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Pandemia antecipa a ‘loja do futuro’

A loja do futuro veio através do comportamento do consumidor que acelerou transformação digital do varejo físico. Mais um legado da Covid-19

Sete meses de pandemia aceleraram a chegada da loja física do futuro: superconectada, digital e cheia de experiências.

Se a vida tivesse continuado seu curso normal, a expectativa de especialistas era de que essa nova loja viria, mas que somente ganharia força nos próximos três a cinco anos.

Mas, por conta da Covid-19, um grande número de brasileiros ficou isolado em casa e descobriu, então, que era possível comprar, sem susto, tudo pelo celular – do sabão em pó ao carro novo.

Então, essa mudança de comportamento obrigou a loja física a mudar já.

E o movimento é nítido sobretudo entre grandes varejistas, mas pega também supermercados  de bairro, que ganharam recentemente a preferência do consumidor.

“Aquela loja que abria as portas no shopping ou na rua à espera de compradores morreu”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra.

Ele explica que, com a rápida digitalização do consumidor, a loja física deixou de ser passiva, ela não para de trabalhar.

A equipe de vendedores vai atrás dos compradores nas redes sociais e, quando começa  a funcionar no horário comercial, já tem muitas conexões feitas com potenciais clientes.

Dessa maneira, a transformação da loja física conectada com o online vinha sendo discutida e implementada no varejo há algum tempo.

Depois do choque digital forçado provocado pelo isolamento social, “as pessoas não precisam mais ir à loja para comprar coisas, elas precisam querer ir. Isso muda tudo”, argumenta o, sócio-diretor da consultoria Gouvêa Malls, Luiz Alberto Marinho.

Tendências para lojas físicas que foram aceleradas pela pandemia

  1. Loja super conectada. Vendedores não param de trabalhar e, dessa forma, ativam os clientes pelas redes sociais. Quando a loja abre as portas em horário comercial, muitas conexões já foram feitas. A loja é ativa e o trânsito entre a loja física e a digital é uma via de duas mãos.
  2. Loja digitalizada e sem toque. Mesmo dentro da loja física, são usados muitos recursos digitais:
  3. Provador inteligente que sugere outros produtos; também é  possível solicitar outros tamanhos sem ter que interagir com o vendedor.
    – Fila virtual que avisa pelo celular qual o momento de voltar à loja para ser atendido.
    – Possibilidade de comprar itens que não estão disponíveis na loja física.
    – Caixas de autoatendimento reduzem filas para pagar.
    – Possibilidade de experimentar produtos, como itens de maquiagem, por exemplo, por meio de realidade virtual, como espelho inteligente da Lancôme.
  4. Loja viram minicentros de distribuição. A venda digital se aproveita da loja física para aumentar a sua capilaridade e ter mais agilidade nas entregas.
  5. Loja passa a ser um local de experiências para atrair clientes. As lojas físicas passam a oferecer serviços, como conserto de bicicletas ou espaço para trabalhar com internet ultrarrápida.
  6. Novas preferências consumidor. Comércio mais próximo de casa (localtivistas) é valorizado, assim como lojas menores, mais organizadas e com oferta de produtos que passaram por uma curadoria.
  7. Ambiente de loja estabilizador. Lojas com ambiente mais clean, com cenário que remeta à natureza, com muito verde e tons pastéis estão em alta.

Movimento ‘sem toque’ ganha força

Ainda sem vacina e sem remédio, a pandemia de Covid-19 acelerou, todavia, o movimento “sem toque” para a prova de produtos nas lojas físicas de varejo por causa do risco de contaminação.

Neste caso, o grande aliado para preencher essa lacuna é, portanto, o uso mais intenso da tecnologia.

A arquiteta e presidente do Retail Design Institute Brasil e professora da Escola Superior de Propaganda e Marketing ( ESPM), Anelise Campoi, lembra que a grande ferramenta tecnológica neste caso é de realidade aumentada, usada hoje na experimentação virtual de itens de maquiagem.

A Lancôme, marca de luxo da L’Oréal no Brasil, por exemplo, desenvolveu um espelho que permite experimentar a maquiagem utilizando a realidade virtual.

É possível encontrar desde o tom certo da base até a cor do batom que mais combina sem experimentar o  produto fisicamente, apenas escaneando a imagem do interessado.

O equipamento está disponível desde 2018 em 46 lojas espalhadas pelo País.

Outro conceito

Uma das lojas que usam esse espelho inteligente é a revenda de cosméticos Sephora.

“A pandemia acelerou o uso da realidade virtual no varejo”, afirma arquiteta especialista em design de lojas.

Ela ressalta também que a Covid-19 trouxe,  no entanto, novos comportamentos de consumo que os varejistas devem, todavia, levar em conta a partir  de agora na hora projetar as lojas físicas.

Além da loja física mais digitalizada e com maior oferta de experiências,  o consumidor que surgiu com a pandemia procura, dessa forma, um comércio mais estável e organizado, onde o risco de contaminação é menor.

Por isso, a especialista observa que lojas com uma curadoria de produtos são as preferidas.

Além disso, outra forte tendência de consumo neste momento, também, é o varejo local.

Como normalmente as lojas de bairro são menores, elas dão uma sensação também de mais segurança para o consumidor e ganharam  a sua preferência com a pandemia.

Foto: Shutterstock

Fonte: Estadão

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