Pílulas da MSD e Pfizer contra covid-19: o que se sabe sobre os remédios

Farmacêuticas anunciaram que seus medicamentos contra a Covid-19 reduziram hospitalizações e mortes pela doença em estudos preliminares

As empresas farmacêuticas americanas Merck Sharp and Dohme (MSD) e Pfizer anunciaram resultados animadores para os primeiros tratamentos com remédios orais contra a Covid-19.

Enquanto um antidepressivo também mostrou sinais promissores, o que pode abrir um novo capítulo na luta contra a pandemia.

Apesar das expectativas em relação aos remédios para tratamento da doença, ele ainda não está disponível na maior parte do mundo, inclusive no Brasil.

A saber, os medicamentos não substituem as vacinas contra Covid-19, já que são utilizados em momentos distintos. Os dois métodos são importantes e complementares. 

O diretor da Pfizer, Albert Bourla, diz que o remédio e a vacina não são equivalentes — um não substitui o outro.

“O fato de termos um tratamento não é de jeito nenhum razão para não tomarmos a vacina. Na verdade, devemos tomar a vacina. Infelizmente, alguns contrairão a doença. O comprimido é justamente para esses casos”, explicou Bourla.

O que se sabe sobre os remédios da Merck e Pfizer:

O que são esses tratamentos com remédios para combater a Covid-19?

Fala-se em tratamentos orais, pílulas, ou comprimidos, que seriam administrados assim que surgissem os primeiros sintomas da Covid-19, com o objetivo de evitar formas graves da doença e, portanto, a hospitalização.

Após meses de pesquisas, duas gigantes farmacêuticas americanas acabam de anunciar que conseguiram fazer isso:

A MSD, no início de outubro, com o molnupiravir; e a Pfizer, na sexta-feira (5), com o paxlovid.

Trata-se de antivirais que atuam reduzindo a capacidade de replicação do vírus, desacelerando a doença.

Ambas as empresas relatam uma forte redução nas hospitalizações entre os pacientes que fizeram seus tratamentos – pela metade, para o molnupiravir, e quase 90%, para o paxlovid.

Embora comparações diretas sobre a eficácia não sejam possíveis, devido aos diferentes protocolos de estudo.

Em paralelo, um antidepressivo que já é de domínio público, a fluvoxamina, apresentou resultados animadores na prevenção de formas graves da Covid-19, de acordo com um estudo publicado em outubro por pesquisadores brasileiros na revista Lancet Global Health.

Por que é importante?

Caso se confirme que essas drogas são eficazes, será um grande passo à frente no combate à Covid-19, porque complementariam, mas não substituiriam, a vacinação no arsenal terapêutico contra o vírus.

Embora já existam tratamentos – principalmente na forma de anticorpos sintéticos -, eles são medicamentos para pacientes que já sofrem formas graves da doença, além de serem injetados por via intravenosa, portanto, complexos de administrar.

Já uma pílula, ou comprimido, pode ser rapidamente prescrito ao paciente, que pode tomá-lo em casa. Os tratamentos da MSD e da Pfizer, que também teriam poucos efeitos colaterais, preveem dez doses em cinco dias.

“O sucesso desses antivirais abre, potencialmente, uma nova era em nossa capacidade de prevenir as consequências graves da infecção por SARS-Cov2”, disse o virologista britânico no Science Media Center, Stephen Griffin.

Quais são as limitações desses remédios no combate à Covid-19?

Continua difícil avaliar o interesse dos tratamentos da MSD e da Pfizer, já que os dois grupos até agora publicaram apenas comunicados à imprensa, sem dar detalhes de seus ensaios clínicos.

Nesse sentido, esses anúncios devem ser “tomados com cautela” até que os estudos estejam disponíveis, observou em setembro a especialista francesa em doenças infecciosas Karine Lacombe, enfatizando que esses tratamentos representam um mercado “potencialmente enorme” para os fabricantes.

Ainda assim, há claros indícios de que MSD e Pfizer não estão fazendo promessas vazias.

Já em relação à fluvoxamina, embora o estudo seja acessível a todos, não é isento de críticas.

Vários pesquisadores lamentam que os autores não tenham avaliado unicamente a frequência de hospitalizações, mas também a frequência de estadas prolongadas nos serviços de emergênci.

O que dificulta, portanto, a interpretação dos dados.

Fonte: Exame

Foto: Shutterstock

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