Por que os farmacêuticos são estratégicos na vacinação contra a Covid-19?

Muitas farmácias já se adaptaram para a prestação de serviços de vacinação e dispõem de condições adequadas para o enfrentamento desta crise sanitária

Tem sido estratégico o papel dos farmacêuticos na pandemia, tanto que o Ministério da Saúde (MS) incluiu os farmacêuticos no grupo prioritário para receber a vacina na fase 1.

Afinal, eles estão envolvidos na pesquisa de vacinas e de medicamentos; vem trabalhando dobrado na indústria e na logística para suprir os serviços de saúde; deram suporte ao funcionamento das 90 mil farmácias, mesmo durante o isolamento social, e realizaram mais de 1,4 milhão de testes de Covid-19 nesses estabelecimentos.

Também garantem a realização de exames nos laboratórios de análises clínicas, de apoiar o atendimento nos hospitais e de também assegurar a qualidade da assistência à saúde, na vigilância sanitária.

Sem contar a sua participação decisiva para a chegada da vacina ao Brasil.

Farmacêuticos e a relação com a vacinação

Os farmacêuticos detêm como atribuição privativa a responsabilidade técnica pela produção desses medicamentos no país, integrando as equipes da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Instituto Butantan e tantos outros centros de pesquisa que atuaram nos estudos clínicos.

Também se destacaram no processo de autorização no uso emergencial pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), concluído num tempo recorde de nove dias.

E estarão lá, a postos, para avaliar, certificar e autorizar os próximos lotes seja de forma emergencial ou definitiva. 

“Agora, podem e devem ser aliados também na vacinação”, comenta o presidente do Conselho Federal de Farmácia (CFF), Walter Jorge João.

Aptas a vacinar

Em 2014, por força da Lei nº 13.021, farmácias de qualquer natureza foram autorizadas a dispor de soros e vacinas para atendimento imediato à população.

E as condições para que a vacinação seja realizada nesses estabelecimentos estão regulamentadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde dezembro de 2017, por meio da RDC nº 197.

A saber, antes mesmo da publicação da lei e da norma específicas, as farmácias já eram autorizadas a dispensar medicamentos que exigem condições especiais de conservação e realizar a aplicação de injetáveis.

Prestadora de serviço

Muitas farmácias já se adaptaram para a prestação de serviços de vacinação.

E dispõem, sim, de condições adequadas para o enfrentamento desta crise sanitária.

Nas grandes redes, de acordo com a entidade que congrega os estabelecimentos desse segmento, são 4.573 unidades com salas de imunização e 6.860 farmacêuticos vacinadores.

Com capacidade ainda de aplicar mais de 2 milhões de doses por semana, seguindo todos os critérios de segurança contra a Covid-19.

Farmácias independentes

O número pode ser ainda maior, considerando também as farmácias independentes, e que, em breve, mais farmacêuticos serão preparados para prestar esses serviços, por meio de curso que será oferecido pelo CFF, gratuitamente.

“Vemos com preocupação a linha de raciocínio de alguns especialistas, que insistem em concentrar as vacinas em postos de saúde para, por exemplo, reduzir o esforço logístico”, pondera o presidente do CFF.

Ainda de acordo com Walter Jorge João, a Rede de Atenção Primária é, sim, um grande patrimônio da saúde pública no Brasil, mas não tem conseguido absorver a demanda durante as campanhas.

“Basta lembrar as enormes filas que se formaram durante a imunização contra a Influenza no ano passado, mesmo em cidades com rede de saúde mais estruturada”, observa.

Certamente contribuíram para a disseminação da Covid-19, a aglomeração de idosos e demais integrantes dos grupos prioritários nas portas das unidades de saúde.

Bem como as constantes idas e vindas aos postos de vacinação por causa dos episódios de desabastecimento, que obrigaram repetidos deslocamentos das pessoas.

Esses fatos foram amplamente divulgados na imprensa e toda a ajuda para evitá-los somente pode ser considerada bem-vinda.

Farmacêuticos engajados na vacinação 

Distribuir as vacinas para que farmácias espalhadas pelo Brasil apliquem em quem estiver na ordem para tomá-las naquele momento pode ser feito e é uma iniciativa fantástica”, destaca Walter Jorge João.

A cooperação das farmácias com a saúde pública na vacinação contra a Covid-19 está ocorrendo nos Estados Unidos, Irlanda e Reino Unido, devendo ser iniciada também na Dinamarca.

No Brasil, o profissional da saúde de nível superior está legalmente respaldado a atuar dentro das farmácias, também conforme a Lei nº 13.021/2014, é o farmacêutico.

Campanha da gripe teve atuação nas farmácias com ótimos resultados

Influenza Na última campanha contra a influenza, as farmácias foram postos de vacinação em diversos lugares do país, ajudando a evitar aglomerações. A adesão ocorreu nos estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul e nas cidades de Campo Grande (MS) e São Paulo (SP).

Na capital gaúcha, Porto Alegre, um quinto praticamente das mais de 700 mil doses utilizadas foram aplicadas por farmacêuticos em farmácias privadas.

Em Campo Grande, mais de 26 mil das 231 mil doses da vacina antigripe foram administradas em farmácias, o que correspondeu a 11,5% do total.

Campanha do Dia Nacional do Farmacêutico

O CFF está divulgando desde o dia 11/01, é continuação de uma ação de marketing que começou por conta do Dia Internacional do Farmacêutico, 25 de setembro.

A campanha busca estimular o reconhecimento aos 220 mil profissionais em atuação no país pela sua importante contribuição à saúde pública na pandemia de Covid-19.

O lançamento ocorreu durante uma ação no programa Encontro, da Rede Globo, com entrevista do presidente da entidade, Walter Jorge João, à apresentadora Patrícia Poeta.

História das farmácias e atuação dos farmacêuticos na vacinação

A Farmácia está historicamente vinculada às vacinas.

Mas um dos farmacêuticos brasileiros mais representativos nessa área é Rodolfo Marcos Teófilo.

Graduado pela Faculdade de Medicina da Bahia em 1875 e radicado no estado do Ceará, ele enfrentou duas epidemias de varíola, que vitimaram milhares de pessoas em Fortaleza e cidades do interior cearense, no final do século XIX e início do século XX.

Em 1862, Rodolfo Marcos Teófilo aprendeu as técnicas de produção da vacina e, em 1901, passou a imunizar a população, sem qualquer apoio do poder público.

Contando, assim, com apenas com ajuda da sua esposa e de um auxiliar, promoveu a vacinação em massa pelos bairros pobres de Fortaleza até 1903.

Fonte e foto: CFF

 

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