Estado de SP desobriga uso de máscaras em locais abertos

Medida vale já a partir de hoje, dia 9

O governo de São Paulo liberou o uso de máscaras por alunos, professores e outros funcionários nos espaços abertos das escolas, mas manteve a obrigação nas salas de aula e locais fechados.

O anúncio foi feito no começo da tarde desta quarta-feira, 9, em coletiva pelo governador João Doria. A medida já começa a valer a partir desta quarta e abrange também estádios, centros abertos para eventos, autódromos e áreas correlatas.

Os estádios de futebol e demais espaços de eventos também poderão voltar a ter 100% do público.

O governador João Doria informou que em duas semanas vai avaliar a liberação completa do uso de máscaras no Estado, o que poderia incluir a liberação para espaços fechados. A previsão é que o anúncio oficial seja feito no próximo dia 22.

O debate sobre as escolas se estendeu nos últimos dias depois que o Estado decidiu desobrigar o uso de máscaras em outros espaços abertos, como ruas e parques. 

As escolas, no entanto, ainda suscitavam dúvidas porque alguns membros do comitê de especialistas que assessora o governo entendem que momentos de recreio e educação física têm mais risco de transmissão.

Por outro lado, Estados como Rio Grande do Sul e Santa Catarina, além de outros países, já haviam liberado as máscaras nas escolas, em alguns casos, até na sala de aula.

De acordo com o  governador Doria estudos têm mostrado impactos no desenvolvimento de crianças pelo uso prolongado de máscaras, especialmente em questões sociais e emocionais.

Durante a coletiva, Doria atribuiu a liberação do uso obrigatório de máscaras “fundamentalmente ao avanço da vacinação”. Hoje, o Estado de São Paulo tem 89,27% da população elegível (acima dos 5 anos) com o esquema primário de imunização – duas doses ou vacina de aplicação única. “É a primeira vez em dois anos que faço uma coletiva sem máscaras. Estou me sentindo leve”, disse o governador ao retirar a proteção facial no jardim do Palácio dos Bandeirantes.

Uso de máscaras em SP

O debate sobre uso de máscaras nas escolas ganhou força com a queda nos indicadores da covid-19 e depois que os Estados Unidos e países europeus flexibilizaram nas últimas semanas a exigência em escolas.

Shows, restaurantes e festas com adultos sem qualquer proteção e fiscalização fizeram com que pais e mães reclamassem da rigidez imposta aos alunos, sobretudo aos menores.

Em São Paulo, o Centro de Contingência da Covid-19 chegou a discutir liberar as máscaras em escolas que tivessem mais de 90% das crianças vacinadas, no entanto, a ideia não foi para frente.

O comitê analisou os números da pandemia, que têm caído nas últimas semanas, para tomar a decisão. Hoje, a taxa de internação nos leitos de UTI do Estado é de 37,6%; ma Grande São Paulo, a taxa chega a 37,1%.

De acordo, portanto, com o secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn, também houve queda de 42,2% nos casos de covid em todo o Estado ao longo da última semana e de 54% nos últimos 30 dias.

As internações pelo coronavírus também caíram 28,5% e 76,6% nos mesmos períodos.

Enquanto os óbitos relacionados à doença diminuíram 56% no último mês.

“As projeções baseadas no que aconteceu com a Ômicron em outros lugares sugeriram que teríamos o pico da onda no final de fevereiro, mas ela já estava acontecendo (no final de janeiro). Não posso dizer que a pandemia está no fim. Há chances de maior transmissão do vírus em situações específicas, especialmente em aglomerações de pessoas pulando, cantando e sem máscaras. Nossa recomendação é que as pessoas se protejam nessas situações de maior risco”, afirmou, então, o coordenador do Comitê Científico, Paulo Menezes.

João Gabbardo, coordenador executivo do Comitê, também reforçou a recomendação para que a população continue usando máscara em ambientes e situações de risco, principalmente imunossuprimidos, pessoas não vacinadas, com sintomas gripais ou doenças crônicas.   

Vacina

A discussão com relação às crianças esbarrava principalmente nas taxas de vacinação.

Na última terça-feira (8), o índice chegou a 70% das crianças vacinadas com a primeira dose, no entanto, a segunda dose ainda está em 19,39%.

A saber, são 821 mil faltosos entre 6 e 11 anos.

Além da vacinação, há membros do comitê de especialistas de São Paulo que argumentaram que o momento de recreio e educação física são preocupantes porque as crianças respiram de maneira ofegante e transpiram.

Por outro lado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) não recomenda o uso de máscaras para crianças em atividades físicas.

Contudo, a polêmica também divide famílias. Um grupo preocupa-se com prejuízos ao desenvolvimento das crianças, nas relações sociais e na alfabetização.

E outros apontam o fato de os menores não estarem com o esquema vacinal completo e dizem que os índices de casos e mortes por Covid-19 ainda são altos para deixar de usar máscaras – uma das armas mais eficazes contra a Covid-19, de acordo com pesquisas.

Movimentos como o Escolas Abertas defendem, com base em pesquisas que falam do prejuízo ao desenvolvimento das crianças, que as escolas deixem de exigir, portanto, a proteção em todos os ambientes.

Na segunda-feira, pais e crianças do Escolas Abertas protestaram na frente da casa do secretário de Saúde, Jean Gorinchteyn, pela liberação das máscaras nas escolas.

Fonte: Estadão

Foto: Shutterstock

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