Ibuprofeno utilizado por dias pode cortar o efeito do anticoncepcional?

Buscofem pode cortar o efeito do anticoncepcional? O medicamento em questão tem como fármaco o ibuprofeno que pertence ao grupo dos anti-inflamatórios não esteroides (AINES) e que está indicado, segundo a Agência Estadunidense Food and Drug Administration (FDA), principalmente, para o alívio/tratamento de dor, febre, dor de cabeça, enxaqueca, osteoartrite, dismenorreia primária, atrite reumatoide. É um Medicamento Isento de Prescrição (MIP), entretanto, sua administração deve ser orientada por profissional da saúde considerando todas as implicações decorrentes do uso de qualquer medicamento.

Possui inúmeras contraindicações como em: asma, urticária ou outra reação de tipo alérgico após a administração de aspirina ou outros AINEs (reações anafiláticas severas e às vezes fatais foram relatadas), na revascularização do miocárdio, hipersensibilidade ao ibuprofeno ou a qualquer componente do produto.

As reações adversas ao ibuprofeno por via oral incluem:

1% a 10%: – Cardiovascular: edema (1% a 3%); – Sistema nervoso central: Tonturas (3% a 9%), dor de cabeça (1% a 3%), nervosismo (1% a 3%);  Dermatológico: erupção cutânea (3% a 9%), prurido (1% a 3%);  – Endócrino e metabólico: retenção de líquidos (1% a 3%); Gastrointestinal: dor epigástrica (3% a 9%), azia (3% a 9%), náuseas (3% a 9%), dor abdominal (1% a 3%), constipação (1% a 3%), diminuição apetite (1% a 3%), diarreia (1% a 3%), dispepsia (1% a 3%), flatulência (1% a 3%), vômitos (1% a 3%); Ótico: zumbido (3% a 9%);

<1%, pós-comercialização e/ou relatos de casos: testes anormais de função hepática, insuficiência renal aguda, agranulocitose, rinite alérgica, alopecia, ambliopia, anafilaxia, anemia aplástica, meningite asséptica, azotemia, visão turva, depressão da medula óssea, broncoespasmo cardíaco arritmia, insuficiência cardíaca, confusão, conjuntivite, cistite, diminuição da depuração da creatinina, diminuição do hematócrito, diminuição da hemoglobina, diminuição da agregação plaquetária, depressão, sonolência, síndrome do olho seco, úlcera duodenal, labilidade emocional, eosinofilia, epistaxis, eritema multiforme, úlcera gástrica, gastrite , hemorragia gastrointestinal, úlcera gastrointestinal, alucinações, perda auditiva, hematúria, anemia hemolítica, hepatite, hepatotoxicidade (idiossincrática), hipertensão, insônia, icterícia, leucopenia, melena, neutropenia, palpitações, pancreatite, neuropatia periférica, polidipsia, poliúria , fotosensibilidade da pele, síndrome de Stevens-Johnson, taquicardia, trombocitopenia, ambição tóxica opia, necrólise epidérmica tóxica, urticária, dermatite vesiculobulosa, alterações na visão.

A pílula anticoncepcional também é um medicamento, entretanto, com hormônios que podem variar em tipos e quantidades presentes nas especialidades farmacêuticas. A pílula tradicional tem dois hormônios: progesterona e estrogênio. São denominadas de pílulas combinadas que não são indicadas para as mulheres que têm contraindicação ao uso do estrogênio, como, por exemplo, as mulheres com histórico de tromboembolismo e problemas cardiovasculares, as fumantes com mais de 35 anos e as que estão amamentando.

Há também a pílula anticoncepcional com um só hormônio, o progestagênio, que é derivado da progesterona que possui eficácia contraceptiva e pode também ser utilizada. As minipílulas só com progestagênio são indicadas para mulheres que estão amamentando, porque a pílula combinada altera a qualidade e a quantidade do leite materno. Atualmente é muito frequente pílulas anticoncepcionais que contêm só o hormônio progestagênio. Ele tem a mesma eficácia contraceptiva das pílulas combinadas. Essas pílulas podem ser tomadas durante a amamentação ou por mulheres com contraindicação ao componente estrogênico, como, por exemplo, as mulheres com histórico de tromboembolismo e problemas cardiovasculares, as fumantes com mais de 35 anos de idade e as que estão amamentando, entretanto, o médico deverá avaliar qual será a melhor opção para cada mulher considerando sua fase de vida e suas particularidades.

Buscofem pode cortar o efeito do anticoncepcional?

Quanto às interações medicamentosas entre as pílulas anticoncepcionais e o anti-inflamatório ibuprofeno (fármaco presente no medicamento Buscofen citado pela leitora) em pesquisa realizada nas bases científicas de dados Truven Health Analytics Micromedex® e UpToDate® (uma ferramenta de suporte a decisões médicas e baseada em evidências científicas), não foi encontrada menção da presença dessa interação (ibuprofeno x pílula anticoncepcional, não corta o efeito do anticoncepcional), diferentemente do é descrito para outros fármacos com inúmeras interações.

Deve ser mencionado também que a mulher deve ter cuidado especial em relação a vômitos ou a diarreia que, se ocorrerem em período após quatro horas da administração do medicamento, a efetividade poderá ser atingida.

Entretanto, o metabolismo dos anticoncepcionais orais (OC) é acelerado por qualquer fármaco que aumente a atividade enzimática microsomal hepática, como fenobarbital, fenitoína, griseofulvina e rifampicina. Como resultado, é provável que a eficácia anticoncepcional de um OC diminua nas mulheres que tomam esses fármacos.

Para concluir, é importante que a administração de qualquer medicamento seja praticada na contextualização de seu uso racional, ou seja, quando pacientes recebem medicamentos apropriados para suas condições clínicas, em doses adequadas às suas necessidades individuais, por um período adequando e ao menor custo para si e para a comunidade, reiterando-se assim que sejam apropriados para suas necessidades clínicas, em doses e período de tempo adequados.

A administração de qualquer medicamento deverá ser sempre orientada por um profissional habilitado da área da saúde.

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Sobre o colunista

Farmacêutica responsável pela Farmácia Universitária da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP).

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