Se por um lado a chegada do verão é sinônimo de férias e diversão ao ar livre, por outro, o calor favorece a proliferação de insetos e, consequentemente, os casos de reações alérgicas às picadas, o que pode se tornar um verdadeiro pesadelo.
Por conta das altas temperaturas, as pessoas tendem a usar menos roupas, ficando com a pele mais exposta e aumentando as áreas que podem ser atacadas pelos insetos, principalmente, pernilongos, alerta a diretora da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), Dra. Alexandra Sayuri Watanabe.
“Crianças, adultos e idosos que têm reações a esses insetos e independentemente do número de picadas podem apresentar uma grande quantidade de lesões espalhadas pelo corpo, ou seja, apenas uma picada pode desencadear várias outras feridas e o incômodo dura mais tempo.”
Embora os pequenos formem o grupo de maior atenção, os insetos não escolhem faixa etária ou gênero para atacar. Mais comum em regiões tropicais, os problemas com esses “bichinhos”, especialmente pernilongos, aumentam durante o verão e a primavera por conta da combinação de umidade, calor e flores, que favorecem sua multiplicação.
“Os pernilongos se alimentam do sangue humano, injetando sua saliva repleta de substâncias que, embora não ofereçam risco de vida por anafilaxia, pois as reações ficam restritas à pele, causam muita irritação. Por isso, quem quer ficar bem longe deles precisa adotar algumas medidas de barreira, como repelentes de acordo com a faixa etária, uso de roupas que cobrem todo corpo, além de telas nas janelas e portas”, adverte a Dra. Alexandra.
Dez maneiras de prevenir as picadas de insetos
1 – Manter os reservatórios de água tampados ou cobertos com tela.
2 – Trocar a água do recipiente de animais domésticos com frequência.
3 – Não deixar recipientes que possam acumular água ao relento. Garrafas, baldes ou latas vazias devem sempre ser armazenados de cabeça para baixo.
4 – Tratar adequadamente a piscina com cloro. Se ela não estiver em uso, esvaziá-la completamente.
5 – Quando possível, proteger o corpo com meias, calças e camisetas de manga longa, dando preferência aos tecidos de cores claras.
6 – Antes de aplicar o repelente na pele, é fundamental ler o rótulo do produto para prevenir reações adversas e conferir seu tempo de ação.
7 – Os repelentes que contém DEET são os mais utilizados para crianças acima de dois anos de idade. Quanto maior a concentração da substância, mais longa é a duração. Uma formulação com 5% de DEET confere proteção por cerca de 90 minutos; com 7%, quase duas horas; e, com 20%, cinco horas. É recomendada a concentrações de até 30% para crianças.
8 – Para bebês a partir de seis meses de idade, a icaridina em gel foi liberada no Brasil. Além de apresentar eficácia de até 10 horas, a substância permite aplicações mais espaçadas que o DEET, com eficácia comparável.
9 – Bebês abaixo de seis meses de idade devem ser protegidos com mosqueteiros no berço, carrinho e em cercadinhos. O ideal é também vedar as portas e janelas com telas que tenham poros de até 1,5 mm.
10 – Ambiente com ar-condicionado também é uma forma eficaz de manter mosquitos afastados.
Fontes: pediatras e membros da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), Dr. Mário Roberto Hirschheimer e Dra. Silvia Assumpção Soutto Mayor
O pediatra e membro da diretoria executiva da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), Dr. Mário Roberto Hirschheimer, alerta, ainda, que as picadas de alguns insetos podem causar, além de coceira e irritação na pele, pápulas, vesículas, dor e infecções no local. Por isso, a prevenção com o uso de repelente adequado é fundamental.
Como identificar um quadro de alergia?
Quando o inseto injeta sua saliva na pele da criança ou do adulto alérgico, o local tende a ficar avermelhado, inchado e coçando muito. Além disso, ainda podem aparecer várias outras lesões espalhadas pelo corpo.
“As lesões cutâneas podem durar muitos dias se não tratadas adequadamente. Entretanto, vale ressaltar que muitas vezes a coceira é incontrolável, podendo perturbar o sono e desencadear infecções secundárias por bactérias, havendo até a necessidade do uso de antibiótico para tratar o quadro”, explica a Dra. Alexandra.
Exatamente pelas consequências e pela incapacidade de saber quais doenças uma simples picada de inseto pode provocar no organismo, a proteção individual com o uso de repelentes tópicos é fundamental na prevenção do quadro, “já que não existem vacinas e medicamentos profiláticos disponíveis para todos os casos”, reforça o Dr. Hirschheimer.
Primeiros cuidados após a picada dos insetos
Pernilongo
Costuma dar reações locais intensas em algumas crianças e também lesões pelo corpo, chamadas de estrófulos. Geralmente, o tratamento consiste na prescrição de antialérgicos para diminuir a coceira.
Borrachudo
A reação local da picada de borrachudo é mais intensa, desencadeando inchaço, calor no local e vermelhidão. O tratamento consiste na prescrição de antialérgicos e pomadas para uso tópico. Entretanto, deve-se tomar muito cuidado com o aparecimento de infecção secundária decorrente do ato de coçar. Nesse caso, pode ser necessário o uso de antibióticos.
Vespas, formigas e abelhas
As ferroadas podem desencadear desde reações locais intensas como também as anafilaxias. Nesse caso, é importante consultar o médico para verificar a necessidade de tratar com adrenalina ou outros medicamentos.
Fonte: diretora da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), Dra. Alexandra Sayuri Watanabe
Entre as principais características de um repelente eficaz, o médico cita ser atóxico, repelir muitas espécies simultaneamente, agir por pelo menos oito horas, ter pouco cheiro, ser resistente à abrasão e à água.
O pediatra da SPSP também alerta que o repelente não protege igualmente todos os seus usuários e seu efeito pode alterar conforme o clima. “A cada 10º C a mais na temperatura ambiental, o tempo de proteção é reduzido pela metade.”
Quando acontece o choque anafilático?
Enquanto as picadas de pernilongos, mosquitos e borrachudos costumam causar reações restritas à pele, um outro grupo de insetos, composto por formigas, vespas e abelhas, pode desencadear reações alérgicas mais graves, alerta a diretora da Asbai.
“A anafilaxia é uma reação sistêmica que pode acometer vários órgãos. Nesse caso, ela é desencadeada pelo veneno contido no ferrão desses insetos himenópteros. É importante alertar que alimentos e medicamentos também podem causar essa reação.”
Segundo a médica, a anafilaxia pode provocar desde calombos pelo corpo, inchaço e vermelhidão na pele, como também sintomas respiratórios (falta de ar, chiado no peito, cansaço e tosse), gastrointestinais (diarreia, náuseas, vômitos, cólicas abdominais), neurológicos (tontura e vertigem) e até cardiovasculares (desmaio, queda da pressão e parada cardiorrespiratória).
“Embora nem todas as anafilaxias resultem no popularmente chamado choque anafilático, o principal tratamento para o quadro é aplicação de adrenalina no músculo da coxa.”
Fonte: Guia da Farmácia
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