Terapia nutrológica para autistas: acompanhe os resultados

O médico nutrólogo e autor do livro Terapia Nutrológica para Autistas, Dr. Alexander Azevedo, mostra a influência da alimentação nestes pacientes

Estima-se que existam mais de 70 milhões de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no mundo. Somente no Brasil, esse número pode alcançar 2 milhões de pacientes com esta condição, reconhecida por comprometer o comportamento social, comunicação e linguagem dos acometidos.

Segundo descreve a Associação Panamericana da Saúde (OPAS), o TEA começa na infância e tende a persistir na adolescência e na idade adulta. E além dos distúrbios de comportamento, estes pacientes também podem apresentar quadros de epilepsia, depressão, ansiedade, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).

Mas, para muitos deles, uma forte aliada para melhoria do estado geral e qualidade de vida pode ser a alimentação.

Em entrevista ao Guia da Farmácia, o médico nutrólogo e autor do livro Terapia Nutrológica para Autistas, Dr. Alexander Gomes de Azevedo, afirma que as carências nutricionais em autistas podem ser inúmeras, comprometendo sensivelmente o desenvolvimento destes pacientes.

Afinal, esse grupo de pessoas pode sofrer por seletividade alimentar, que passa pela recusa de alimentos; e pela falta de percepção sobre o que pode ser saudável ou não para a saúde.

“Vemos que, em pacientes com TEA, são comuns a falta de nutrientes importantíssimos para o desenvolvimento, como ferro ou vitamina D. Observamos, ainda, problemas recorrentes relacionados à falta de absorção de alimentos, que é reflexo de alterações na flora intestinal”, pontua o Dr. Azevedo, que desenvolveu o livro, justamente, por sentir, em suas pesquisas de doutorado, as deficiências de macro e micronutrientes em pacientes autistas.

De fato, o problema alimentar preocupa ao passo que, deficiências como a do ferro, por exemplo, podem levar à déficits de aprendizado, alterações no desenvolvimento físico e intelectual, e queda na imunidade.

“Pesquisas e experiências clínicas mostram que quando os pacientes com TEA fazem acompanhamento nutrológico, há melhoras do estado geral, como destaque para a qualidade do sono, função intelectual e entendimento. Além disso, quando o corpo está são, as terapias paralelas, como fonoaudiológicas ou psicoterapias, costumam apresentar resultados melhores”, aponta o especialista, que esclarece as diferenças entre o acompanhamento nutricional, com dietas; e o nutrológico, feito por um médico.

“O médico nutrólogo pode prescrever dosagens maiores de algumas substâncias, como a vitamina D, por exemplo, quando é detectada a carência em exames laboratoriais. Algo que o nutricionista não pode fazer porque, em altas dosagens, algumas substâncias são caracterizadas como medicamentos”, justifica.

Dificuldades na suplementação nutricional para autistas

As dificuldades em alcançar a nutrição ideal costumam ser grandes para pacientes e cuidadores de portadores de TEA. “Tenho um paciente autista com 11 anos de idade que só toma mamadeira, tornando um grande desafio mudar esse comportamento. Pacientes com esse perfil precisam, então, de uma suplementação certeira para que não cheguem a quadros de desnutrição. Para tanto, o médico nutrólogo lança mão de exames clínicos e laboratoriais para alcançar o caminho ideal. Para pacientes com TEA, por exemplo, pesquisas apontam que a vitamina D não pode estar abaixo de 40 UI”, mostra o Dr. Azevedo.

Além da suplementação, é sabido que alguns grupos alimentares ou substâncias podem ter um efeito negativo para esses pacientes, como glúten, leite, caseína e soja. “Dependendo do caso, até mesmo algumas frutas, como a banana, podem ser efeito opioide. Portanto, se torna um desafio complexo, mas com o acompanhamento adequado pode-se melhorar muito a qualidade de vida deste público”, conclui.

Sintomas do Transtorno do Espectro Autista*

De modo geral, o TEA se apresenta de diferentes formas, sendo que cada paciente costuma ter suas próprias particularidades. Alguns sinais incluem:

  • Dificuldades de comunicação: problemas para manter contato visual, atrasos no desenvolvimento da fala, incapacidade de manter conversas, além de incapacidade de ler sinais subjetivos de comunicação (linguagem corporal, gestos, expressões, figuras de linguagem, como ironia e sarcasmo);
  • Dificuldades para entender códigos sociais básicos, como sorrir de volta para outras pessoas;
  • Desenvolvimento de interesses específicos em alguma temática;
  • Problemas para manter ou iniciar novas amizades;
  • Adoção de movimentos repetitivos e desnecessários, como estalar os dedos, se mexer para frente e para trás ou bater palmas;
  • Adoção de rotinas muito específicas e não ter flexibilidade caso elas tenham mudanças;
  • Déficit de atenção ou dificuldades de aprendizagem;
  • Problemas ao lidar com estímulos sensoriais excessivos, como sons altos, multidões ou cheiros muito fortes.

* Referência: Rede D’Or São Luiz. Disponível em: www.rededorsaoluiz.com.br/doencas/transtorno-do-espectro-autista-tea. Acesso em: 04/10/2022.

Fonte e foto: Guia da Farmácia

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