A automedicação está diretamente relacionada com as fake news, quando se fala em saúde.
Uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) de 2013, em que 88% dos entrevistados colocaram a melhoria no setor dos cuidados com a saúde entre suas prioridades.
Junto de costumes como o sedentarismo, maus hábitos alimentares e descaso com consultas de rotina para check-ups, a automedicação está entre as práticas mais comuns no País.
O perigo de tomar remédios sem orientação médica, no entanto, é bastante grave, capaz de impactar seriamente não só na vida do paciente como em todo o sistema de saúde.
Automedicação
Uma pesquisa divulgada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) em 2019 apontou que 77% dos brasileiros fazem uso de automedicação.
Outro levantamento, no entanto, feito pelo Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ) mostrou que 79% dos brasileiros com mais de 16 anos tomam remédios sem prescrição médica.
Os dados, todavia, assustam organizações de saúde, especialmente em tempos de pandemia.
“A visão e opinião da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) é de que a automedicação não é recomendada. Quando falamos sobre remédios, as pessoas devem contatar os médicos, os hospitais, o site do Ministério da Saúde, para investigar a recomendação sanitária”, indica o diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis da OPAS, Marcos Espinal.
Apesar de parecer inofensiva, a automedicação é capaz de causar reações adversas ao organismo.
A simples combinação entre colírios e descongestionantes nasais pode gerar aumento de pressão.
Mulheres que fazem uso de anticoncepcional podem engravidar se ingerirem um antibiótico.
O uso prolongado de um anti-inflamatório não-hormonal pode causar hemorragia digestiva.
Os exemplos não param e vão desde alergias, intoxicação e, em casos mais graves, podem levar à morte.
O mais preocupante é que, muitas vezes, essas consequências só acontecem porque o indivíduo não buscou um médico antes de tomar a medicação.
As fake news
Dentro da questão cultural, por exemplo, a desinformação, a falta de confiança nos profissionais de saúde e a noção de que cada pessoa sabe o que é melhor para a própria saúde ganharam um enorme combustível na última década: as fake news.
Já famosas em tópicos como política, economia e cultura, as notícias falsas entraram de cabeça no universo da saúde com a pandemia da Covid-19.
Entre as mais famosas em grupos da internet, estavam também as falsas informações de que o vírus teria sido fabricado em um laboratório na China e de que a doença sequer existia.
No entanto, a desinformação sempre esteve presente quando o assunto é saúde.
Tradições familiares e tratamentos alternativos, por exemplo, quase sempre bem intencionados.
Foram, assim, os primeiros a desafiar a ciência e serem espalhados como opções que pudessem substituir indicações médicas.
Hoje, há ainda, grupos organizados, como o movimento anti-vacina, militam contra evidências científicas e profissionais de saúde, fortalecendo ainda mais a descrença na ciência.
O que dizem os especialistas
Cautela. “É preciso primeiro verificar que tipo de terapia está falando. No caso da ozonioterapia, não é alternativa, porque não é uma coisa que pode se usar a exemplo de uma homeopatia, que não tem comprovação científica, mas é aprovada pelo CFM ou acupuntura, que tem comprovação e aprovação do conselho. A terapia com ozônio não é nem reconhecida, portanto é considerada charlatanismo”, pondera o professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Arnaldo Lichtenstein.
Em sua fala ele faz referência a um tratamento que ganhou visibilidade durante a pandemia depois que o prefeito de Itajaí (SC), Volnei Morastoni (MDB), anunciou que a cidade faria parte de um estudo para avaliar a eficácia da ozonioterapia pela via retal no tratamento da Covid-19.
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Fonte: Terra