Fabricante de produtos de colágeno catarinense é comprada por empresa dos EUA por R$ 6,4 bi

Gelnex foi adquirida pela Darling Ingredients

A Darling Ingredients, listada na Bolsa de Nova York (Nyse), companhia que transforma resíduos de alimentos em produtos sustentáveis e produtora de energia renovável anunciou a aquisição da fabricante de produtos à base de colágeno Gelnex, de Santa Catarina, por aproximadamente US$ 1,2 bilhão (R$ 6,348 bilhões, na cotação atual).

A compra de uma empresa relativamente desconhecida por um valor tão alto é reflexo da grande disputa pela marca.

A transação levou cerca de um ano e envolveu ofertas de grandes empresas globais do setor de proteína – entre elas a gigante alemã Gelita –, além de fundos de private equity (que compram participações em empresas).

Todavia, outro nome que teria se interessado, seria a JBS. Procurada, a empresa disse que o ativo lhe foi oferecido, mas que não teve interesse no negócio.

A alta atratividade da empresa se deu tanto pelo setor de ingredientes, muito atrativo, quanto pelas altas margens e crescimento relevante da Gelnex, segundo uma fonte próxima ao negócio, que preferiu não se identificar.

Além disso, a Gelnex é uma empresa global, com receitas também em dólar.

Mais sobre a empresa

Sediada no Brasil, com cinco unidades na América do Sul e uma nos Estados Unidos, a empresa tem capacidade para produzir anualmente 46 mil toneladas de produtos de colágeno (como gelatina e peptídeos), exporta para mais de 60 países e emprega cerca de 1,2 mil funcionários.

Já a marca de saúde Darling Ingredients Rousselot tem 11 unidades em quatro continentes e é fabricante de produtos de colágeno feitos de fontes bovinas, suínas e de peixes. A compradora tem valor de mercado de US$ 12 bilhões (mais de R$ 63 bilhões, na cotação atual).

“Impulsionados pelo forte crescimento da demanda por produtos de colágeno no mercado global de saúde e nutrição, prevemos que o mercado de peptídeos de colágeno dobre nos próximos cinco anos”, disse o presidente e diretor executivo da Darling, Randall C. Stuewe.

“A Gelnex é um negócio bem administrado e terá um acréscimo imediato. Esta aquisição permitirá que a Darling continue a aumentar sua presença no mercado de saúde e nutrição e nossa capacidade de produção de colágeno bovino alimentado com capim na América do Sul para ajudar a atender à demanda futura de nossos clientes de colágeno em todo o mundo”, afirma Stuewe.

Fornecedora de matéria-prima

O sócio-diretor da Fortezza Partners, consultoria de investimentos especializada em fusões e aquisições, Denis Morante, diz que a Darlings é negociada hoje a 2,8 vezes a sua receita 12 vezes o Ebitda (geração de caixa).

De acordo então com ele, a empresa é relativamente desconhecida por trabalhar na venda para o mercado corporativo, ou seja, fornecendo matéria-prima para outras empresas, principalmente indústrias de alimentos e cosméticos.

“Temos muitas empresas bem-sucedidas e muito bem geridas no interior do Brasil que a gente desconhece, mas atraem o olhar de grandes empresas estrangeiras”, diz.

“Uma empresa americana colocar todo esse dinheiro em uma brasileira é bastante significativo.”

Ele afirma ainda que o setor da Gelnex tem caráter “praticamente inelástico”, não sendo muito afetada por crises como guerra da Ucrânia e tensão eleitoral.

A transação está sujeita às aprovações regulamentares habituais e está prevista para ser concluída no primeiro trimestre.

A saber,  a Darling teve oMorgan Stanley como consultor financeiro na transação, e a Gelnex foi assessorada pelo Santander.

Fonte: Estadão

Foto: Shutterstock

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