Organização primordial

O estoque é o coração da farmácia. Se ele não funciona corretamente, todas as demais áreas ficam comprometidas

Há algum tempo, venho insistindo que as farmácias e drogarias devem ter um sistema de gestão organizado, principalmente no estoque, pois ele se reflete na saúde financeira da empresa e, principalmente, na satisfação do cliente.

Insisto nesse mote porque por muito tempo acompanhei e me certifiquei de que grande parte do sucesso das grandes redes é cuidar eficientemente dessa área com ferramentas apropriadas, evitando rupturas, e cuidando apropriadamente dos lançamentos e promoções.

Gerenciar o sortimento tem se tornado uma tarefa árdua e complexa, por conta da constante busca por inovação nas lojas, pelas mudanças no comportamento dos consumidores e pela diferenciação pretendida frente aos concorrentes.

O custo de ocupação por metro quadrado e o custo de capital de giro investido em estoques são os grandes vilões a ser combatidos por meio de uma definição estratégica de sortimento e também por uma gestão mais eficiente, inclusive das categorias.

Em relação à eficiência do sortimento, há uma máxima que diz que um pequeno número de produtos é responsável pela maior parte dos resultados. Usa-se no varejo um instrumento denominado Curva ABC, em que se verifica que cerca de 20% dos produtos respondem por cerca de 80% das vendas e até dos resultados.

Deve ser frustrante para um gestor, que se esforça na seleção dos produtos, que negociação das condições comerciais, determinação do preço de venda, definição da forma de arrumação e exposição, ações promocionais, etc. resultem em pouca aceitação pelo cliente do mix colocado à venda.

Esse cenário é perturbador e, por vezes, acaba sendo encarado pelos farmacistas como normal do setor. O que na realidade não deveria ser assim.

Isso se deve porque muitas das decisões para inclusão ou exclusão de itens na farmácia e drogaria ocorrem após simples negociações comerciais, porém, a análise e até exclusão de itens de baixo desempenho são tão ou mais importantes que a inclusão de novidades, e é aqui que muitos gestores se enganam. Existe também uma confusão quanto à extensão da variedade e do que é novidade.

É preciso mais profissionalização e conhecimento dos gestores e investimentos em métodos, processos e ferramentas com o objetivo de aumentar a assertividade na definição do sortimento da empresa e na forma como este sortimento é distribuído entre lojas de perfis e desempenhos distintos.

Existe uma grande oportunidade de eficiência no estoque que tem sido desperdiçada. Infelizmente, poucos farmacistas trabalham fortemente para reverter esse modelo, perdendo o jogo ou a oportunidade de melhorar os resultados de seus negócios.

Lembrem-se: estoque bom é o que atende o cliente; à exposição adequada dos produtos na farmácia e à vida financeira da empresa.

De olho no shopper

Edição 293 - 2017-04-01 De olho no shopper

Essa matéria faz parte da Edição 293 da Revista Guia da Farmácia.

Sobre o colunista

Palestrante e consultora de empresas. Especialista em varejo e autora dos livros destinados ao varejo e serviços denominados "Atender bem dá lucro"; "Administração de recursos humanos em farmácia", "Programa prático de Marketing e Farmácias"; "Liderança para Todos" . Para adquirir os livros, acesse: www.lojacontento.com.br. E-mail: [email protected].

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