa idosa para o autocuidado”, afirma. “Para isso, é preciso proporcionar conhecimento suficiente para capacitá-la a se cuidar, dando autonomia para que decida o que é melhor para a sua vida, identificando e corrigindo os fatores de risco que desencadeiam as doenças e os agravos à sua saúde, visando, dessa forma, melhorar a sua qualidade de vida”, conclui.
Entre as medidas que devem ser adotadas pelo público sênior quanto ao autocuidado, estão questões como ter uma higiene pessoal e nutrição adequadas, praticar atividades físicas, visitar regularmente um médico de confiança para um panorama de suas condições de saúde, recorrer a fontes seguras em busca de tratamentos e, sobretudo, o autoconhecimento, que é fundamental para diferenciar um problema cotidiano, como um resfriado, de algo mais sério.
Patologias comuns
Ainda que a população idosa no País tenha mais cuidado e acesso à informação e, com isto, esteja mais focada em buscar alternativas para viver mais e melhor, algumas doenças costumam ser prevalentes em pessoas com mais de 60 anos de idade, como hipertensão e diabetes que, juntas, constituem os principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC). Essas, assim com outras mais comuns, também merecem a atenção por parte do farmacêutico, que deve orientar o paciente idoso sobre administração e benefícios para a manutenção da saúde.
• OSTEOPOROSE
Como tratar a osteoporose?
Sem controle, ela pode trazer riscos de fraturas de colo de fêmur e de coluna. Por isso, é indicada a reposição de cálcio e o uso de outras medicações com atuação diretamente no osso que devem ser prescritas pelo médico especialista. Alertar os pacientes que alguns anti-hipertensivos podem levar alguns dias para manutenção e equilíbrio dos efeitos terapêuticos. Por isso, nunca se deve deixar de tomá-los.
• OSTEOPOROSE
Como tratar a osteoporose?
Sem controle, ela pode trazer riscos de fraturas de colo de fêmur e de coluna. Por isso, é indicada a reposição de cálcio e o uso de outras medicações com atuação diretamente no osso que devem ser prescritas pelo médico especialista. Alertar os pacientes que alguns anti-hipertensivos podem levar alguns dias para manutenção e equilíbrio dos efeitos terapêuticos. Por isso, nunca se deve deixar de tomá-los.
• INCONTINÊNCIA URINÁRIA
Não consigo mais controlar a urina, o que devo fazer?
A incontinência também pode aumentar o risco de queda e isolamento social e muitos pacientes deixam de sair e praticar suas atividades pelo receio de escape urinário. Mas há várias frentes de tratamento para contornar o problema, como a fisioterapia e os medicamentos (como antibióticos), mas a causa deve sempre ser considerada, pois pode ser de ordem emocional ou fisiológica.
Pode-se realizar um acompanhamento de tratamento medicamentoso e psicossocial, oferecendo novidades em produtos correlatos.
• ALZHEIMER
Quais os principais indícios do aparecimento do Alzheimer?
Há um declínio mais acelerado das condições do paciente, que pode apresentar problemas na cognição (dificuldade de pensar, confusão mental, delírios), no comportamento (agitação, agressão, inquietação), no humor (apatia, raiva, solidão), além de problemas físicos, como incontinência urinária e incapacidade de coordenar movimentos musculares. Infelizmente, não há medicamentos que mudem o desfecho da doença, mas que podem reduzir a velocidade de progressão. Para esses casos, são usados os anticolinesterásicos e antipsicóticos.
O farmacêutico pode incentivar a adoção de hábitos alimentares saudáveis, como estimular a prática de atividades físicas ou leitura, algo que dê satisfação e que exercite a mente.
• DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC)
Cansaço e faltar de ar podem estar ligados a doenças pulmonares?
Sim, como é o caso da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), caracterizada pela falta de ar e muito cansaço, além de sua evolução ser a infecção pulmonar. No entanto, somente o médico poderá avaliar e ver se o quadro clínico é este mesmo. Há várias formas de controle, com corticoides, broncodilatadores e betabloqueadores, entre outros.
Pode-se realizar um acompanhamento de tratamento medicamentoso e incentivar a adoção de hábitos saudáveis para controle da patologia.
• DIABETES
Por que preciso controlar o diabetes?
Porque além do infarto e do Acidente Vascular Cerebral (AVC), há riscos de amputações por lesões de membros. Alguns pacientes podem evoluir para uma doença renal, com necessidade de diálise ou transplante do órgão, além de apresentar retinopatia diabética (complicação por excesso de açúcar no sangue), entre outras. O tratamento pode ser feito com antidiabéticos orais (comometformina) e/ou insulinas injetáveis.
O farmacêutico pode atuar, de forma ativa, com atendimento direcionado para a prevenção, a detecção precoce, o acompanhamento de tratamento medicamentoso e a monitorização do paciente diabético por meio da medição da glicemia.
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