Sanofi obtém sucesso em teste em animais para vacina contra Covid-19

Os ensaios clínicos da vacina da Sanofi e da Translate Bio contra a Covid-19 caminham para começar antes do final do ano

A Sanofi e a Translate Bio informaram em um comunicado, no 15 de Outubro, que os resultados dos testes pré-clínicos mostraram que duas doses da vacina contra a Covid-19, a MRT5500, induziram uma resposta imunológica “favorável” em camundongos e macacos.

Todavia, ainda não existe uma vacina aprovada internacionalmente para proteger contra a Covid-19.

Infecção que matou mais de 1 milhão de pessoas em todo o mundo e desencadeou o caos econômico.

Porém, mais de 40 fabricantes de medicamentos e grupos de pesquisa estão, dessa maneira, conduzindo testes em humanos para desenvolver vacinas, dentre os quais sete avançaram para os estágios avançados.

A descoberta é semelhante à divulgada em agosto pela Translate Bio, que, na época, afirmou que pretendia lançar testes clínicos em novembro.

As empresas confirmaram que um ensaio de Fase 1/2 em humanos começaria no quarto trimestre para testar a segurança e determinar a dosagem antes de um possível ensaio avançado de Fase 3, a última antes do registro da vacina junto a autoridades regulatórias.

As empresas não forneceram uma data de início precisa.

Quem terá prioridade para tomar a vacina?

Um grupo de especialistas nos Estados Unidos, divulgou, em setembro, uma lista de recomendações que podem dar uma luz a como deve acontecer a campanha de vacinação.

De acordo com o relatório dos especialistas americanos (ainda em rascunho), na primeira fase deverão ser vacinados profissionais de alto risco na área da saúde e socorristas

E, por fim, pessoas de todas as idades com problemas prévios de saúde e condições que, assim, as coloquem em alto risco e idosos que morem em locais lotados.

Na segunda fase, a vacinação deve ocorrer em trabalhadores essenciais com alto risco de exposição à doença.

Como por exemplo, professores e demais profissionais da área de educação, pessoas com doenças prévias de risco médio, adultos mais velhos não inclusos na primeira fase.

Pessoas em situação de rua que passam as noites em abrigos, indivíduos em prisões e profissionais que atuam nas áreas também se incluem nesta fase.

A terceira fase deve ter como foco jovens, crianças e trabalhadores essenciais que não foram incluídos nas duas primeiras. É somente na quarta e última fase que toda a população será vacinada.

De acordo com uma pesquisa publicada no jornal científico American Journal of Preventive Medicine uma vacina precisa ter 80% de eficácia para colocar um ponto final à pandemia.

Para evitar que outras aconteçam, a prevenção precisa ser 70% eficaz.

Taxa de proteção

Uma vacina com uma taxa de eficácia menor, de 60% a 80% pode, inclusive, reduzir a necessidade por outras medidas para evitar a transmissão do vírus, como o distanciamento social. 

Isso porque a eficácia de uma vacina é diretamente proporcional à quantidade de pessoas que a tomam.

Ou seja, se 75% da população for vacinada, a proteção precisa ser 70% capaz de prevenir uma infecção para evitar futuras pandemias e 80% eficaz para acabar com o surto de uma doença.

As perspectivas mudam se apenas 60% das pessoas receberem a vacinação, e a eficácia precisa ser de 100% para conseguir acabar com uma pandemia que já estiver acontecendo — como a da covid-19.

Isso indica que a vida pode não voltar ao “normal” assim que, finalmente, uma vacina passar por todas as fases de testes clínicos.

E, se for aprovada, pode demorar até que 75% da população mundial esteja vacinada.

Os tipos de vacinas disponíveis

Alguns tipos de vacina têm sido testados para a luta contra o vírus.

Uma delas é a de vírus inativado, que consiste, todavia, em uma fabricação menos forte em termos de resposta imunológica, uma vez que nosso sistema imune responde melhor ao vírus ativo.

Por isso, vacinas do tipo têm um tempo de duração um pouco menor do que o restante.

E a proteção?

Geralmente, uma pessoa que recebe essa proteção precisa de outras doses para se tornar realmente imune às doenças.

É o caso, por exemplo, da Vacina Tríplice (DPT), contra difteria, coqueluche e tétano.

A vacina da Sinovac, também segue esse padrão.

Todavia, outro tipo de vacina é a de Oxford, feita com base em adenovírus de chimpanzés (grupo de vírus que causam problemas respiratórios), e contendo espículas do novo coronavírus.

