Crianças produzem anticorpos mais fracos contra o coronavírus, diz estudo

Pesquisa da Universidade Columbia sugere que crianças eliminam a infecção causada pelo coronavírus mais rapidamente do que os adultos

Crianças infectadas com o novo coronavírus produzem anticorpos mais fracos e em menor quantidade do que os adultos, sugerindo que eliminam a infecção muito mais rapidamente, de acordo com um estudo da Universidade Columbia, de Nova York, publicado no último dia 5 na Nature Immunology.

Outras pesquisas já haviam sugerido que uma resposta imunológica excessivamente forte pode ser a principal razão para pessoas que ficam gravemente doentes ou morrem devido à Covid-19.

Uma resposta imunológica mais fraca em crianças pode indicar que elas eliminam o vírus antes que ele tenha a chance de causar estragos no corpo.

E também pode ajudar a entender por que geralmente elas não têm sintomas graves da Covid-19 e pode revelar por que é menos provável que transmitam o vírus a outras pessoas.

Ter anticorpos mais fracos e em menor quantidade não significa que as crianças correm maior risco de reinfecção, afirmaram especialistas.

O estudo analisou os níveis de anticorpos das crianças em um único ponto no tempo de infecção e não informa sobre eventuais variações por faixa etária

Comparação com adultos

Espceialistas analisaram anticorpos para o coronavírus em quatro grupos de pacientes: 19 doadores de plasma convalescentes, todos adultos, que se recuperaram da doença sem serem hospitalizados; 13 adultos hospitalizados com síndrome de dificuldade respiratória aguda resultante da Covid-19 grave; 16 crianças hospitalizadas com síndrome inflamatória multissistêmica, condição rara que afeta algumas crianças infectadas; e 31 crianças infectadas que não tinham a síndrome. Cerca de metade deste último grupo era assintomática.

Indivíduos em cada grupo tinham anticorpos, o que é consistente com outros estudos, que mostram que a grande maioria das pessoas infectadas pelo coronavírus apresenta resposta imunológica robusta.

Mas a gama de anticorpos difere entre crianças e adultos.

As crianças produziram principalmente um tipo de anticorpo, denominado IgG, que reconhece a proteína spike (ou espícula) exposta na superfície do vírus.

Os adultos, por outro lado, produziram vários tipos de anticorpos contra a spike e outras proteínas virais, mais poderosos na neutralização do vírus.

Nenhum dos grupos de crianças tinha anticorpos para uma proteína viral chamada nucleocapsídeo, ou N, que está emaranhada com o material genético do vírus.

Como essa proteína é encontrada dentro do vírus e não em sua superfície, o sistema imunológico só a veria e faria anticorpos contra ela se o vírus estivesse amplamente disseminado no corpo, disse a imunologista.

A descoberta pode prejudicar os resultados dos testes projetados para detectar anticorpos para a proteína N do vírus.

Muitos testes de anticorpos, incluindo aqueles feitos pelas empresas Abbott eRochee oferecidos pela Quest Diagnostics e LabCorp, são específicos para os anticorpos N e, portanto, podem não detectar crianças que eliminaram o vírus com sucesso.

Transmissão menor

Além disso, níveis mais baixos de vírus no corpo também explicariam por que as crianças geralmente parecem transmitir o coronavírus com menos eficiência do que os adultos.

Mas os especialistas pediram cautela na interpretação dos resultados, porque eles representam amostras tiradas de pessoas em um único momento.

Amostras de crianças e adultos mais gravemente afetados foram coletadas dentro de 24 a 36 horas após sua internação ou intubação por insuficiência respiratória; as de crianças com sintomas leves ou sem sintomas foram armazenadas após procedimentos médicos.

O tipo de anticorpos produzidos pelo corpo varia ao longo do tempo de uma infecção.

Os pesquisadores também não foram capazes de explicar o motivo de as crianças terem uma resposta de anticorpos mais limitada.

Pelo menos um outro estudo sugeriu que as crianças têm um poderoso sistema imunológico inato, destinado a combater os muitos novos patógenos que encontram, e que essa primeira linha de defesa pode eliminar a infecção precocemente sem a necessidade de contar com anticorpos posteriores.

Outra possibilidade é que as crianças tenham alguma proteção — na forma de células imunes, chamadas células T de memória — de encontros anteriores com o coronavírus do resfriado comum.

 

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Fonte: Globo online

Foto: Shutterstock

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