A pandemia pelo Covid-19 impactou diretamente a relação médico-paciente, pois fez com que muitos consultórios, clínicas e hospitais suspendessem o atendimento presencial, limitando o acesso dos pacientes aos profissionais de saúde por medo de exposição e contaminação.
Essa dificuldade de acesso dos pacientes aos profissionais, no entanto, não apareceu somente agora. Sabe-se que, neste País de dimensões continentais, há distribuição desproporcional de profissionais de saúde por habitante – a chamada densidade médica.
Assim, em algumas regiões, pacientes se deslocam por muitas horas e vários quilômetros para conseguir uma consulta com um especialista.
Para vários casos, o atendimento médico virtual traria inúmeros ganhos para todos os players do sistema, com diminuição de custos para a área de saúde e pacientes, agilidade no atendimento, acesso a novos tratamentos, discussão de casos de maior complexidade entre profissionais generalistas e especialistas, bem como otimização do atendimento em centros de referência, entre outros.
A discussão em torno da telemedicina é antiga, e a Covid-19 só fez com que o assunto retornasse à pauta de maneira prioritária. Tanto que o Conselho Federal de Medicina (CFM) regulamentou a telemedicina como forma de assistência médica a distância em 19 de março deste ano e o Ministério da Saúde (MS) publicou, em 23 de março, a Portaria nº 467, autorizando o uso de telemedicina para atendimento de pacientes. Em ambos os casos, a regulamentação é válida apenas durante o período de emergência da pandemia.
Esta nova realidade fez os profissionais de saúde acelerarem sua adaptação e as plataformas de mercado terem rápida evolução para incorporar outros serviços.
Notícias recentes na mídia reportaram crescimento de mais de 600% no atendimento virtual em alguns hospitais e de dez vezes no número de atendimentos de convênios por teleconsulta, quando comparado ao período pré-pandemia.
Plataformas de telemedicina, que buscavam seu espaço no mercado, chegaram a relatar a inclusão de mais de mil médicos novos em 24 horas. Segurança, confidencialidade, qualidade de transmissão, serviços agregados, conectividade e praticidade são apenas alguns dos pontos discutidos neste momento de adaptação.
A expectativa do mercado é de que as regulamentações se mantenham ao término do período emergencial. Assim, telemedicina, teleconsulta, teletriagem, prescrição digital e plataformas de agendamentos estarão interligadas com convênios médicos e instituições financeiras para pagamento eletrônico e também com redes de farmácias para dispensação de medicamentos, compras programadas e entrega por delivery.
Outro player que deve acelerar a interconectividade com a telemedicina é a indústria farmacêutica, com a divulgação de informações científicas, bulas, programas de adesão e suporte a pacientes e inícios de tratamento por meios eletrônicos.
Este é, sem nenhuma dúvida, um caminho sem volta, pois o interesse e o benefício ocorrerão para todos os players envolvidos na jornada de diagnóstico e tratamento e não somente neste momento emergencial.
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