Novo exame disponível no Brasil pode antecipar diagnóstico de Alzheimer

Exame automatizado é capaz de avaliar de maneira simplificada a dosagem das proteínas que comprometem o cérebro. Resultados saem em 20 minutos

Mesmo tendo sido relatada há mais de um século atrás, a doença de Alzheimer continua sendo um enorme desafio para a ciência e a medicina, já que ainda não se tem uma clara compreensão sobre suas causas. A explicação mais próxima é o acúmulo das proteínas TAU e beta-amiloide no cérebro, o que leva a danos e à destruição dos neurônios.

No entanto, pesquisadores trabalham duro para descobrir não só as causas da doença como exames capazes de antecipar o diagnóstico precoce e remédios que efetivamente consigam frear a demência.

Hoje, quanto antes o quadro for identificado, mais recursos os médicos dispõem para contra-atacar. Para isso, geralmente os especialistas solicitam exames neurológicos e neuropsicológicos, testes laboratoriais básicos e imagens estruturais do cérebro como a ressonância magnética, além de biomarcadores de PET cerebral e avaliação do líquor.

Mas novas tecnologias, que estão chegando ao Brasil, prometem melhorar bastante esse cenário. Uma delas é um exame automatizado realizado pelo Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

Trata-se do teste Elecsys CSF, da Roche Diagnóstica, capaz de avaliar de maneira simplificada e padronizada a dosagem de biomarcadores das proteínas TAU e beta-amiloide no líquor. O método promete resultados mais rápidos e de alta precisão.

Antes, as amostras de líquor coletadas eram enviadas para o exterior, levando de 6 a 8 semanas para ter os resultados em mãos. Agora, com a automação, será possível simplificar o processo analítico e fornecer um diagnóstico em 20 minutos.

“Se antes as intervenções mais efetivas junto a pacientes com doença inicial não existiam, atualmente os avanços da medicina vêm ampliando as possibilidades de tratamentos nesse grupo”, diz Ivan Okamoto, neurologista do Núcleo de Excelência em Memória (Nemo) do Einstein.

Segundo o especialista, o Alzheimer pode se iniciar de 15 a 20 anos antes do seu primeiro sintoma. O paciente sem manifestação clínica entra em uma fase de “comprometimento cognitivo leve” e, depois, evolui para os demais estágios da doença (leve, moderado e grave).

Trata-se de um problema progressivo, que, em geral, começa com perda de memória, seguida de deterioração de outras habilidades cognitivas, impactando a capacidade de realizar atividades da vida diária, a percepção do mundo e a interação com os outros.

“O diagnóstico clínico em um paciente com comprometimento cognitivo leve é extremamente desafiador, por isso há necessidade de testes diagnósticos mais precisos, como o nosso”, explica Carlos Martins, presidente da Roche Diagnóstica no Brasil. “Estamos trazendo para o mercado os testes IVD, em amostras de líquido cefalorraquidiano (LCR), que aumentam a precisão do diagnóstico e a confiança do médico”, completa.

Okamoto destaca ainda que o check-up de memória envolve testes simples de rastreio com avaliação neuropsicológica em consultório e exames de imagem, como o PET cerebral. Mas, com o apoio dessas inovações, a detecção e o tratamento da doença podem começar em fase ainda mais inicial.

Mais avanços diagnósticos 

Além do teste da Roche utilizado pelo Einstein, outros exames recentes podem contribuir para o diagnóstico precoce do Alzheimer. Um deles é o radioativo florbetabeno, que detecta as placas amiloides no cérebro em pacientes por meio de uma tomografia computadorizada, um procedimento não invasivo e sem riscos para o paciente.

Conhecido como PET Amiloide, o exame é usado para estimar a densidade das placas que comprometem o cérebro e é considerado um avanço na avaliação das causas de demência.

Em setembro do ano passado, também chegou ao Brasil o primeiro exame de sangue para detectar o maior risco da doença, que busca traços da proteína beta-amiloide no organismo. Trazido pela Dasa, é recomendado para pessoas com comprometimento cognitivo leve e suspeita de demência.

Embora o CCL não seja determinante para o desenvolvimento de distúrbios neurodegenerativos progressivos, cerca de 35% dos pacientes que apresentam a condição evoluem para demência com traços de Alzheimer.

No Brasil, cerca de 1,2 milhão pessoas vivem com alguma forma de demência e 100 mil novos casos são diagnosticados por ano. Em todo o mundo, o número chega a 50 milhões de pessoas.

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Fonte: Veja

Foto: Shutterstock

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