Vacinação contra a Covid-19 ameaçada no Brasil

Falta de matéria-prima importada para Butantan e Fiocruz ameaça a vacinação contra a Covid-19 no Brasil

A vacinação contra a Covid-19 no Brasil pode estar ameaçada.

Atrasos no envio de matéria-prima para a fabricação, no Brasil, de vacinas nos laboratórios da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Instituto Butantan podem colocar em xeque o calendário e o andamento da campanha de vacinação contra a Covid-19 no país. 

Até agora, não há data prevista para a chegada do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), insumo fundamental para a produção da vacina de Oxford e da CoronaVac no Brasil, às instituições.

O atraso no envio do ingrediente preocupa porque, de acordo com analistas, apenas a partir da fabricação das doses no país é que a campanha de vacinação contra o coronavírus deslanchará de vez.

Enquanto isso, o Brasil dependerá da importação de uma quantidade de doses que não dará conta de imunizar sequer os grupos prioritários.

O presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou na última segunda-feira (18) que, caso o IFA não chegue da China até o fim deste mês, o cronograma de vacinação com a CoronaVac poderá ser adiado.

O Butantan tem capacidade para produzir 1 milhão de doses da CoronaVac por dia, mas isso depende de receber o IFA da Sinovac.

Dimas Covas ainda disse que o problema na liberação desses insumos é de ordem burocrática.

“Temos um carregamento de matéria-prima pronto lá na China para ser despachado e estamos aguardando autorização do governo chinês para, aí sim, iniciar a segunda etapa de produção ” afirmou.

O Butantan informou que a Sinovac já liberou o carregamento de IFA, mas que o lote aguarda o aval do governo da China. Sobre o assunto, o Ministério da Saúde afirmou em nota que, se o Butantan requerer apoio ao governo federal, “será dada toda ajuda necessária”.

Doses

Além das 6 milhões de doses que começaram a ser distribuídas nesta segunda no país, restam no Butantan 4,8 milhões de doses já recebidas da Sinovac.

Elas já estão envasadas e prontas para aplicação em brasileiros, mas que precisam aguardar autorização para uso emergencial da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O pedido foi feito também no dia 18 e tem até 10 dias para ser aprovado, mas diretores da agência reguladora afirmaram que o processo deve ser ágil. 

A falta de previsão de data para receber o IFA também é um problema que acomete a Fiocruz.

Neste caso, a responsabilidade do envio é do laboratório anglo-sueco AstraZeneca, que atua para organizar o repasse do ingrediente produzido na fabricante chinesa WuXi.

A Fiocruz previa receber o insumo em dezembro, mas o mês passou sem que isso ocorresse.

A projeção passou para janeiro, mas, até agora, o IFA ainda não chegou.

Expectativa

O planejamento da Fiocruz era de que, após receber o IFA, começaria a produção para entregar o primeiro lote da vacina de Oxford com 1 milhão de doses produzidas no Brasil entre 8 e 12 de fevereiro.

Na semana seguinte, seria liberado mais um lote de 1 milhão de doses.

E, a partir da terceira semana, de 22 a 26 de fevereiro, seriam 700 mil doses diárias, totalizando 3,5 milhões de doses semanais.

Assim, a Fiocruz entregaria 110,4 milhões de doses até julho de 2021.

E, após a transferência de tecnologia para produzir o IFA localmente, sem depender do envio pela AstraZeneca, mais 110 milhões de doses seria fabricadas no segundo semestre.

Vacinação ameaçada

Mas, se o ingrediente atrasar, a campanha de vacinação no Brasil será seriamente afetada, alertam analistas.

O grosso do Plano Nacional de Imunização é a vacina de Oxford, a principal aposta do governo Jair Bolsonaro.

O contrato com a AstraZeneca prevê que, se o laboratório não fornecer o IFA à Fiocruz, deverá enviar as vacinas já prontas ao Brasil.

O envio do IFA ao Brasil esbarra também em questões diplomáticas na China, país do laboratório que deverá fornecer o ingrediente à Fiocruz.

O MS disse que a China “é uma das grandes produtoras de IFA para Butantan e Fiocruz, e o governo brasileiro segue com negociações diplomáticas relativas à questão, bem como a AstraZeneca Global e a representante do Brasil”.

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Fonte: GZH Saúde

Foto: Shutterstock

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