Casos de doença de Alzheimer podem quadruplicar no País

A falta de um Plano Nacional de Demência, com políticas consistentes em saúde pública, ameaça quadruplicar os números de diagnosticados em três décadas

A cada 3 segundos, há no mundo um novo diagnóstico de demência. Mais da metade, especificamente seis em cada dez, é da Doença de Alzheimer.

Em média, há um crescimento de 10 milhões ao ano no mundo. Seis milhões, em Alzheimer.

No Brasil, temos 1,5 milhão de pessoas vivendo com demência. A estimativa é que o número quadruplique nas três décadas futuras.

Os dados são assustadores, é verdade. Só que não retratam a realidade. Falamos apenas de indicadores oficiais.

Entretanto, existe grande subnotificação, conforme médicos, gestores e demais especialistas.

Incidências

A demência é uma das causas mais comuns de incapacidade e dependência entre as pessoas idosas.

Além da questão humana, do sofrimento de familiares, amigos e do doente, existe um grave impacto global.

Em 2018, os custos em cuidados e tratamento ficou na ordem de US$ 1 trilhão.

Portanto, estima-se que daqui dez anos chegará a US$ 2 trilhões.

É mais do que o Produto Interno Bruto do Brasil, hoje em cerca US$ 1,7 trilhão.

 A Doença de Alzheimer atinge, em geral, pessoas mais idosas e provoca a degeneração das células cerebrais, resultando na perda de memória e das funções cognitivas.

Apenas 7,13% dos casos mundiais de Alzheimer se dão abaixo dos 65 anos.

Entre os que estão na casa dos 85 anos ou mais, 35% tem a doença.  

Informação é tudo

Em relatório mundial da Doença de Alzheimer, divulgado pela Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz), destaca-se, contudo, estudo da Escola de Economia e Ciências Políticas de Londres com cerca de 70 mil pessoas de mais de 100 países diferentes.

Ele constata que a desinformação da população em relação à demência de forma geral é alarmante: dois terços dos entrevistados acreditam que a demência é normal e faz parte da velhice.

A falta de orientação sobre o tema prejudica o diagnóstico precoce e tratamento adequado.

Mais conhecimentos

Os neurologistas do País, por meio da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), defendem a criação de um Plano Nacional de Demência, com políticas consistentes em saúde pública, garantindo tratamentos e assistência social às famílias de pacientes com demência, divulgando ininterruptamente campanhas de esclarecimento e, assim, prevenindo o aumento dos casos.

Tudo com a participação de instituições de saúde, do poder público e do conjunto da sociedade.

É exatamente isso que ao Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza para todo o planeta.

Desse modo, um elemento relevante em um plano de demência é apoiar cuidadores.

A OMS, inclusive criou o iSupport, programa de treinamento online que, mais do que ajudar na capacitação, informa como lidar com mudanças de comportamento e cuidar da própria saúde.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, argumenta que toda atenção é pouca neste momento em que os índices de demência estão prestes a explodir e o mundo ainda enfrenta a pandemia da Covid-19.

As evidências científicas confirmam que o que é bom para o coração também é bom para nosso cérebro”, diz ele.

Cautela

A prevenção da Doença de Alzheimer pode começar por essa linha.

De acordo com Jerusa Smid, coordenadora do Departamento Científico (DC) de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da ABN, “a atividade física é indispensável do ponto de vista de prevenção, inclusive na faixa etária mais idosa. Além disso, a questão da poluição também é um dos novos fatores modificáveis”, pondera.

“Os fatores de risco cardiovasculares também podem interferir na evolução de demências, assim como os distúrbios de sono”, conclui.

Por outro lado, vale registrar, também, que existem alguns tratamentos e métodos de reabilitação cognitiva.

Mas, para o diagnóstico há esperança de que seja descoberto um marcador biológico com assertividade no diagnóstico à Doença de Alzheimer.

Ainda não o temos. Porém, estudos publicados recentemente na revista JAMA apontam ser viável identificar a doença de Alzheimer através de um exame de sangue.

O biomarcador (o fosfo-tau 127) diagnosticaria a taxa dessa proteína no sangue vinte anos antes do começo do comprometimento das funções cognitivas.

Entretanto, só mais testes dirão se realmente será eficaz para distinguir o Alzheimer de outros tipos de demência.

Foto: Shutterstock

Fonte: Acontece Comunicação e Notícias

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