A Eli Lilly do Brasil pode ser considerada uma referência no compromisso global que envolve o desenvolvimento e a valorização da mulher no mercado profissional. Só no Brasil, a presença feminina representa mais da metade do time de liderança de toda a afiliada (52%), com destaque para a diretoria, representada por um maior número de mulheres e sob a presidência de Karla Alcazar no cargo mais alto.
A primeira mulher a ocupar o cargo mais alto na Lilly Brasil assumiu as funções no primeiro trimestre de 2018. Em menos de um ano, a executiva conduziu a empresa a um crescimento de 17% nas vendas líquidas, praticamente 70% maior que a média de outros players do mercado no País e mais que o dobro (7%) registrado globalmente pela própria Lilly.
Com 36 anos de idade, Karla acumula 13 anos de experiência na Eli Lilly, período em que comandou, nos Estados Unidos e no México, áreas estratégicas, como marketing, vendas e marca global.
Primeira executiva a comandar as operações no Brasil, assumiu o posto de presidente em um período de lançamentos importantes e tem a missão de transformar a afiliada brasileira.
Para a executiva, que concedeu uma entrevista exclusiva ao Guia da Farmácia, reconhecer o valor e a importância da diversidade pode ser mais um caminho para incrementar os negócios e ajudar os pacientes. Acompanhe o bate-papo!
Guia da Farmácia • Qual é a importância do Brasil, hoje, para os negócios da companhia?
Karla Alcazar • O Brasil é muito importante e de fato temos como objetivo fazer com que ele seja o primeiro mercado da América Latina, o maior país em vendas na América Latina. E não só isso, o Brasil é considerado um dos 12 mercados mundiais da Lilly, então, nosso compromisso não é só com o hoje, mas também com o amanhã e, neste ano, estamos tendo o maior número de lançamentos da nossa história, quatro lançamentos no mesmo ano para o Brasil, fato que faz com que os resultados aconteçam.
Ano passado, fechamos crescendo 17%, que é um pouco mais que o dobro da média do mercado, e este ano também queremos crescer acima do mercado que vai estar entre 8% e 9% e nós vamos atingir 12% a 13%.
Guia • Como é possível fazer com que o Brasil se consolide como o principal mercado da América latina?
Karla • A chave serão os lançamentos. Nos últimos dois anos, temos tido dez lançamentos ao ano, então a chave para nós vai ser consolidar estes lançamentos, fazendo com que cresçam, que cheguem aos pacientes e que, no Brasil, as pessoas tenham um acesso correto.
Guia • Quais são as áreas atendidas que estão dentro do escopo desses lançamentos? Diabetes, oncologia, dor e enxaqueca continuam no rol de maior interesse da Eli Lilly?
Karla • Acho que vai ser uma combinação entre nossa história que é diabetes, então diabetes continuará sendo um pilar muito importante para o nosso futuro. Temos imunologia, em que estamos lançando vários produtos; oncologia, em que estamos tendo muitos investimentos.
Ano passado, anunciamos a compra de uma companhia nova, chamada Loxo Oncology, para fazer nossa linha de produtos de oncologia num futuro maior; e a quarta seria neurodegeneração, atuando em dor. Essas são as áreas terapêuticas onde estamos trabalhando, e nosso investimento em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) tem sido consistente durante os anos, tanto que, hoje, estamos completando o objetivo que começou há quatro anos, de lançar 20 produtos em dez anos. A estratégia de estarmos focados na inovação e na melhoria da vida dos pacientes está dando certo.
Guia • Como a Eli Lilly pesquisa onde estão as principais demandas da saúde?
Karla • Nós analisamos obviamente as tendências, onde estão o maior número de necessidades não atendidas para os pacientes e onde podemos melhorar a vida deles.
A missão da companhia é unir P&D para melhorar a vida das pessoas, então onde vemos que temos ainda muitas necessidades não atendidas é onde temos tido presença. Diabetes, que faz parte da nossa história, e temos tido muita presença em câncer de mama metastático, com o lançamento de um novo produto, recentemente.
Guia • De que forma uma liderança feminina pode estar impactando nos resultados da companhia?
Karla • Para nós, a diversidade e a inclusão é um pilar-chave. Um dos valores, além da integridade e da excelência, é o respeito pelas pessoas, então vivemos isto no nosso dia a dia.
Mais da metade de nossa diretoria está formada por mulheres e tenho estado ao comando da companhia no Brasil há 18 meses aproximadamente e sem dúvidas, a diversidade de opiniões ajuda muito os resultados.
Temos um balanço importante entre pessoas com muito tempo de casa e também os millenials, que vêm trazer novas formas de operar, novas formas de pensar, isto, certamente, ajuda nos resultados.
Guia • Isso aconteceu de uma forma natural ou vocês buscam perfis femininos no mercado?
Karla • Temos dentro de nosso DNA o desenvolvimento de talentos e isto pode ser de qualquer raça, de qualquer gênero, de qualquer tipo de pensamento, pois acreditamos que a diversidade de opiniões, certamente, gera inovação e resultados.
Guia • De que forma a Eli Lilly se relaciona com o varejo farmacêutico?
Karla • Quando falamos em cliente, são as pessoas que vão tomar nosso medicamento e, certamente, farmacêuticos e balconistas são parte muito importante para o acesso.
Somos uma das maiores companhias para diabetes, então, certamente, os farmacêuticos e balconistas têm muito contato com nossos produtos e precisam saber que estão melhorando a vida das pessoas.
Hoje, temos muitos milhões de pacientes com diabetes sem controle e conhecer a fundo os medicamentos que os médicos prescrevem é muito importante.
Guia • Qual o caminho para aumentar o acesso e a adesão ao tratamento desses milhares de pacientes diabéticos sem controle?
Karla • Nós temos vários serviços que oferecemos aos pacientes nessa jornada de tratamento. Para medicamentos, como imunologia e oncologia, por exemplo, temos programas de educação em que educadoras estão ali, sempre presentes para responder qualquer pergunta, até lembrá-los do porquê é importante seguir o tratamento e como gerenciar seu medicamento.
Temos medicamentos refrigerados ou secos, como gerenciar isso? Há a orientação correta, então temos outros serviços ao redor do medicamento e não somente a venda; além da inovação constante.
Outro exemplo, temos transformado medicamentos oncológicos, que no passado eram injetáveis e agora são orais, para facilitar a vida dos pacientes. Antes tínhamos tratamentos diários, agora estamos lançando, em algumas categorias, tratamentos semanais, que fazem a vida dos pacientes melhor.
Guia • Qual o grande desafio para a indústria farmacêutica como um todo aqui no Brasil? Onde ainda precisamos avançar?
Karla • Acho que a união de toda a cadeia, para beneficiar o paciente. Temos de contribuir muito para a educação médica, porque a inovação é muito rápida, então precisamos manter eles atualizados, isto é um desafio.
Temos de investir muito em programas de apoio ao paciente, para que ele fique no tratamento, e entenda por que tem de se aderir e depois ter o produto disponível nas farmácias.