Dessa forma, as outras vacinas em fases clínicas já avançadas também são baseadas em espículas, mas apresentadas em forma de RNA mensageiro, como as da Pfizer e da Moderna.

Como estão as 9 potenciais, além da Vacina da Sanofi?

Sinovac Biotech

A vacina chinesa que começou os testes em fase 3 no Brasil pretende fabricar até 100 milhões de doses anuais.

Por aqui, 9 mil profissionais da área da saúde receberão a vacina.

Sinopharm (Wuhan e Pequim)

A vacina com base em vírus inativado, que se mostrou, assim, capaz de produzir resposta imune ao vírus, começou as fases 3 de testes neste mês nos Emirados Árabes Unidos.

Cerca de 15 mil voluntários participaram do período de testes e a empresa chinesa acredita, então, que a opção estará disponível para o público já no final do ano.

Oxford e AstraZeneca

Os resultados preliminares das fases 1 e 2 da vacina com mais de mil pessoas mostraram que ela foi capaz de induzir uma resposta imune à doença.

As fases dois (que ainda está ocorrendo no Reino Unido) e três de testes (acontecendo no Reino Unido, Brasil e África do Sul) devem garantir a eficácia completa dela.

A opção é tida como a mais promissora pela OMS.

Moderna

A empresa americana iniciou última fase de testes de sua vacina baseada no RNA mensageiro no dia 27 de julho.

O teste vai incluir 30 mil pessoas nos Estados Unidos e o governo investiu pesado: cerca de 1 bilhão de dólares para apoiar a pesquisa.

A expectativa é produzir 500 milhões de doses por ano.

Pfizer e BioNTech

A vacina também está na fase três de testes e também usa o RNA mensageiro, que tem como objetivo produzir as proteínas antivirais no corpo do indivíduo.

A expectativa é testar a vacina em cerca de 30.000 voluntários com idades entre 18 e 85 anos no mundo.

Desse total, 1.000 serão testados no Brasil.

Se tudo der certo, a expectativa é que a eficácia da vacina seja comprovada até o outubro.

A empresa espera produzir até 100 milhões de doses até o fim do ano.

Outras 1,3 bilhão de doses podem ser fabricadas no ano que vem.

Instituto Gamaleya

Em 11 de agosto a Rússia registrou a primeira vacina do mundo contra a Covid-19.

A vacina russa é baseada no adenovírus humano fundido com a espícula de proteína em formato de coroa que dá nome ao coronavírus.

E é, então, por meio dessa espícula de proteína que o vírus se prende às células humanas e injeta seu material genético para se replicar até causar a apoptose, a morte celular, e, então, partir para a próxima vítima.

O país anunciou que o primeiro lote de sua vacina, a “Sputnik V”, estará disponível já neste mês.

Pesquisa aponta que uma vacina precisa ter 80% de eficácia para colocar um ponto final à pandemia

CanSino

A vacina chinesa usa um vírus inofensivo do resfriado conhecido como adenovírus de tipo 5 (Ad5) para transportar material genético do coronavírus para o corpo.

De acordo com a companhia, conseguiu induzir uma resposta imune nos indivíduos que foram testados.

No começo de agosto, a China concedeu, assim, a primeira patente da vacina.

Janssen Pharmaceutical Companies

A vacina, em parceria com a gigante Johnson & Johnson conseguiu induzir imunidade robusta em testes pré-clínicos.

A tecnologia usada para a produção dela é a mesma utilizada no desenvolvimento da vacina do Ebola, que inclui o uso do vírus inativado da gripe comum, incapaz de ser replicado.

Quais são as fases de uma vacina?

Para uma vacina ou medicação ser aprovada e distribuída, ela precisa passar por três fases de testes.

A fase 1 é a inicial, quando as empresas tentam comprovar a segurança de seus medicamentos em seres humanos.

A segunda é a fase que tenta estabelecer que a vacina ou o remédio produz, sim, imunidade contra um vírus.

Já a fase 3 é a última fase do estudo e tenta demonstrar a eficácia da droga.

Uma vacina é finalmente disponibilizada para a população quando essa fase é finalizada.

E a proteção, enfim, recebe um registro sanitário.

Por fim, na fase 4, a vacina ou o remédio é disponibilizado para a população.

A proteção continua

Com isso, as medidas de proteção, como o uso de máscaras, e o distanciamento social ainda precisam ser mantidas.

A verdadeira comemoração sobre a criação de uma vacina deve ficar para o futuro.

Quando soubermos, então, que a imunidade protetora realmente é desenvolvida após a aplicação de uma vacina.

Até o momento, nenhuma situação do tipo aconteceu.

 

Fonte: Exame

Foto: Shutterstock

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