Um momento único e especial, mas que também envolve uma série de transformações físicas e emocionais na mulher. Assim é a gestação. Administrar uma gravidez requer uma série de cuidados com a saúde da gestante e do bebê e, diga-se de passagem, com a beleza da futura mamãe também.
Segundo a dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia Regional São Paulo (SBD-SP) e responsável pelo ambulatório de Dermatologia da Gestante, Puérpera e Criança da Universidade de Santo Amaro, Dra. Flávia Ravelli, no geral, a gestante deve manter uma rotina de skincare básica, usando um higienizador para seu tipo de pele, hidratante e protetor solar. Lavar o rosto duas vezes ao dia e usar um produto que remova mais efetivamente poluição e maquiagem (como uma água micelar, por exemplo), ajudam a evitar acúmulo de células mortas, acne, manchas e envelhecimento precoce.
“A hidratação ajuda a manter a pele saudável e desempenhando bem todas as suas funções, além de impedir que agentes do ambiente penetrem na pele e provoquem infecções e alergias. E o protetor solar previne o surgimento de manchas nesse período”, recomenda a Dra. Flávia.
Problemas comuns
Entre as alterações de pele mais comuns na gestação está o melasma, que são as manchas escuras no rosto. “As manchas são desencadeadas por alterações hormonais e também pela exposição solar excessiva”, diz a Dra. Flávia. Ela afirma que protetor solar com cor de maquiagem ajuda a proteger mais contra a luz visível, um tipo de luz que pigmenta a pele.
Outro desejo das gestantes é prevenir o surgimento de estrias, sendo que o uso do hidratante é apenas uma pequena parte dessa prevenção. “Engravidar muito jovem predispõe o surgimento das estrias (o colágeno nessa faixa etária é menos elástico e se rompe com mais facilidade, causando as lesões), bem como ganho de peso excessivo e gravidez gemelar”, esclarece.
Atenção às varizes
Além dos problemas na pele, as varizes também são frequentes em grávidas, especialmente se a gestante já apresentava o problema ou tem tendência genética, conforme explica a dermatologista e diretora da Sociedade Brasileira de Dermatologia do Rio de Janeiro (SBD-RJ), Dra. Violeta Tortelly. “Evitar sobrepeso e longos períodos em pé ou fazer uso de meia elástica são armas importantes para algumas pacientes”, diz a Dra. Violeta.
Vale dizer ainda que as varizes são comuns nesse período pela compressão que o útero faz em alguns vasos do corpo, pelo ganho de peso e pela ação de hormônios próprios do período gestacional. “Elas podem ser assintomáticas ou causar desconforto, como inchaço nas pernas, queimação, dor e sensação de peso. Não causam malefícios ao bebê, mas podem ficar inflamadas (flebite) ou até formar úlceras nas mulheres, situações delicadas e que requerem pronto tratamento”, comenta a Dra. Flávia.
Cuidados com os cabelos
Uma queixa comum depois do parto é a queda de cabelo. De acordo com a dermatologista da Clínica Landecker, Dra. Isabela Leiva, esse é um acontecimento muito comum, causado pelo estresse metabólico do parto, além da queda abrupta de hormônios sexuais.
“Essas alterações levam a um tipo de queda de cabelos chamada de eflúvio telogeno. A melhor notícia é que essa queda tem data marcada para ter fim, durante em média quatro meses e que inclusive tente a se resolver sozinha (autolimitada)”, diz.
Ainda falando sobre cabelos, ela comenta que quanto à coloração, o assunto é bastante controverso e vai depender muito da relação entre o médico e a paciente. “Nenhum estudo sobre as substâncias presentes em tinturas e pigmentos envolvem gestantes e apesar de sabermos sobre a presença de compostos teratogênicos, que induzem malformação fetal.
Compostos que contenham amônia, benzeno, formol e metais pesados têm o uso vetado”, afirma a Dra. Isabela.
Atenção aos rótulos
Ao longo da gestação, as mulheres devem estabelecer uma rotina de cuidados, sendo que o ideal é sempre consultar o dermatologista para ter a pele examinada e escolher os ativos mais apropriados para a queixa.
“Como regra, não devem ser usados ácido retinoico e derivados como adapaleno, retinol, retinaldeído, ureia, ácido salicílico e hidroquinona. Os ativos permitidos nos dermocosméticos são: nicotinamida, ácido azelaico, vitamina C, alfahidroxiácidos, ácido glicólico (até 10%), pantenol, vitamina E e óleo de rosa mosqueta”, destaca a Dra. Flávia.
Segundo ela, em relação ao ácido retinoico, por exemplo, existem alguns relatos de casos de embriopatia pelo retinoide (alterações cardíacas, oculares, do sistema auditivo e de membros) relacionado ao seu uso.
“A ureia não deve ser usada, pois aumenta a penetração dos outros ativos na pele, que poderiam causar malefícios se penetrarem em doses não controladas. O ácido salicílico pelo mesmo motivo da ureia e pelo risco de salicilismo na mão, se usado em áreas extensas. Metais pesados pelo risco de intoxicação materna e fetal (chumbo, por exemplo, que pode estar presente em algumas tinturas capilares)”, alerta a especialista da SBD-SP.
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Fonte: Guia da Farmacia